Três novos hospitais estaduais devem ser construídos no interior do CE; saiba onde
Unidades devem promover acesso facilitado a atendimentos de maior complexidade, como câncer e traumatologia

Com a inauguração do Hospital Universitário do Ceará (HUC), a rede da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) passa a contar com 14 hospitais, sendo dez em Fortaleza e quatro no Interior. No entanto, a promessa da secretária da Saúde do Ceará, Tânia Coelho, é de que a Pasta deve seguir com o processo de interiorização do acesso a serviços de maior complexidade nos próximos anos, com a implantação de mais três unidades fora da Capital.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, Tânia Mara Coelho ressaltou que a Política de Regionalização da Saúde é de Estado e segue pela terceira gestão consecutiva, permitindo a expansão de novos polos.
“Vamos ter sete hospitais regionais: Sobral, Cariri, Vale do Jaguaribe, Sertão Central e mais três. Sete de alta complexidade, fora o incentivo que o Governo do Estado está dando para hospitais e polos estratégicos em todas as regiões do Estado”, explica.
Atualmente, no interior cearense, há quatro hospitais terciários, ou seja, destinados a atender pacientes com quadros de saúde mais graves:
- Hospital Regional Norte (HRN), em Sobral
- Hospital Regional do Cariri (HRC), em Juazeiro do Norte
- Hospital Regional do Sertão Central (HRSC), em Quixeramobim
- Hospital Regional do Vale do Jaguaribe (HRVJ), em Limoeiro do Norte
Com a continuidade da Política de Regionalização, cujo intuito é ofertar serviços especializados em todas as regiões do Estado e melhorar a qualidade dos Serviços de Saúde no Interior, estão previstas as unidades:
- Hospital Regional dos Sertões de Crateús, em Crateús
- Hospital Regional do Centro-Sul e Vale do Salgado (HRCV), em Iguatu
- Hospital Regional do Maciço de Baturité (HRMB), em Baturité
O que tem o processo mais adiantado é o de Crateús. Em outubro de 2024, o governador Elmano de Freitas assinou a ordem de serviço para sua construção. Ele contará com 280 leitos, além de atendimento de maternidade, emergência e clínico.
A unidade de saúde deve ofertar serviços traumatológico, pediátrico, cirúrgico, obstétrico e neonatal. O investimento supera R$40 milhões e deve beneficiar quase 300 mil pessoas de 11 municípios da região.
Em setembro passado, Elmano também assinou o decreto de desapropriação do terreno para o de Iguatu, que deve ter a maior área entre os Hospitais Regionais. Um estudo técnico da Sesa aponta que o perfil é uma unidade de média e alta complexidade com 247 leitos.
O HRCV deve ser responsável pelo atendimento de 17 municípios do Centro-Sul do Ceará. A nova unidade ampliará o acesso a serviços como Urgência e Emergência em Traumato-ortopedia, Pediatria, Obstetrícia e Cirurgia Geral. Na inauguração do HUC, Elmano ressaltou que a unidade “está indo para licitação”.
Veja também
O de Baturité contará com 193 leitos de internação para atendimento emergencial e eletivo, conforme resolução da Comissão Intergestores Bipartite (CIB). No local, devem ser ofertados serviços de internação em clínica médica adulto, cirurgia geral adulto, clínica cirúrgica, traumatologia, clínica médica pediátrica, clínica obstétrica, bem como UTIs.
A licitação para a construção do HRMB foi lançada no Diário Oficial do Estado, na última quarta-feira (19). A abertura das propostas será em junho deste ano.
Benefícios da regionalização
Segundo Tânia Coelho, foi através da política de fortalecimento da regionalização que o Estado conseguiu ampliar a realização de cirurgias. “Quando fomos distribuir as cirurgias, a gente considerou a regionalização. Vimos quais hospitais tinham em cada região, que prestadores podiam realizar”, conta.
Em termos comparativos, em 2018, foram operados cerca de 80 mil pacientes; já em 2014, foram 157 mil cirurgias. A gestora garante que o número envolve o comprometimento de todas as redes, municipal, estadual, filantrópica e até privada.
“Estamos atuando de forma que possamos expandir cada vez mais o acesso do cidadão, para que possa ser operado, e sempre procurando regionalizar. Nós somos exemplo para o Brasil inteiro”, projeta.
Acesso a especialistas
Tânia também destacou a adesão do Ceará ao Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), do Governo Federal. O objetivo da iniciativa, em execução desde o início deste ano, é trazer mais rapidez para o diagnóstico dos pacientes, a partir da ampliação do acesso a exames e consultas com médicos especialistas. A ideia é que o diagnóstico do paciente seja dado em até dois meses.
“Já iniciamos o PMAE em algumas regiões com a linha da oncologia. Também vamos começar a linha da ortopedia e oftalmologia”, afirma.
O hoje secretário-executivo do Ministério da Saúde, Adriano Massuda, sublinhou que o modelo favorece o Ceará porque o Estado tem “forte articulação com a Atenção Primária” por meio das policlínicas regionais.
Pelo Programa, o paciente passa a receber uma Oferta de Cuidados Integrados (OCI), conjunto de serviços que inclui consultas, exames e diagnóstico. Depois, é encaminhado para o tratamento. Tudo isso em uma fila nica, para que diagnóstico precoce faça a diferença na resolução dos casos.
Veja também
Requalificação de unidades
Além da construção das novas unidades, Tânia Coelho diz que a Sesa tem trabalhado para qualificar a rede já existente. Um dos exemplos é o HGF, que recentemente reformulou o serviço de endoscopia e recebeu um novo aparelho de tomografia.
“Nossa intenção é cada vez mais estruturar (os hospitais) com modernização, porque a tecnologia está a mil anos-luz. A gente tem que acompanhar esse avanço da tecnologia e fazer isso em todas as unidades”, afirma a médica.
Ela cita que a rede estadual tem “hospitais de altíssima qualidade no interior”. No HRN, de Sobral, são realizadas “cirurgias de altíssima complexidade”. No HRVJ, em Limoeiro do Norte, a fila de cateterismo foi zerada. “A gente já está mudando pacientes de Fortaleza para lá”, explica a secretária.
Nos nossos hospitais, a gente tem buscado qualidade para todos, porque toda a população merece. E vai ser a mesma coisa quando a gente for lá para Crateús, Baturité e Iguatu. Para quem é gestor de saúde, a coisa mais gratificante que existe é ver um paciente bem operado na própria região.
Residência de profissionais
A melhoria dos atendimentos também passa pela qualificação profissional. A Sesa tem ações com a Escola de Saúde Pública (ESP) tanto para capacitar, reciclar e atualizar os profissionais das redes estadual e municipais quanto aumentar a quantidade de bolsas de residência.
“O que fixa o profissional na região é a residência. Se você faz a residência de cirurgia lá no Cariri, você começa a trabalhar no hospital e quer continuar naquele hospital. Por isso, a gente tem trabalhado para ampliar as residências, mas sem esquecer da capacitação profissional dos nossos profissionais da Atenção Primária”, lembra a secretária.
A Atenção Primária é a porta de entrada dos pacientes na rede de saúde. Ainda nesse quesito, ela ressalta a importância do apoio da telemedicina para facilitar o acesso a especialistas em regiões mais distantes.
“Isso facilita muito. A gente sabe que não tem especialistas de algumas áreas para cobrir todo o Estado. Estamos apoiando os municípios com Atenção Primária, que é fundamental, porque a nossa população está envelhecendo muito rápido e temos que trabalhar com prevenção”, finaliza Tânia Coelho.