Moraes vota para tornar Bolsonaro e outros sete denunciados réus no STF; acompanhe
Este é o segundo dia do julgamento da denúncia apresentada no mês passado pela Procuradoria-Geral da República (PGR)

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta quarta-feira (26) para tornar réu o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e os outros sete denunciados de tramarem e executarem um golpe de Estado.
Este é o segundo dia do julgamento da denúncia apresentada no mês passado pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Neste momento, os cinco ministros que compõem a turma julgam o chamado "núcleo crucial" do golpe, composto por oito dos 34 acusados de integrar uma organização criminosa para praticar atos contra a democracia, entre 2021 e o início de 2023.
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A sessão começou com o voto do relator, ministro Alexandre de Moraes. Em seguida, votam os ministros Flávio Dino, Luiz Fux, Cármen Lúcia e Cristiano Zanin, nessa ordem.
Durante o voto, Alexandre de Moraes afirmou que os ataques de 8 de janeiro "não foram um passeio no parque", afirmando que naquela data houve “uma verdadeira guerra campal” em torno das sedes dos Três Poderes da República.
O ministro trouxe um vídeo com imagens da depredação dos prédios públicos e da violência registrada no dia. "É importante lembrar que tivemos uma tentativa de golpe de Estado violentíssima", disse ele. "Uma violência selvagem, com pedido de intervenção militar", acrescentou.
"Essas imagens, penso que não deixam nenhuma dúvida da materialidade dos delitos praticados na forma narrada pela Procuradoria-Geral da República", disse o ministro.
No mês passado, Bolsonaro e mais 33 pessoas foram denunciados, pelo procurador-geral, Paulo Gonet, pelos crimes de golpe de Estado e tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito, bem como de dano qualificado pelo emprego de violência e grave ameaça, depredação de patrimônio tombado e organização criminosa armada.
Pela narrativa da PGR, os atos golpistas começaram em meados de 2021, com ataques às urnas eletrônicas e ao sistema eleitoral, visando à criação da animosidade na sociedade e o clima para que Bolsonaro pudesse se manter no poder mesmo com derrota em sua tentativa de reeleição.
A tentativa de golpe se encerrou somente com os atos violentos de 8 de janeiro, segundo a narrativa da PGR, que acusou o chamado "núcleo crucial" do golpe, composto por Bolsonaro e outros sete civis e militares, de terem participação por sua contribuição nos ataques aos prédios públicos.
Além de Bolsonaro, também foram indiciados:
- Walter Braga Netto, general de Exército, ex-ministro e vice de Bolsonaro na chapa das eleições de 2022;
- General Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência - Abin;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Paulo Sérgio Nogueira, general do Exército e ex-ministro da Defesa;
- Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro.
Crimes
Se a maioria dos magistrados votar pela aceitação da denúncia da PGR, Bolsonaro e os outros sete acusados passarão à condição de réus e vão responder a uma ação penal no STF pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Com a eventual abertura do processo criminal, os advogados poderão indicar testemunhas e pedir a produção de novas provas para comprovar as teses de defesa. Com o fim da instrução do processo, o julgamento será marcado, e os ministros vão decidir se o ex-presidente e os demais acusados serão condenados à prisão ou absolvidos.
Em caso de condenação, a soma das penas para os crimes passa de 30 anos de prisão.