Cearenses lançam livros em evento literário internacional; conheça autores e obras na Flip
Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) acontece a partir desta quarta-feira (30); com livros que passeiam da prosa à poesia, conterrâneos levarão importantes reflexões e trabalhos para o evento
Representação cearense em terras fluminenses. Na vigésima terceira edição, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro, conta com a participação de diversos conterrâneos nossos, em clima de celebração das letras e da inventividade de nosso povo.
Lançamento de livros, reflexões em mesas de debates, entre outras ações, marcarão o rastro cearense nos dias do evento, iniciado nesta quarta-feira (30) e com encerramento programado para 3 de agosto. O grande homenageado da edição é o poeta curitibano Paulo Leminski, famoso por obras como “Toda Poesia” e “Distraídos venceremos”.
A programação principal da feira tem curadoria assinada por Ana Lima Cecilio pelo segundo ano consecutivo e tem como objetivo dialogar com o fazer poético por meio da formação de leitores. Não à toa, um dos principais focos do evento é se aprofundar no lirismo da Língua Portuguesa, ao mesmo tempo que falar de assuntos pertinentes ao Brasil e ao mundo de hoje.
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Abaixo, você confere a lista dos cearenses participantes da Flip 2025. Além dos trabalhos levados para a feira, também trazemos um pouco da trajetória de cada uma e cada um.
Ana Márcia Diógenes
Publicado pelo selo editorial Quichaitá – criado por ela própria para capitanear produções independentes – Ana Márcia Diógenes lançará na Flip, em 1º de agosto, na Casa Gueto, o livro “Caso porque te amo, mato porque te amo”. A história, considerada um poema narrativo, é inspirada em reportagens sobre mulheres que, para não se deixarem matar por amor, são levadas a matar para continuar vivendo.
No mesmo dia e lugar, a escritora e jornalista também participará do lançamento da coletânea Palavráguas, da editora Arpillera. Nele, escreveu o conto “Na água, a escolha dos sonhos”. Outro momento da agenda de Ana será a participação na mesa de abertura, “O território das mulheres: pontos de partida para a escrita feminina”. A autora tem nove livros publicados e colabora com revistas e sites literários.
Diego Gregório
O jornalista, assessor de imprensa e escritor lançará no evento “Poemas de partida e de chegada ou Os Cães não desamam”. A obra, de autoficção poética, é descrita pelo autor como “um mergulho nas profundezas do amor, do abandono e das relações humanas”. A capa é assinada pela artista Azhuli, com ilustrações de Humus e projeto gráfico de Samuel Tomé. Além disso, o prefácio é de Francisco Custódio, do podcast Histórias Diversas.
Toda a equipe integrante do trabalho é LGBTQIAP+ e cearense. O lançamento na Flip será em 2 de agosto, às 15h, com sessão de autógrafos no estande da com.tato, na Casa Escreva, Garota. Influenciado por nomes como Hilda Hilst e Ana Cristina César, Diego também escreveu “Coisas Que Você Mesmo Poderia Ter Dito” e tem participação nas coletâneas “Fissura”, “Toda Forma de Amar” e “Poemas de Partida e de Chegada”.
Everton Rocha
Romance de escrita experimental em fluxo de consciência, “inunda-me”, do poeta e escritor natural de Pentecoste, Everton Rocha, também será lançado na Flip. O momento acontecerá na Casa Gueto, num espaço reservado para escritores independentes. A Patuá é a editora à frente do instante. É a primeira vez que Everton estará na Flip e lançará um livro.
“Acredito muito no poder da literatura e, mesmo indo lançar num lugar que praticamente não conheço ninguém, sei que a força da palavra une as pessoas ali, a força da poesia, a força dos enredos e dos livros”, diz o poeta. Além de “inunda-me”, obra de estreia do cearense, ele também tem participação em revistas, nas quais publicou contos e poemas, e já mantinha escrita de diários – forma poderosa de passear pela vida e pelas letras.
Glória Diógenes
A socióloga, professora e escritora Glória Diógenes terá agenda movimentada na Flip 2025. Nesta quinta-feira (31), integrará a mesa “O Desejo Feminino na Literatura - A Palavra que nos Emancipa”, ao lado de Yasmin Morais, Analu Leite e Angela Marsiaj. O diálogo acontece na Casa Urutau, editora à frente do mais novo livro da carioca radicada no Ceará.
“Mãe sem a outra” terá lançamento no evento em 1º de agosto, também na Casa Urutau. A obra parte dos seguintes questionamentos: O que é ser mãe, filha, derrotada e vitoriosa sem passar por uma culpabilização? O que é ser mulher sem sustentar a cobrança por retidão, feminilidade, zelo e pureza? O que é ser mãe se não for um momento? No momento em pré-venda, o trabalho tem posfácio de Cristina Parga.
Glória Guará Tavares
A partir do fio do relicário e da memória, Glória Guará Tavares desembarca na Flip para lançar “Um relicário para viver mais”. Com 98 poemas, a obra é dividida em duas partes: Relicário Autorretrato e Relicário Apaixonado. No primeiro, a autora explora uma varredura de si mesma e do passado – o queijo ralado da mãe salpicado sobre a macarronada amorosa, o pai dormitando bêbado na rede. No segundo, tece enamoramentos com fúria e ardor.
Glória Guará é doutora em Letras Inglês e está no segundo pós-doutorado, com pesquisa sobre criatividade na escrita. É também professora do Departamento de Estudos de Língua Inglesa, suas Literaturas e Tradução da Universidade Federal do Ceará. Amante de Bandeira, Drummond, Cecília Meireles, Hilda Hilst, Adélia Prado, Marcelino Freire e Mar Becker, diz que “escreve para viver mais”.
