Por que o volume de chuva é medido em milímetros?
A unidade de medida é uma padronização adotada em todo o mundo pela Organização Meteorológica Mundial

Fortaleza registrou o primeiro trimestre mais chuvoso dos últimos 15 anos, com acumulado de 1.152,2 mm entre janeiro e março de 2025. Esse volume só foi menor do que o de 2011, quando choveu 1.265,1 mm, segundo dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). Mas, se o mililitro (ml) é a unidade de medida para o volume da água, por que a intensidade da chuva é expressa em milímetros (mm)?
A quantidade de chuva que cai em uma área específica (bairro, cidade ou região) durante um período de tempo (hora, dia, mês ou ano) recebe o nome de índice pluviométrico, que é calculado em mm. O uso dessa unidade de medida de chuva, segundo a gerente de Meteorologia da Funceme, Meiry Sakamoto, é uma padronização adotada em todo o mundo pela Organização Meteorológica Mundial (OMM) e “1 mm de chuva” corresponde a 1 litro por metro quadrado.
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) ajuda a entender o cálculo. Vamos imaginar que foi uma caixa quadrada com cada lado medindo 1 metro (área de 1 m²) foi deixada aberta em uma área externa. Esse recipiente coletou a água da chuva que caiu ao longo de 24 horas e, em seguida, foi feita a medição da altura atingida pela lâmina de água dentro da caixa.
Caso essa medição indique que a água atingiu 2 mm de altura, isso significa que nesse local e nesse dia choveu 2 mm. E dessa forma, aplicando a explicação de Meiry, choveu 2 litros em 1 m². Se a marcação fosse de 10 mm, seria o equivalente a 10 litros em 1 m².
No mapa abaixo, clique nos pontos que marcam os postos pluviométricos de Fortaleza e veja as chuvas registradas diariamente no primeiro trimestre de 2025.
Quantos milímetros de chuva é considerado muito?
Informações da Funceme apontam que os efeitos de uma chuva, como alagamentos e deslizamentos de terra, são maiores se a chuva durar menos tempo. Por exemplo: se uma chuva de 100 mm cair em apenas uma hora, ela tem consequências mais severas do que se o mesmo volume caísse ao longo de 6 horas.

Para ter uma ideia, no último 23 de março, a Plataforma de Coleta de Dados (PCD) localizada no município de Penaforte registrou chuva de 109 milímetros ao longo do dia, sendo 49 mm em apenas uma hora. Com isso, segundo informações da Defesa Civil do Ceará (Cedec), houve rompimento de barragem na área rural e, como o solo já estava encharcado, houve demora na drenagem, causando alagamento.
Segundo a explicação de Meiry Sakamoto, termos como “forte”, “moderada” ou “fraca” para se referir à chuva normalmente estão associados à taxa de precipitação. Ou seja: quantos mm de chuva por hora.
Dessa forma, de acordo com as recomendações da Organização Meteorológica Mundial, a classificação da precipitação nas regiões tropicais é a seguinte:
- Chuva fraca: entre 1,1 mm a 5 mm por hora
- Chuva moderada: entre 5,1 mm a 25 mm por hora
- Chuva forte: entre 25,1 mm a 50 mm por hora
- Chuva muito forte: acima de 50,1 mm por hora
Como é calculado o volume de chuva?
O aparelho utilizado para fazer essa medição é o pluviômetro e, no Ceará, a Funceme tem mais de 500 pluviômetros convencionais, que requerem um observador para fazer a leitura da medida diariamente às 7 horas da manhã.
É por isso que, ao entrar no Calendário de Chuvas da Funceme para observar a medição da chuva do dia 31 de março de 2025, por exemplo, o usuário vai encontrar uma informação que representa o volume acumulado das 7h do dia 30 até as 7h do dia 31.
Veja, abaixo, onde ficam os postos pluviométricos do Ceará
“Observa-se que o pluviômetro utilizado pela Funceme é do modelo Ville de Paris e segue as recomendações da Organização Meteorológica Mundial (OMM)”, acrescenta a gerente.
A rede operada pela Funceme também conta com mais de 30 pluviômetros automáticos. Diferentemente dos equipamentos convencionais, Meiry Sakamoto explica que os automáticos não requerem um observador para fazer a leitura dos dados.
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“A coleta dos dados de chuva e a transmissão do dado são realizadas de forma automatizada. A outra diferença é que pode-se fazer o registro das precipitações em intervalos de tempo menores — a cada 10 minutos, por exemplo —, o que permite registrar se a chuva ocorreu ao longo do dia ou em determinados períodos do dia”, complementa.
A gerente ainda explica que o Calendário de Chuvas permite escolher a chuva máxima observada no município ou a média daquele período. Ao optar pela chuva máxima, o que se destaca, dentre os pluviômetros disponíveis, é aquele que registrou o maior volume acumulado. “Por outro lado, na opção chuva média, calcula-se a média da chuva (média de Thiessen) a partir dos dados disponíveis de todos os pluviômetros instalados”, finaliza.
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