O processo do esquecimento
Exige esforço, vontade e tempo.
Já tentou esquecer algo ou alguém? Esquecer é um processo de muitas voltas, a gente vai e volta. Difícil andar dois passos na frente do que a gente quer esquecer porque algo sempre nos puxa.
Uma música que lembra aquele momento, uma pessoa que você viu, uma foto das lembranças do celular. Esquecer é um grande problema às vezes.
Algo que fez de errado, alguém que foi embora, alguém que não funcionou com você, o trauma de um ex-relacionamento para conseguir recomeçar outro, o cachorro parceiro de vida que foi e o buraco na casa que ficou tão grande que era melhor esquecer até ele, a pessoa que você realmente gostava e que, no fim, não tinha nada a ver com você, alguém que foi arrancado.
Esquecer é muito mais difícil que lembrar.
Porque lembrar é um ato quase automático, quase sozinho, de repente a lembrança chega como se tivesse encontrado a porta aberta para entrar e tomar um café. Lembrar é algo que chega
Esquecer exige esforço, exige vontade, tempo. É um expulsar de um lugar que a lembrança já achou morada. Às vezes, o tempo — senhor do esquecimento — passa e mesmo assim, não consegue cumprir o seu papel. Esquecer é algo que queremos que não chegue mais.
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Às vezes, para esquecer, é preciso de novas coisas, novas historias, pessoas que dividam o espaço daquilo que era para ser esquecimento e se destaquem de forma que, mesmo não esquecidas, essas coisas fiquem em segundo plano na nossa memória, em algum espaço vazio que se abra.
Talvez haja coisas que a gente jamais vai esquecer e vão ficar ali, a vida inteira, dividindo espaço, como uma parte da própria vida.
Porque a vida é isso: uma grande massa de lembranças que queremos muito que fiquem e de outras que eram pra ter sido esquecimentos. Faz parte do montante, faz parte do todo, faz parte do processo.
*Este texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora