Por que 100% das multinacionais cobram ESG dos fornecedores, mas 35% das empresas brasileiras não?

Escrito por
Bruna Damasceno bruna.damasceno@svm.com.br
Legenda: A falta de investimento ainda limita a consolidação da agenda ESG nas empresas brasileiras.
Foto: Shutterstock

Todas (100%) as multinacionais exigem a adoção de critérios ESG na contratação de fornecedores, enquanto apenas 65% das empresas brasileiras fazem essa cobrança. O dado é da Pesquisa Firjan ESG 2025, realizada com 130 companhias no estado do Rio de Janeiro.

De acordo com o estudo, as empresas com atuação internacional apresentam maior maturidade e avanço na agenda ESG. Já as companhias de atuação local concentram seus esforços principalmente na estruturação interna das práticas de sustentabilidade e não na exigência de critérios junto à cadeia de fornecedores.

Entre os principais fatores que explicam essa diferença está a limitação financeira das micro e pequenas empresas, que apontam a falta de recursos e de investimentos como o maior obstáculo para desenvolver e exigir práticas ESG de seus parceiros.

As multinacionais, por sua vez, enfrentam o desafio oposto: encontrar fornecedores qualificados para atender às exigências ambientais, sociais e de governança.

A pesquisa também revela uma mudança no principal entrave à aplicação da agenda ESG no País. Em 2024, o maior desafio era a falta de conhecimento sobre o tema. Em 2025, passou a ser a escassez de recursos financeiros. 

Apesar do avanço no entendimento e na adoção das práticas, a falta de investimento ainda limita a consolidação da agenda ESG nas empresas brasileiras, principalmente as de menor porte.  

Veja os principais resultados da pesquisa:

  • 96,1% das empresas adotam práticas ESG internamente e 72,3% também exigem isso dos fornecedores;
  • O pilar Ambiental é o mais implementado; o pilar Social ainda é o principal obstáculo em contratações;
  • Multinacionais e empresas de grande e médio porte impulsionam os números de adoção ESG;
  • 38,4% das empresas pesquisadas assumem compromisso com a descarbonização;
  • A Governança Corporativa se fortalece, com cinco critérios entre os 10 mais adotados internamente (ver quadro abaixo);
  • Os maiores desafios são a obtenção de recursos financeiros e a falta de fornecedores capacitados;
  • 60% das empresas investem no desenvolvimento de fornecedores com baixo desempenho em ESG.

O que é ESG?

ESG é a sigla, em inglês, para Ambiental, Social e Governança (Environmental, Social and Governance). O conjunto de práticas visa reduzir os impactos ambientais provocados pelas empresas e desenvolver um sistema econômico justo e transparente.

Por isso, pode contribuir para a descarbonização da economia, termo usado para a redução da emissão de dióxido de carbono (CO₂), principal gás responsável pelo efeito estufa. ESG surgiu em um relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2004, e também está atrelado aos Objetivos de Desenvolvimento da ONU.

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