Glória Perez chegou a fazer duas ligações para Guilherme de Pádua após ele ter assassinado Daniella Perez. Os detalhes constam nos dois primeiros episódios da série "Pacto Brutal", que conta a história por trás da morte brutal da filha da autora de novelas.
A dramaturga disse ter tido contato com o ator através de Caco Coelho, diretor assistente da novela "De Corpo e Alma", na qual Daniella e Guilherme atuavam na época. Glória revelou que estranhou o comportamento e as falas do colega de elenco.
"O Caco me deu o telefone do Guilherme de Pádua. Quem atendeu foi uma mulher. Chamou, ele veio no telefone, e eu expliquei que a Dani não tinha chegado no ensaio, que estávamos todos muito preocupados. Ele disse: 'Vai ver que ela foi visitar uma amiga'. Falei: 'Mas como uma amiga? Que amiga? Ela falou pra você que ia visitar uma amiga?'. 'Não, mas pode ter ido'", recordou.
Apesar do teor da resposta de Pádua, Glória afirmou que não entendeu o que ele disse e sentiu angústia, mas também não desconfiou de nada.
Confirmação
Horas depois, quando o carro de Daniella foi encontrado pela polícia, o então marido de Daniella, o ator Raul Gazolla, ligou para a novelista e cogitou que a atriz tivesse sido sequestrada. Neste momento, Glória telefonou novamente para Guilherme.
“Ligo rapidamente de novo pro Guilherme de Pádua, porque me lembrei do grupo de fãs. Num sequestro, você tem informações sobre pessoas estranhas em volta, era tudo. ‘Guilherme, pelo amor de Deus, aconteceu alguma coisa com a Dani. O carro dela foi encontrado num matagal'”.
A dramaturga também descreveu o momento em que soube da morte da filha. "Entrei numa negação completa", lembrou, complementando que continuava a acreditar na ideia do sequestro e não em assassinato.
Somente depois de se aproximar do carro da atriz é que a ficha caiu.
“Quando o carro ia parando, eu vi o tênis. Eu saltei do carro em movimento e saí correndo pra lá. Aí, à medida que você vai correndo, vai subindo a imagem, até você ter a pessoa inteira. Ela tava lá, e em pé, ao pé dela, olhando assim pensativamente pra ela, estava o delegado Cidade. Eu só vi ele. Aí, você tem uma vontade de dizer: ‘Levanta!’. Sabe, você acha que a sua chegada é mágica, que você vai tirar ela dali”.
Homicídio
Daniella Perez foi assassinada a tesouradas em 28 de dezembro de 1992 pelo ator Guilherme de Pádua e a esposa dele, Paula Thomaz. A atriz morreu logo após deixar as gravações do folhetim. Pádua, que fazia par romântico com ela na trama, foi acusado como autor do crime pouco tempo depois.
Em depoimento na época, ele alegou que a motivação para o crime foi "acreditar que seu papel estava sendo reduzido, enquanto ela ganhava destaque".
Em "De Corpo e Alma", os personagens de Daniella e Guilherme tiveram um romance rápido. Segundo informações do Uol, logo depois de gravarem a cena em que o casal se separa, o ator chorou muito no camarim. Naquele momento, ele acreditava ser o fim de seu personagem na trama e suas aparições seriam cada vez mais reduzidos.