Pinacoteca do Ceará é imperdível nas férias com novas exposições e atividades para vários públicos
Programação especial para o período reserva de yoga ao pôr do sol a oficinas e espetáculos; roteiro de ações contempla bebês, crianças, jovens, adultos e idosos

Visitar a Pinacoteca do Ceará: eis um bom jeito de começar uma lista do que fazer nas férias em Fortaleza. Localizado no Centro da cidade, o equipamento de estrutura grandiosa reserva ao público diferentes experiências durante o tempo oficial de descanso do período escolar. As atividades contemplam sobretudo vivências poéticas, de diversão e conexão.
Ações educativas para adultos e crianças – incluindo yoga ao pôr do sol, oficinas, espetáculos e um ambiente muito agradável de contato com a arte e a cultura cearense – são o ponto alto do roteiro. A programação foi pensada exatamente para as férias e, segundo representantes da casa, com sentimento democrático para acolher os diversos públicos.
“As atividades propõem uma imersão no campo das artes e de vivências poéticas para a fruição pessoal e também relacionada com o outro – seja em família, entre amigos ou até entre educadores de museus e pessoas desconhecidas. A mediação cultural é a base de todas as ações”, explica Carolina Vieira, gerente artística da Pinacoteca.
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Bebês, crianças, jovens, adultos e idosos são, então, convidados a participar da programação – quer sejam nativos da cidade ou turistas. Os destaques mesmo, conforme Carolina, são as visitas mediadas pelas exposições, a yoga ao pôr do sol e as oficinas. E, claro, o fator primordial de unir diversão e conhecimento em um só lugar.
É motivo de celebração por parte de Rian Fontenele, diretor geral do equipamento. Para ele, “a importância de oferecer uma programação cultural que alia diversão e conhecimento é enorme pois cumpre distintos papéis essenciais para a sociedade, a cultura e a formação de público – desde a democratização do acesso à cultura devido à gratuidade e acessibilidade até a valorização de patrimônio cultural a partir de nossos acervos públicos e privados”.
“Isso fortalece a Pinacoteca como espaço dinâmico, atraindo diversos públicos, unindo diversão e educação, contemplação ativa e construção de senso crítico pelo aprendizado coletivo. Todo museu é um espaço social, um lugar de intercâmbio e troca e construção de cidadania”, completa o gestor.
Conheça exposições da Pinacoteca do Ceará
Dito isto, conheçamos as novas mostras presentes no equipamento, dois dos maiores motivos para você não deixar de passar por lá. “MAM São Paulo Pinacoteca do Ceará: Figura e Paisagem, Palavra e Imagem” é composta por 94 obras, assim divididas: 47 da coleção do Museu de Arte Moderna de São Paulo e 47 da coleção da Pinacoteca do Ceará, selecionadas dentre as 87 obras doadas pelo MAM.
O objetivo é trazer a Fortaleza obras da arte moderna e contemporânea brasileira que pouco circulam na região. “Considerando a amplitude do espaço da exposição na Pinacoteca, tivemos o cuidado de selecionar pinturas de grande porte, que oferecerão aos visitantes experiências estéticas mais imersivas”, diz Gabriela Gotoda, co-curadora da mostra.
Segundo ela, a importância da exposição está no fato de ser um projeto inédito pensado justamente para o espaço e para o público da Pinacoteca do Ceará. E sem nenhum tipo de distinção cronológica ou técnica na apresentação, o que oportuniza aos visitantes a chance de realizar novas leituras sobre narrativas há muito consolidadas.
Há três obras de dois artistas cearenses importantes, tanto da Coleção MAM São Paulo quanto da Coleção da Pinacoteca do Ceará. São eles: Efrain Almeida e Yuri Firmeza, com produções bastante consolidadas nas respectivas pesquisas. “Esperamos que, ao encontrá-los na exposição, sem separação dos demais trabalhos, o público cearense se identifique com as propostas artísticas e perceba a valorização da cultura local”.
Mediante o sucesso de visitação e recepção, a exposição foi prorrogada até 26 de outubro deste ano. A curadoria espera que o público visite os trabalhos e se surpreenda com as diversas maneiras em que é possível relacionar as ideias de “figura e paisagem” e “palavra e imagem” com as obras apresentadas e as várias linguagens, técnicas e abordagens.
“O conjunto da exposição acabou por reunir nomes muito relevantes da arte moderna brasileira, como Anita Malfatti e Alfredo Volpi, da coleção do MAM, e da arte contemporânea brasileira, como Rosângela Rennó e Ernesto Neto – tudo fruto de um desejo mútuo entre os dois museus de realizar uma exposição em parceria”, arremata Gabriela.
Arte para todos
A outra nova opção de exposição na Pinacoteca é “Existências em paralelo: acervo em (des)construção”. E tem desejo bonito: estimular as comunidades próximas e vizinhas a entenderem que a Pinacoteca não surge de uma política elitista da arte, mas inclusiva, e que a participação de todos é fundamental para dinamizar a instituição.
A importância dessa perspectiva foi sentida desde a abertura, com cortejo do Bloco “A Turma do Mamão”. A trupe saiu do bairro Moura Brasil e entrou sambando no meio da exposição. “Nem o Hélio Oiticica conseguiu entrar no Museu de Arte Moderna do Rio em 1965, ficando com os passistas usando seus Parangolés na área externa”, observa a curadora, Lisette Lagnado. “Dessa vez foi histórico na Pinacoteca do Ceará”.
Obras de artistas como Telma Saraiva, Mundinha e Mestre Stênio – que certa vez afirmaram nunca imaginar um convite para integrar uma mostra desse porte – são algumas das 500 reunidas no espaço. De acordo com Lisette, foi emocionante ver as mulheres ceramistas de Moita Redonda admirando as próprias obras expostas. “Não tenho palavras para descrever”.
“Existências em paralelo” está dividida em núcleos: “Modos de produção e circulação” é dedicado à importância da xilogravura e da fotopintura na origem das artes visuais da região; “Memórias territoriais” convoca comunidades de outros territórios a exibir uma produção que permanece restrita aos familiares e vizinhos, mas importa reconhecer que já possuem uma “pinacoteca” nas próprias casas.
Em “Moderno popular”, por sua vez, a curadoria mostra que é uma “falsa questão” quando um Raimundo Cela ou uma Heloysa Juaçaba olham para trabalhadores na praia, por exemplo; “Formas votivas e celebrações” se inspira na rica expressão dos ex-votos e evidencia a penetração na obra de Efrain Almeida.
“Organizamos também uma ‘Miscelânea documental’ para atrair pesquisadores que queiram fuçar em recortes de artigos de jornais, catálogos de época etc. Nesse movimento, foi inevitável agregar outros nomes e participações, principalmente de mulheres, as grandes ausentes do acervo”, constata a curadora.
A exposição estava programada para ir até novembro de 2025, mas será prorrogada e contará com a incorporação de novas obras. Além disso, deve haver um seminário no fim do ano com temas afins ao da mostra, coincidindo com o terceiro aniversário da Pinacoteca e, possivelmente, uma publicação com a reprodução das obras e textos críticos.
Muito o que viver e contemplar, nas férias e além.
Serviço
Programação de férias na Pinacoteca do Ceará
A partir desta quarta-feira (2), em diferentes dias e horários. Endereço: Rua 24 de Maio, 34 - Centro. Funcionamento: de quarta a sexta, de 10h às 18h; sábados, de 12h às 20h; aos domingos, de 10h às 17h. Acesso gratuito. Mais informações nas redes sociais da Pinacoteca