Com expectativa de sangrar, açude Orós forma ‘véu de noiva’; veja imagens
Represamento do rio Jaguaribe fez surgir um lago no sertão cearense

As margens do Açude Orós banham o território de três municípios do Centro-Sul do Estado: Iguatu, Quixelô e aquele que leva o mesmo nome do açude. E é na cidade de Orós que você pode ver a força da água do segundo maior reservatório do Ceará, atrás apenas do Castanhão. Bem perto do centro, fica a válvula do açude. O efeito dela ganhou o nome de “véu de noiva”.
Veja também
O local atrai turistas e moradores diariamente. No fim de semana fica disputado. Ao lado da válvula, existe uma plataforma onde se pode sentir a água respingar. Os mais corajosos até tomam banho.
A vazão atual passa dos 700 litros por segundo. E a água que sai da válvula e não é usada no consumo humano ou na irrigação acaba indo parar no Castanhão.
Para o agricultor José Renê, só assistir ao espetáculo aquático já vale a pena: “Às vezes, quando estou com uma preocupação na cabeça, venho aqui, olho para a água jorrando e fico mais calmo”.
Para além desse atributo relaxante, a válvula garante a perenização do Rio Jaguaribe, que é temporário e ficaria seco durante vários meses se o Orós não existisse.
“O véu de noiva, além de atender à perenização, ajuda no atendimento das comunidades. E há ainda uma questão ambiental. Sai da válvula a água do fundo do reservatório, pobre em oxigênio, que acaba sendo oxigenada”, explica Cássio Sales, coordenador de núcleo de operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) no Alto Jaguaribe.

Vai sangrar em 2025?
O volume do Orós está com o nível mais alto dos últimos anos. Esta semana, atingiu 83% e continua subindo. Há uma possibilidade de o açude transbordar após 14 anos: a última vez foi em março de 2011. Se isso acontecer, o “véu de noiva” vai dividir atenção com a descida das águas pelo vertedouro, que lembra a abertura de comportas de usinas hidrelétricas.
Mas a chance é cada vez menor, já que a estação chuvosa está terminando. Maio é um último mês. Mesmo remota, a descida das águas tem feito gente sonhar acordada. “Minha mãe já não dorme mais, colada no rádio, esperando a notícia a qualquer momento”, conta o eletricista Jossi de Souza, que mora em São Paulo, veio visitar a família e aproveitar a vida ribeirinha em pleno sertão: peixe todo dia, banho de açude e passeios de barco.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.