Organizar é também aprender a se despedir
Organização não é apenas alinhar objetos, mas escolher o que permanece.
O fim do ano chega como um suspiro longo. Ele pede pausa, balanço e, quase sempre, uma certa arrumação da casa e da vida. É quando percebemos que organização não é apenas alinhar objetos, mas escolher o que permanece. Porque não existe organização sem doação. Não há espaço para o novo quando insistimos em guardar tudo.
Organizar é um ato de coragem. É abrir gavetas que não abríamos há meses, armários cheios de “talvez”, “um dia vai servir”, “mês que vem posso precisar” e prateleiras ocupadas por histórias que já cumpriram seu papel. A casa, assim como a gente, precisa respirar e só existe respiro quando há espaço.
Comece aos poucos. No guarda-roupa, a pergunta é simples e honesta: eu usei isso no último ano? Se a resposta for não, talvez ele mereça um novo lar. Separe em três categorias: ficar, doar e descartar. O mesmo vale para sapatos, bolsas e acessórios. Menos peças facilitam a escolha diária e trazem leveza visual.
Um cômodo por vez
Na cozinha, desapegar é libertador. Doe utensílios duplicados, panelas que não vão ao fogo há anos, potes sem tampas e tudo que só te desorganiza na hora de procurar um utensílio para preparar o café. Organize por função e frequência de uso: o que é do dia a dia precisa estar à mão, enquanto o que é eventual pode ir para prateleiras mais altas.
Na sala, observe o excesso. Almofadas demais, objetos decorativos que já não conversam com você, papéis acumulados e tanto mais. Respire e escolha o que representa sua história hoje. Decorar também é editar, sabia? É um teste que a gente faz ao mudar um móvel de lugar, por exemplo, viver a mudança e decidir se ela permanece ou não.
Já no banheiro, desapegue de cosméticos vencidos, amostras esquecidas e toalhas que perderam a maciez. Cestos e organizadores ajudam a manter tudo visível e funcional. Não é necessário investir tudo de uma vez, faça o crivo e liste as urgências e quais investimentos podem ficar para o próximo ano. Essa lista visual facilita muito para não esquecermos de realizar.
Tempo de travessia
Organizar no fim do ano é um ritual de passagem, pois cada objeto doado carrega um gesto de generosidade e cria espaço para o que ainda vai chegar. A casa agradece e a gente também. Não há como fazer essa travessia para um novo ciclo sem se despedir de objetos e sentimentos.
Tenha em mente que nem tudo deve seguir com a gente na nova estação. Há roupas e pessoas que ficam em 2025, porque só fizeram sentido na estação passada. Afinal, organizar é um ato de afeto com o nosso tempo, com o nosso espaço e com quem somos agora. A gente muda o tempo todo e a nossa casa também pede essa transformação em armários e gavetas. Inspire-se!
*Esta coluna reflete exclusivamente a opinião da autora