Conheça a trajetória de William Bonner, que se despede da bancada do Jornal Nacional
Jornalista é recordista na apresentação do noticiário de maior audiência da TV brasileira
William Bonner, paulistano de 61 anos, se despede oficialmente da apresentação do Jornal Nacional no dia 3 de novembro. A notícia, divulgada pela TV Globo no início da noite desta segunda-feira (1), confirma a ida do âncora para o Globo Repórter, onde ficará ao lado de Sandra Annenberg.
O jornalista é recordista na apresentação do JN, tendo assumido a bancada em 1º de abril de 1996, ao lado de Lillian Witte Fibe. Mas, sua carreira começou bem antes, na TV Bandeirantes e com outro sobrenome (Bonemer).
Ele contou em uma edição de 2012 do Jornal Nacional que, ao estrear na TV Globo, foi questionado sobre seu nome para aparecer nos créditos. Ele hesitou, preocupado com possíveis aborrecimentos para seu pai, William Bonemer, um médico que teria dificuldades em remover seu nome da lista telefônica.
Para evitar problemas ao pai, Bonner decidiu criar um pseudônimo. Ele escolheu "Bonner" devido à similaridade sonora com seu nome de nascimento, Bonemer. Além disso, o nome era mais curto, fácil de pronunciar e ainda prestava uma homenagem a Yelena Bonner, uma ativista dos direitos humanos
Formado em Publicidade na Escola de Comunicação e Artes na Universidade de São Paulo, William Bonemer Júnior estreou na TV Globo em 1986 apresentando o SPTV - 3ª Edição. Cinco meses antes, na Band, comandava o Jornal de Amanhã, em rede nacional.
Em 1987, assumiu o SPTV - 2ª Edição, em horário nobre. Na mesma emissora, comandou o Globo Rural para todo o País, mas pediu para deixar o programa meses depois. Substituiu Marcos Hummel no Jornal Hoje no mesmo ano, numa edição histórica que tratou da morte do ícone Chacrinha.
Fantástico e Jornal da Globo
Quando o Fantástico passava por uma reformulação e completava 15 anos, Bonner assumiu a apresentação do Show da Vida em 1988, função que acumulava com a apresentação do Jornal da Globo.
Ficou aos domingos até dezembro de 1990, já no telejornal dos fins de noite, seguiu de 1989 até 1993, até assumir em definitivo o JH, no mesmo ano.
Convite para o Jornal Nacional
O convite para o Jornal Nacional veio em 1996, quando o então diretor de jornalismo da TV Globo, Evandro Carlos de Andrade o chamou para assumir o telejornal, e lhe fez o pedido de não contar isso a ninguém, nem mesmo a então mulher, Fátima Bernardes, que assumiria a apresentação do JN com ele dois anos depois.
“Eu falei: ‘ok, Evandro, [o segredo] só não vale para a Fátima [Bernardes], não é?’ Mas ele disse que não podia contar nem para a Fátima. Aí fiquei nervoso. Depois, ele me ligou de novo e disse que tinha reavaliado algumas coisas e que eu podia contar para a Fátima”, disse Bonner ao site Memória Globo.
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Grandes coberturas
Desde de que assumiu o JN, foram mais de 10 mil edições em quase 30 anos de apresentação. Pelo principal telejornal do país, ele conduziu os maiores eventos nacionais e internacionais.
Entre eles o pentacampeonato da Seleção Brasileira em 2002, três conclaves papais e sete eleições presidenciais no Brasil e sete nos Estados Unidos.
Outros fatos marcantes incluem os atentados terroristas do 11 de setembro de 2001, do assassinato do jornalista do Tim Lopes, em 2002, além da morte de Roberto Marinho, em 2003, onde se emocionou ao vivo.
Em 2020, Bonner comandou a equipe do JN na pandemia de Covid-19. O jornalista acumulava a função de editor-chefe do telejornal desde 1999.
Em agosto de 2009, William Bonner lançou, pela Editora Globo, o livro 'Jornal Nacional – Modo de Fazer', em celebração aos 40 anos do Jornal Nacional.
A obra traz informações de bastidores do JN, onde ele explica como é feito o telejornal mais importante da televisão brasileira. “Tenho um orgulho danado de ser do 'Jornal Nacional' e de trabalhar na Rede Globo. Quero poder continuar aqui durante muito tempo, feliz”, disse ele, à época.