Organizar é também aprender a se despedir

Organização não é apenas alinhar objetos, mas escolher o que permanece.

Escrito por
Ana Karenyna verso@svm.com.br
Legenda: Tenha na sua casa apenas o que usa e a cada dois meses faca uma faxina de doação e manutenção.
Foto: Ana Karenyna / Acervo pessoal

O fim do ano chega como um suspiro longo. Ele pede pausa, balanço e, quase sempre, uma certa arrumação da casa e da vida. É quando percebemos que organização não é apenas alinhar objetos, mas escolher o que permanece. Porque não existe organização sem doação. Não há espaço para o novo quando insistimos em guardar tudo.

Organizar é um ato de coragem. É abrir gavetas que não abríamos há meses, armários cheios de “talvez”, “um dia vai servir”, “mês que vem posso precisar” e prateleiras ocupadas por histórias que já cumpriram seu papel. A casa, assim como a gente, precisa respirar e só existe respiro quando há espaço.

Comece aos poucos. No guarda-roupa, a pergunta é simples e honesta: eu usei isso no último ano? Se a resposta for não, talvez ele mereça um novo lar. Separe em três categorias: ficar, doar e descartar. O mesmo vale para sapatos, bolsas e acessórios. Menos peças facilitam a escolha diária e trazem leveza visual.

Um guarda-roupa infantil de madeira com detalhes em palhinha está com as portas abertas, revelando roupas penduradas e gavetas organizadas. Sobre a cômoda ao lado, há um cesto de palha cheio de roupas dobradas, um par de tênis em cima de uma caixa da Converse e bonecos do Woody e Buzz Lightyear.
Legenda: A cada momento de organização, sai um cesto de doação, em especial no fim do ano.
Foto: Ana Karenyna / Acervo pessoal

Um cômodo por vez

Na cozinha, desapegar é libertador. Doe utensílios duplicados, panelas que não vão ao fogo há anos, potes sem tampas e tudo que só te desorganiza na hora de procurar um utensílio para preparar o café. Organize por função e frequência de uso: o que é do dia a dia precisa estar à mão, enquanto o que é eventual pode ir para prateleiras mais altas.

Na sala, observe o excesso. Almofadas demais, objetos decorativos que já não conversam com você, papéis acumulados e tanto mais. Respire e escolha o que representa sua história hoje. Decorar também é editar, sabia? É um teste que a gente faz ao mudar um móvel de lugar, por exemplo, viver a mudança e decidir se ela permanece ou não.

Uma mão abre a porta de madeira de um roupeiro perfeitamente organizado, revelando prateleiras brancas com cestos plásticos, toalhas dobradas em pilhas impecáveis e potes de vidro. O espaço utiliza suportes aramados para otimizar o armazenamento de rolos de papel, mantendo cada item setorizado e facilmente acessível.
Legenda: Cada coisa em seu lugar para receber o novo ano com energias renovadas. Cestos organizadores e aramados ajudam a setorizar e também otimizar espaço no armário.
Foto: Ana Karenyna / Acervo pessoal

Já no banheiro, desapegue de cosméticos vencidos, amostras esquecidas e toalhas que perderam a maciez. Cestos e organizadores ajudam a manter tudo visível e funcional. Não é necessário investir tudo de uma vez, faça o crivo e liste as urgências e quais investimentos podem ficar para o próximo ano. Essa lista visual facilita muito para não esquecermos de realizar.

Uma prateleira branca organiza diversos medicamentos em pequenos gaveteiros de acrílico transparente e uma cesta plástica, todos devidamente identificados com etiquetas brancas. As etiquetas setorizam os itens por categorias, permitindo visualizar facilmente o conteúdo interno de cada compartimento.
Legenda: Remédios setorizados em gaveteiro organizador pode ser uma boa meta para 2026.
Foto: Ana Karenyna / Acervo pessoal

Uma prateleira de armário branca exibe toalhas dobradas, potes de vidro com algodão e cotonetes, além de uma rotuladora imprimindo etiquetas de identificação como 'mantas' e 'colchas'. Uma mão segura a fita de etiquetas recém-impressas, destacando o processo de organização e setorização do espaço.
Legenda: Setorizar e identificar é uma etapa importante do processo de organização.
Foto: Ana Karenyna / Acervo pessoal

Tempo de travessia

Organizar no fim do ano é um ritual de passagem, pois cada objeto doado carrega um gesto de generosidade e cria espaço para o que ainda vai chegar. A casa agradece e a gente também. Não há como fazer essa travessia para um novo ciclo sem se despedir de objetos e sentimentos.

Tenha em mente que nem tudo deve seguir com a gente na nova estação. Há roupas e pessoas que ficam em 2025, porque só fizeram sentido na estação passada. Afinal, organizar é um ato de afeto com o nosso tempo, com o nosso espaço e com quem somos agora. A gente muda o tempo todo e a nossa casa também pede essa transformação em armários e gavetas. Inspire-se!

Interior de um guarda-roupa planejado com iluminação em LED, exibindo roupas penduradas e organizadas por cores acima de seis gavetas brancas. Na base, prateleiras deslizantes acomodam diversos pares de sapatos alinhados de forma a otimizar o espaço.
Legenda: Padronize cabides e organize sapatos um na frente do outro para otimiza espaco.
Foto: Ana Karenyna / Acervo pessoal

*Esta coluna reflete exclusivamente a opinião da autora

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