Globo de Ouro 2025: Fernanda Torres leva estatueta de 'Melhor Atriz em Filme de Drama' por 'Ainda Estou Aqui'
Atriz brasileira era a favorita da categoria, segundo projeções da Variety; em discurso emocionado, Fernanda dedicou o prêmio inédito à mãe, Fernanda Montenegro
Após uma disputa acirrada, Fernanda Torres levou o aguardado prêmio de "Melhor Atriz em Filme de Drama" no Globo de Ouro 2025. A premiação de Fernanda pelo papel de Eunice Paiva em "Ainda Estou Aqui", de Walter Salles, ocorre 25 anos após sua mãe, a atriz Fernanda Montenegro, ter sido indicada ao mesmo prêmio, pela atuação em Central do Brasil (1998).
É a primeira vez que o Brasil leva a estatueta nessa categoria. Fernanda Torres concorria com as atrizes Pamela Anderson (The Last Showgirl), Angelina Jolie (Maria), Nicole Kidman (Babygirl), Tilda Swinton (O Quarto ao Lado) e Kate Winslet (Lee).
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Em um discurso emocionado, a atriz se mostrou surpresa, agradeceu à parceria com o diretor Walter Salles e dedicou o prêmio à mãe.
"Foi um ano incrível para os desempenhos de atrizes, tantas atrizes aqui que eu admiro tanto. Claro, eu quero agradecer ao Walter Salles, meu parceiro, meu amigo. Que história, Walter! E, é claro, eu quero dedicar esse prêmio à minha mãe. Vocês não têm ideia. Ela estava aqui há 25 anos, e isso é uma prova que a arte dura na vida. Até durante momentos difíceis pelos quais a Eunice Paiva passou. E, com tanto problema hoje em dia no mundo, tanto medo, esse é um filme que nos ajudou a pensar em como sobreviver em tempos como esses."
Veja discurso completo de Fernanda Torres:
Antes da premiação, tanto Fernanda Torres quanto o diretor Walter Salles concederam diversas entrevistas em que, apesar da gratidão pelo reconhecimento, se mostravam céticos sobre a possível vitória de um filme em língua portuguesa na premiação. Salles chegou a afirmar que sabia que a disputa estava "muito mais competitiva" neste ano.
Pouco antes da cerimônia, Torres destacou, nas redes sociais, que os maiores prêmios que a equipe de "Ainda Estou Aqui" poderia receber já haviam sido concedidos: o acolhimento do público e o legado que a obra deixa para a história do cinema brasileiro.
"A vitória já existe! A resistência tem sido gigante diante da indústria cinematográfica. Ainda Estou Aqui, de Walter Salles mostra ao mundo que não estamos brincando em serviço e a entrega é de qualidade", escreveu.
Na corrida pela estatueta, Ainda Estou Aqui ainda concorria ao prêmio de "Melhor Filme em Língua Não Inglesa". O vencedor desta categoria, no entanto, foi o francês Emilia Pérez. Concorriam ainda os filmes Tudo o que Imaginamos como Luz (Índia); A Garota da Agulha (Dinamarca); The Seed of the Sacred Fig (Alemanha) e Vermiglio (Itália).
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“Ainda Estou Aqui”
O filme que rendeu ao Brasil duas indicações no Globo de Ouro narra os momentos de dor e tensão da Ditadura Militar vividos pela família de Eunice Paiva (Torres), ao ver o seu marido, o ex-deputado Rubens Paiva (vivido por Selton Mello), ser levado pelos órgãos de repressão.
A obra, baseada no livro de Marcelo Rubens Paiva, filho de Rubens, resgata a trajetória de Eunice na luta por reparação após e durante o regime autoritário. O filme também emocionou os espectadores com a participação de Fernanda Montenegro, mãe de Fernanda Torres, que interpreta Eunice na fase idosa.
Um dos grandes sucessos de bilheteria no Brasil em 2024 – e ainda em cartaz –, o filme do diretor Walter Salles já foi visto por mais de 3 milhões de espectadores.
O drama biográfico é a quarta obra cinematográfica do diretor indicada ao Globo de Ouro. O primeiro filme de Salles que obteve reconhecimento da premiação foi Central do Brasil (1998), estrelado pela mãe de Fernanda Torres, a atriz Fernanda Montenegro, que também concorreu ao prêmio de "Melhor Atriz em Filme de Drama" em 1999.
Na ocasião, o filme levou a estatueta de "Melhor Filme em Língua Não Inglesa", mas Fernanda perdeu a premiação para a atriz australiana Cate Blanchett, que concorria pela interpretação no filme Elisabeth.
Já em 2002, Abril Despedaçado, uma coprodução internacional, representou o Brasil na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Em 2005, Walter Salles voltou a ser indicado ao Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro pelo filme Diários de Motocicleta.