Navio Mara Hope encalhou há 40 anos em Fortaleza após problema de reboque e corrente partida; veja fotos
Transportador de petróleo ficou à deriva e parou em banco de areia na Praia de Iracema

Foi no dia 21 de março de 1985 que Fortaleza ganhou um elemento inesperado na paisagem da orla. Há exatos 40 anos, o navio Mara Hope desatracou de um estaleiro na Praia de Iracema e ficou à deriva no mar até encontrar um grande banco de areia, a cerca de 700 metros da terra, que o mantém parado até os dias atuais.
A história “trágica” do petroleiro começou em novembro de 1983, quando um incêndio atingiu sua casa de máquinas em Port Neches, no Texas, nos Estados Unidos. A intensidade das chamas destruíram boa parte da estrutura e impediram o Mara Hope de seguir viagem. Nenhum dos 40 tripulantes ficou ferido.
Um ano depois, em novembro de 1984, o navio começou a ser rebocado para Taiwan, no leste da China, a fim de ser desmontado e vendido como sucata. O itinerário precisava contornar a América do Sul em direção ao Cabo Horn, no Chile, numa região conhecida como “Terra do Fogo”.
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No dia 6 de março de 1985, o rebocador do Mara Hope, Progress II, apresentou problemas mecânicos na hélice, em águas brasileiras, e precisou ancorar no estaleiro da Indústria Naval do Ceará (Inace), na Praia de Iracema.
Quinze dias depois, em 21 de março, houve maré alta durante uma tempestade, à noite. Com a violência das ondas, as amarras do Mara Hope se romperam. A embarcação ficou à deriva na água até encalhar em um banco de areia nas proximidades.
À época, o Diário do Nordeste noticiou que a Capitania dos Portos chegou a negar o encalhe, afirmando que o navio estava apenas esperando o conserto do rebocador para continuar viagem. No entanto, permanece no mesmo local há quatro décadas.
Em monitores internacionais de navios, ele consta como “desativado ou perdido”.

Estrutura deteriorada
O navio foi construído no estaleiro espanhol Astilleros de Cádiz, em 1967, e batizado de Juan de Austria. Ele prestou serviços para várias empresas, mudando de nome para Asian Glory, em 1979, e finalmente para Mara Hope, em 1983.
Nas semanas depois do encalhe, ocorreram diversas tentativas de recuperação e reflutuação do transportador de petróleo. No entanto, nenhuma teve êxito, principalmente devido aos danos no casco.
Com o insucesso, seguiram-se batalhas judiciais para decidir quem era responsável por remover a embarcação do local. Enquanto isso, o navio ficou à mercê de vândalos e ladrões que roubavam peças metálicas para venda.

Não bastassem os saques, em maio de 1987, outro incêndio consumiu o Mara Hope. Apesar dos danos, uma empresa adquiriu o navio encalhado e, em 1989, iniciou um desmonte para cortar os pedaços com maçaricos e transportá-los ao continente, onde seriam mais uma vez cortados e vendidos para siderúrgicas.
Retiradas as peças de interesse, a “carcaça” do navio foi abandonada. Dia a dia, sofre com o impacto das ondas e da maresia. Contudo, continua na memória de muitos fortalezenses e é destino de passeios de barco ou incursões de mergulhadores.

Prova do desgaste recorrente é que, há um ano, em março de 2024, a parte traseira do Mara Hope cedeu e se transformou numa espécie de “rampa”.
Hoje, o navio é propriedade da União. A Capitania dos Portos do Ceará realiza atividades rotineiras de inspeção naval que passam pelo local.