Jovem que estudou no CE e foi nota 1.000 na redação do Enem citou obras como ‘Torto Arado’ e ‘Racismo Estrutural’

Anne Beatriz ficou longe da família por um ano para se preparar em escola de Fortaleza

Escrito por
Nícolas Paulino nicolas.paulino@svm.com.br
(Atualizado às 15:16)
Foto de estudante dentro de sala de aula
Legenda: Anne sonha ingressar num curso de Medicina
Foto: Pedro Elandro/Divulgação SAS

A história de Anna Beatriz Rebouças Bezerra Veríssimo, 21 anos, é de persistência. Sonhando ingressar numa faculdade de Medicina, a jovem potiguar participa do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) há sete anos. Depois de concluir a Educação Básica e de se mudar por um ano para Fortaleza, ela vê o desejo mais próximo após tirar nota 1.000 na redação de 2024.

Anna finalizou a formação regular em 2020 e continuou a estudar em casa, com apoio de livros e internet. Contudo, por três anos, não conseguiu o que tanto buscava. Só no ano passado veio a oportunidade de mudar de cidade para se preparar ainda mais. Ela é a estudante nota 1.000 do Rio Grande do Norte. 

“Tive algumas evoluções, mas no último ano me mudei para Fortaleza, para estudar no Colégio Ari de Sá, que usa o sistema SAS Educação. Nesse último ano, consegui alavancar minha média geral e também a redação”, afirma.

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Natural de Baraúna, ela estudou em Mossoró (distante cerca de 35 km) “quase toda a vida”. Mesmo precisando ficar longe da família, Anne não queria perder a oportunidade porque havia conquistado uma bolsa de estudos de 100%.

“Valeu muito a pena ter feito isso”, ressalta. “Minha família sempre me apoiou muito, esse é um privilégio que eu tenho. Meus avós, meus tios, todo mundo me ajudou a me manter lá. Fui pensando que deveria dar tudo de mim para ficar só um ano fora e voltar”.

Na capital cearense, a rotina envolvia muita leitura, simulados e laboratório de redação. Tendo em vista uma das principais notas que compõem a nota geral, a jovem dedicava bastante tempo a pesquisar temas sociais capazes de caírem no Enem.

Assim, conta que se sentiu confortável ao se deparar com o tema “Desafios para a valorização da herança africana no Brasil”. Como referências, utilizou o livro “Torto Arado”, do escritor baiano Itamar Vieira Júnior, e “Racismo estrutural”, do ex-ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida. “Queria evitar repertórios generalistas”, destaca.

Planos para o futuro

Apesar de ter saído confiante do trabalho, ela não deixou de se surpreender com a nota divulgada no sistema do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

“Quando vi a nota mil, achei que era um erro do sistema, que não era minha, que estava trocada”, conta a estudante. “Fiquei muito nervosa, me tremendo, e tive que passar um bom tempo chorando até digerir tudo isso. Foi uma surpresa muito grande pra mim”.

Hoje já de volta ao Estado natal, Anne aguarda ansiosa a abertura do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), principal porta de seleção do Ensino Superior no país, na próxima sexta-feira (17). Mais uma vez, ela quer pleitear uma vaga em Medicina na Universidade Estadual do Rio Grande do Norte (UERN), em Mossoró.

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O que o Enem pede na Redação?

O Inep descreve que os participantes devem ficar atentos às 5 competências que serão exigidas na correção da redação:

  • Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa;
  • Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema dentro dos limites estruturais do texto;
  • Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista;
  • Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação;
  • Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.

Cada uma dessas competência é avaliada de 0 a 200 pontos.

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