As soluções da favela em tempos de pandemia

O país passa pela necessidade urgente de uma agenda pública de inclusão, cuidado e melhora econômica.

Escrito por Redação ,
Foto: Divulgação

A CUFA tem promovido diálogo com os mais diversos setores da sociedade para junto com a favela possamos construir uma plataforma de inteligência e competências para produzir soluções para quem mais
precisa.

Na sexta-feira, 8 de outubro, promovemos mais um diálogo nesse rumo. Recebemos na favela de Heliópolis, em São Paulo, o empresário Abilio Diniz, fundador do maior grupo varejista do País, o Pão de Açúcar, e
Presidente do Conselho de Administração da Península Participações. Junto com ele, estava sua filha Ana Maria Diniz e sua esposa Geyze Diniz, para conhecer de perto e na ponta o que estamos realizando na favela.

Também recebemos Gabriella Marques, da União São Paulo, um dos parceiros que vêm ajudando muito nas ações da CUFA São Paulo durante a pandemia e na ação CUFA contra o vírus.

No primeiro momento, nosso presidente da CUFA SP, Marcivan Barreto, apresentou as experiências de governança no território, as dificuldades e estratégias de superação das mesmas. Uma das iniciativas que estamos desenvolvendo é de ressiginficar espaços de uso público e comunitário, como a quadra multiuso que foi reformadas numa parceria CUFA e Space Jam, fazendo parte da nossa dinâmica para a reestruturação de espaços de uso público em parceria com o setor privado.

A dimensão do público como direito

Existem espaços nas favelas de todo o País que podem ser facilmente incorporados a esta lógica de fortalecimento das lideranças e projeto locais, e o mais importante, a gestão por parte dos usuários do
equipamento, que fortalece a ideia de que o que é publico nos pertence.

Diante da problemática da fome, que foi agravada pela pandemia, apresentamos nossa proposta de um projeto de segurança alimentar, a Cozinha Mover Helipa, que além de arrecadar e fornecer alimentos às famílias e pessoas que vivem em extrema pobreza nas favelas e ruas do estado de São Paulo, executam assistência as mulheres mães para enfrentar a pobreza menstrual, apoio a maternidade solo e qualificação nas áreas de gastronomia e formação de lideranças. Detalhe, isso tudo se dá debaixo de um viaduto. Ou seja, mais um espaço ressignificado e utilizado coletivamente.

Ao final do encontro, fomos até a laje para apresentar um dos nossos centros de inteligência, gestão e logística, quem faz parte da rede CUFA e de lá onde articulamos e apoiamos mais de 600 favelas no estado de São Paulo. Vale ressaltar que os processo na sua maioria são liderados por mulheres, muitas delas que passaram de atendidas a líderes ações.

Apresentamos os números e o impacto social que as campanhas de doação têm gerado, o mapeamento e a transparência adotados pela organização e que princípios regem o complieance da favela.

A favela no protagonismo e na parceria

O pais não vai sair do buraco onde estamos com um setor da sociedade se auto proclamando o monopólio do bem, só vamos produzir soluções, conectandos lideranças, unindo competências, aproximando experiências exitosas e acima de tudo, levando as soluções que a favela produz para a cena pública.

Muitas vezes quando se pensa em favela, se pensa como carência e problemas, o que é um erro, já que estes território esta produzindo soluções para além da sobrevivência.

A posição da favela sempre é de escuta ou, muitas vezes quando participa, é de ser coadjuvante da própria história. Agora as posições se invertem e a favela evoluiu. Estamos escrevendo nossa própria história e dirigindo nosso próprio destino como protagonista da revolução que acreditamos.

A palavras de Abílio ao final resumiram bem este espírito do encontro: “Hoje foi um dia de aprendizado para mim, ao caminhar na favelas, ouvir as lideranças daqui. Vocês são lideranças fundamentais para mudar o
Brasil, contem comigo”.

A Cufa está sempre à disposição para um diálogo das lideranças das favelas com as do asfalto, pois, só assim, juntando as inteligências e competências, podemos construir uma agenda comum de um Brasil diferente, mais justo, inclusivo e democrático.

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.