Ceará confirma mais de 200 casos de febre oropouche em 7 cidades; veja lista

Adultos são maioria entre os pacientes, mas Estado já registrou infecção em crianças

Escrito por Theyse Viana , theyse.viana@svm.com.br
Agentes de controle de vetores no Maciço de Baturité
Legenda: Casos se concentram na zona rural, em áreas como plantações de banana e chuchu, que geram sombras e acúmulo de matéria orgânica; casas de alvenaria a menos de 5 metros das áreas de cultivo, e locais com maior umidade
Foto: Divulgação/Sesa

A febre oropouche, transmitida pelo mosquito maruim, já foi diagnosticada em pelo menos 227 pacientes do Ceará. O dado foi adiantado ao Diário do Nordeste por Antonio Lima Neto, secretário Executivo de Vigilância em Saúde do Ceará, em entrevista na manhã desta sexta-feira (6), após a publicação desta reportagem.

A atualização deve constar em boletim epidemiológico a ser divulgado hoje pela Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), e mostra que o Ceará confirmou 18 casos a mais da doença do que na semana anterior, quando havia 209 diagnósticos.

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A circulação do arbovírus OROV, identificada em maio deste ano, ainda se restringe a sete municípios do Maciço de Baturité, com mais casos confirmados em Capistrano (62), Aratuba (48) e Mulungu (28). 

As cidades de Pacoti (36), Redenção (28), Baturité (21) e Palmácia (3) completam a lista. “A maioria dos pacientes reside ou frequenta a zona rural de seus municípios”, destaca o boletim epidemiológico.

De bebês a idosos

De acordo com o boletim, a maioria dos infectados são jovens e adultos, com idades entre 30 e 49 anos. O dr. Tanta explica que "se uma doença é estritamente silvestre, em que o local de infecção é distante do domicílio, perto da zona de mata, normalmente a população afetada é a classe trabalhadora".

Todas as faixas etárias, porém, já foram atingidas pelo OROV, incluindo cinco crianças de 5 a 9 anos e dez meninos e meninas de 10 a 14 anos. O secretário de Vigilância em Saúde da Sesa observa que, entre os pequenos, a doença tende a "se resolver mais rápido". 

Além disso, a Sesa confirmou a presença do vírus no feto de uma gestante de 40 anos, que teve perda gestacional no início de agosto. O Ministério da Saúde (MS), contudo, investiga se a oropouche foi, de fato, a causa da morte do bebê.

Os sintomas mais frequentes entre os pacientes, conforme a Sesa, são “uma síndrome febril, quase sempre acompanhada por mialgia (dor no corpo) e cefaleia (dor de cabeça)”. Não há registro de casos graves ou de óbitos diretos pela doença.

Para identificar a febre oropouche, as autoridades de saúde têm utilizado a testagem laboratorial, já que o quadro clínico da doença é muito semelhante ao da dengue. 

Até a última semana, foram testadas no Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen) mais de 2 mil amostras para Mayaro e oropouche, das quais 209 deram positivo para a arbovirose transmitida pelo mosquito maruim, e nenhuma para Mayaro.

Dor de cabeça ‘alucinante’

Em entrevista ao Diário do Nordeste, pacientes diagnosticados com a febre oropouche descreveram o que sentiram e como os quadros da doença evoluíram. Para Jady Vasconcelos, de 22 anos, a dor no corpo e a “moleza” anunciaram a chegada do vírus, e se somaram a uma “dor de cabeça alucinante”.

Moradora de Mulungu, cidade vizinha de Guaramiranga, Jady contou que a febre alta que veio depois a levou ao hospital, onde fez o teste e descobriu que a infecção pelo vírus oropouche. O pai dela e outros cinco familiares também sucumbiram à doença. 

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SINTOMAS DA FEBRE OROPOUCHE

  • Febre de início súbito
  • Dor de cabeça
  • Dor muscular
  • Dor articular
  • Tontura
  • Dor atrás do olhos
  • Calafrios
  • Fotofobia (sensibilidade à luz)
  • Náuseas
  • Vômitos
  • Meningoencefalite (inflamação no sistema nervoso), em casos graves
  • Manifestações hemorrágicas, em casos graves.

COMO PREVENIR A FEBRE OROPOUCHE

Apesar de causar sintomas parecidos com a dengue, as formas de prevenção são diferentes. A chave da proteção contra a oropouche não é o combate ao mosquito maruim, diferentemente do que ocorre em relação ao Aedes aegypti.

A melhor forma de prevenção é evitar o contato com o vetor, por meio de medidas individuais e coletivas, como:

  • Evitar o contato com áreas de ocorrência e/ou minimizar a exposição às picadas dos vetores (mosquitos);
  • Usar roupas que cubram a maior parte do corpo, como mangas compridas, calças e sapatos fechados; 
  • Aplicar repelente nas áreas expostas da pele;
  • Limpar terrenos e locais de criação de animais;
  • Recolher folhas e frutos que caem no solo;
  • Usar telas de malha fina em portas e janelas.

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