Lucia Helena Sider
“Onde há verdade, há poesia”, da editora Albatroz, será o livro lançado por Lucia Helena Sider nesta edição da Flip. Entre as páginas, vivências íntimas da autora, a exemplo do amor arrebatador e o luto familiar. A ideia é fazer uma uma turnê de lançamentos em Paraty. Não à toa, ela estará na Casa Escreva Garota em três momentos – nos dias 31 de julho e duas vezes no dia 1º de agosto; e participará dos lançamentos das antologias do selo Off Flip.
Estes acontecerão na Casa Ofício das Palavras, no dia 31. Por sua vez, no dia 2, finaliza a participação no evento por meio de presença no sarau promovido na Casa Escreva, Garota. Lucia Helena Sider é pesquisadora e escritora residente em Sobral (CE). Publicou “Onde há verdade, há poesia” (2016) e “Não mais os falsos infinitos” (2021), além de integrar mais de 30 coletâneas. Em 2024, iniciou o desenvolvimento do primeiro romance.
Marco Severo
Um dos mais profícuos escritores cearenses da atualidade, Marco Severo participará da programação oficial da Flip por meio de presença na mesa “O perigo do Nordeste único: narrativas nordestinas na literatura contemporânea”. O instante será dividido com o paraibano Tiago Germano no auditório do Areal no dia 31 de julho.
“Vamos discutir como autores e autoras contemporâneos têm desafiado esse imaginário simplista, revelando as múltiplas vozes, realidades urbanas, litorâneas, indígenas, periféricas e modernas que também compõem o Nordeste”, explica Marco. Segundo ele, o evento também servirá para divulgar o livro mais recente, “A única paz possível desde o útero é no cemitério”, publicado pela editora Moinhos no ano passado.
Maurício Mendes
Nascido em Fortaleza, com parte da infância no interior do Ceará e do Maranhão, Maurício Mendes utiliza forte repertório literário para compor “O homem não foi feito para ser feliz”. O trabalho, publicado pela editora Mondru, confronta os impasses de Germano, um médico pardo em meio à hipocrisia, ao racismo e à falência dos afetos. Escrito em primeira pessoa, o romance questiona a masculinidade, a mercantilização da saúde e o mito da felicidade.
Santiago Nazarian, Evelyn Blaut e Natércia Pontes assinam textos no livro sobre a obra, cujo lançamento na Flip acontece em 2 de agosto no estande da editora Mondru. Na sequência, Maurício adianta terem eventos previstos para ocorrer em Fortaleza. “O trabalho do escritor é, antes de tudo, leitura – sem repertório e sem o assombro que o acompanha, não há como começar”, diz o autor sobre o próprio ofício.
Monique Cordeiro
Professora da rede estadual de ensino do Ceará, Monique Cordeiro realizará na Flip uma sessão de autógrafos do livro de própria autoria, "Terramar". A obra, publicada pela editora Patuá, será lançada neste sábado (2), na Casa Gueto, voltada para escritoras e escritores independentes. O trama conta a história de Nina. Na sinopse oficial, ela percorre as diferentes paisagens do Ceará em busca de respostas.
A travessia acontece após a morte da mãe, mediante o sufoco do luto e a densidade do pesar. Nina carrega a angústia e o desejo de saber mais de si e da própria história. Na beira do mar, ela está pronta para ser outra. Com habilidade neste livro de estreia, Monique Cordeiro – participante da coletânea de contos "Fratura" e com textos publicados em outros projetos editorias, além de promotora de clubes de leitura e cursos de escrita criativa – entrega um enredo poderoso em mergulhos internos e externos.
Pedro Guerra
Primeira vez na Flip como convidado oficial, Pedro Guerra participará de uma mesa nesta quinta-feira (31) com o escritor italiano Sandro Veronesi, autor de “O Colibri”. O instante terá como tema “A extraordinária vida comum”. “A ideia é mostrar como o cotidiano e as coisas mundanas guardam elementos que funcionam como combustível de um romance de ficção”, explica Pedro, autor de “Avenida Molotov” e “O Maior Ser Humano Vivo”.
Nascido em Fortaleza, o escritor formou-se em jornalismo pela Universidade Federal do Ceará e estudou propaganda na Escola Superior de Propaganda e Marketing (SP). Em 2003, mudou-se definitivamente para São Paulo, onde consolidou a carreira de redator publicitário em algumas das maiores agências do país. Além dos dois livros já publicados, também participou da antologia “Tragédias Brasileiras”, da Coleção Identidade, da Amazon, em 2019.
Pedro Jucá
Intenso é palavra oportuna para descrever o cronograma de atividades de Pedro Jucá durante o evento. Ele participará de quatro mesas ao longo da Flip 2025. No dia 31 de julho, na Casa Estante Virtual, com o tema “Vidas Queer”; no dia 1º de agosto, na Casa Queer, sobre “Cartografias do Corpo”; também no dia 1º, na Casa Estante Virtual, sobre “Entre o Passado e o Futuro”; e a mesa de lançamento da plaquete “Contos Símios”, da editora Mapa Lab.
“Trata-se de uma reunião de (micro)contos que, baseados em notícias reais, querem borrar e brincar com as fronteiras entre o humano e o animal”, explica o autor. Durante a feira, ele também divulgará o romance de estreia, “Amanhã Tardará”, lançado ano passado pelo selo Tusquets, da editora Planeta. Pedro Jucá é natural de Fortaleza e tem pós-graduação em Escrita Criativa e em Psicanálise, Arte e Literatura. É agenciado pela Agência Riff.