Saiba como está a transmissão da febre oropouche no Ceará, presente em 7 cidades
Doença continua tendo registros, mas velocidade de novos casos diminuiu
Doença transmitida pelo maruim, um mosquito menor do que a muriçoca, a febre oroupouche continua registrando casos no Ceará. Contudo, em menor velocidade do que o contabilizado há quatro meses, quando houve um pico de transmissão. É o que aponta um novo boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesa).
O documento, publicado na última sexta-feira (8), mostra que o Estado já acumula 243 casos confirmados - seis deles em mulheres gestantes. No boletim anterior, do dia 11 de outubro, havia 231 ocorrências.
Para a Secretaria, a transmissão da oropouche é um “evento emergente”, já que a doença não é considerada endêmica (recorrente) no Estado.
A Pasta afirma estar "atenta às variações de tendência (comportamento clínico-epidemiológico da doença e indicadores de gravidade e atividade do vetor) para compreender melhor o cenário da doença, considerando o risco à saúde da população".
Nas quatro semanas epidemiológicas do mês de outubro, foram confirmadas 12 novos casos. Na última semana analisada, de 3 a 9 de novembro, não houve registros.
Dos 243 casos confirmados, cerca de 55% ocorreram em pacientes do sexo masculino. Há confirmações em quase todas as idades (incluindo 22 crianças de até 14 anos), mas observa-se que a população acima de 20 anos apresenta os maiores números confirmados.
Como qualquer pessoa está suscetível, o secretário executivo de Vigilância em Saúde da Sesa, Antonio Silva Lima Neto, recomenda atenção aos principais sintomas da doença.
"Você sentiu febre, dor de cabeça, dor no corpo, mesmo que não seja numa área que você ainda não conheça a doença, procure a unidade de saúde mais próxima", recomendou em tira-dúvidas nas redes da Sesa.
Como o mosquito transmissor da doença prefere ambientes mais úmidos para depositar os ovos, especialistas brasileiros vêm alertando para os períodos chuvosos de cada região.
Um estudo liderado por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e publicado em setembro, na revista internacional Nature Medicine, confirma o padrão sazonal da febre Oropouche.
Os cientistas apontam que foi observada uma alta disseminação do vírus nas estações chuvosas e uma transmissão baixa, embora persistente, nas estações secas.
O padrão pode ser explicado pela maior proliferação do vetor no período chuvoso, uma vez que o maruim se reproduz em ambientes com matéria orgânica úmida.
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Onde foram registrados casos?
O primeiro caso da doença no Estado foi confirmado no dia 21 de junho, em um homem de 53 anos residente em Pacoti. O quadro dele evoluiu sem gravidade.
Até o momento, os casos continuam restritos a 7 municípios da região do Maciço de Baturité:
- Capistrano (63)
- Aratuba (58)
- Pacoti (36)
- Mulungu (28)
- Baturité (28)
- Redenção (27)
- Palmácia (3)
"A maioria dos pacientes reside ou frequenta a zona rural de seus municípios", informa a Sesa. Em visitas de campo a esses locais, técnicos da Secretaria detectaram a presença do inseto Culicoides paraensis (o maruim).
Conforme a Pasta, alguns fatores que favorecem a transmissão são a presença de vales ou áreas baixas de encostas com água corrente utilizadas para a agricultura e de culturas que geram sombreamento e deposição de matéria orgânica, como banana e chuchu.
A transmissão do Oropouche é feita principalmente pelo Culicoides paraensis. Depois de picar uma pessoa ou animal infectado, o vírus permanece no inseto por alguns dias. Quando o mosquito pica uma pessoa saudável, pode transmitir o agente.
Quais os sintomas da febre oropouche?
Os sintomas da doença são parecidos com os da dengue e da chikungunya. O quadro clínico agudo pode evoluir com:
- febre de início súbito
- dor de cabeça
- dor muscular
- dor articular
- tontura
- dor atrás dos olhos
- calafrios
- fotofobia (sensibilidade à luz)
- náuseas e vômitos
Em termos de gravidade já documentada, a maioria dos casos é de leve a moderada. Em geral, os casos são autolimitados (se encerram sozinhos), com a recuperação ocorrendo normalmente em 7 dias.
Complicações são raras, mas ocasionalmente podem ocorrer manifestações neurológicas, como meningite.
Tratamento e prevenção
Não existe tratamento específico para a febre oropouche. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento sintomático e acompanhamento médico. A detecção da doença é feita por teste de Biologia Molecular, que busca o material genético do vírus.
Para preveni-la, o recomendado é evitar áreas com a presença de maruins ou minimizar a exposição às picadas dos vetores, por meio de recursos de proteção individual (aplicação de repelentes, uso de roupas compridas e sapatos fechados).
Medidas coletivas incluem limpeza de terrenos e de locais de criação de animais, recolhimento de folhas e frutos que caem no solo e uso de telas de malha fina em portas e janelas.