Religião e povos originários são destaques do desfile de afoxés no Carnaval da Domingos Olímpio
Ao todo, foram 14 apresentações entre afoxés e escolas de samba
A Avenida Domingos Olímpio, em Fortaleza, foi palco de muita dança, canto e ancestralidade. Ao longo do último dia de Carnaval, nesta terça-feira (4), diversas escolas de samba e afoxés desfilam, ecoando tradição e identidade. São 14 apresentações ao todo, que começaram às 15h50 e seguem até 00h05.
Na avenida, os figurinos coloridos e cuidadosamente produzidos buscam refletir a força religiosa, assim como a cultura dos povos originários.
Para a autônoma de 29 anos, Pamela Rocha, é uma emoção indescritível poder dançar os ritmos no Afoxé Obá Sá Rewá. No corpo, ela carrega um ano inteiro de preparação.
"Esse é o sexto ano que a gente desfila, mas teve um Carnaval que não saiu. Estou desde o começo. As meninas vêm apresentando Oxum e os meninos vem representando Logun Edé, filho de Oxum com Oxóssi", detalhou.
A gente trabalha o Carnaval durante o ano todo, ensaiando desde o começo do ano, preparando coreografias e recebendo os figurinos para, enfim, colocar tudo em prática na avenida".
Mais do que um desfile no Carnaval, Pamela enxerga no Afoxé um caminho de espiritualidade: "Sou crente, acredito em deus e nos orixás, mas não tenho uma religião firmada. Onde tem fé, estou lá. Nosso balé é espalhado por vários bairros e quem consegue agregar, a gente soma junto".
Contra o racismo religioso
Para Ivaldo Paixão, conhecido como Comandante Paixão, de 71 anos, fundador do Afoxé Acabaca, o desfile é também um manifesto.
"Nosso afoxé é um bloco religioso. Pedimos permissão aos orixás para vir às ruas e estamos aqui na luta contra o racismo religioso e a intolerância. Temos um compromisso com a diversidade", afirmou.
Paixão também critica a falta de investimento na cultura tradicional.
"Deveria haver um olhar diferenciado para a cultura popular. A cultura é um direito humano, está escrito na Carta de Direitos Humanos. Então, é um dever do Estado prover cultura. O que nos move é a força de Iemanjá, dos orixás, o compromisso com a diversidade, a integração e a cultura de paz".
Plateia fiel ao desfile
Na plateia, olhos atentos acompanhavam cada movimento das escolas e afoxés. Haroldo da Silveira, aposentado de 68 anos, e Ivanira Nunes, cuidadora de 55 anos, são frequentadores fiéis do desfile na Avenida Domingos Olímpio.
"Já faz cinco anos que venho com ela. Sempre acompanho meu cunhado desfilando e venho sempre na terça-feira, no último dia", disse Haroldo.
Por sua vez, Ivanira destacou que é a beleza da festa que lhe cativa.
"A gente vem por causa desse brilho, dessa coisa linda, que é muito diferenciada. Somos do bairro Parque Dois Irmãos e viemos mais cedo para estacionar. Meu irmão desfila há muitos anos, começou no sábado e vai terminar hoje".
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Desfile de afoxés e escolas de samba
Confira a ordem das apresentações:
- 15h50: Escola de Samba Pavão Misterioso;
- 16h25: Afoxé Obatalá;
- 17h: Afoxé Obá Sá Rewá;
- 17h35: Afoxé Acabaca;
- 18h10: Afoxé Oxum Odolá;
- 18h45: Afoxé Omorisá Odé;
- 19h20: Afoxé Ogum Alakayê;
- 19h55: Escola de Samba Barão Folia;
- 20h35: Escola de Samba Corte no Samba;
- 21h15: Escola de Samba Imperadores da Parquelândia;
- 21h55: Escola de Samba Tradição da Bela Vista;
- 22h35: Escola de Samba Império Ideal;
- 23h15: Escola de Samba Sambamor;
- 00h05: Escola de Samba Girassol.
O evento é gratuito e, para acompanhar, é só chegar na Avenida Domingos Olímpio.
Fotos do desfile
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