Veja como será o funcionamento do Hospital Universitário do Ceará

A unidade no Itaperi, em Fortaleza, será “porta fechada” e só atenderá pacientes encaminhados por outros serviços de saúde

(Atualizado às 09:07)
Entrada do Hospital do Universitário do Ceará, com portas de vidro
Legenda: O Hospital Universitário do Ceará (HUC) ocupará uma área de 78.6 mil m², com três torres construídas e sete andares
Foto: Ismael Soares

Inaugurado no final da tarde de quarta-feira (19), o Hospital Universitário do Ceará (HUC), no campus da Universidade Estadual do Ceará (Uece), no Itaperi, em Fortaleza, já está aberto para receber os pacientes que podem chegar de qualquer área do Estado. Mas a entrada no hospital, que é “porta fechada”, será por meio da regulação, portanto, para ser atendido o público virá transferido de outro equipamento de saúde, como UPAs e unidades hospitalares do próprio Estado ou das prefeituras. 

O novo equipamento é de alta complexidade e o maior da rede estadual, superando o Hospital Geral de Fortaleza (HGF), também em Fortaleza, e unidade conhecida pela dimensão e capacidade de atendimento. Com a abertura de mais um equipamento, a rede estadual da Saúde passará a ter 14 hospitais. E como será o funcionamento do Hospital Universitário do Ceará?

No feriado do Dia de São José, após a inauguração oficial feita pelo presidente Lula (PT), profissionais já ingressaram no hospital e deram início aos serviços. A estimativa da  diretora-geral do novo hospital, a cirurgiã Ivelise Brasil, é que o equipamento, nesse momento no qual ainda não está funcionando 100%, terá 200 profissionais em cada turno. 

O novo hospital começará oferecendo atendimento em cinco especialidades: 

  • Cirurgia Vascular
  • Oncologia (Clínica e Cirúrgica)
  • Hematologia
  • Urologia
  • Cirurgia Cabeça e Pescoço

Dessa forma, pacientes que estão internados em outras unidades aguardando tratamento para essas áreas já podem ser regulados para o encaminhamento, ocupando as primeiras vagas. 

“O hospital já está pronto para funcionar, as equipes todas estão de plantão na UTI, na Unidade de Internação Breve e na Unidade de Internação. Nós vamos seguir com a regulação normal como é feita entre qualquer outro hospital do estado”, detalha a diretora-geral. 

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Vale destacar que a abertura do funcionamento do Hospital Universitário ocorrerá de forma gradual no decorrer deste ano. Logo, por enquanto a estimativa é que esteja atuando com 30% da capacidade. Em abril, o Governo promete uma nova expansão dos serviços, e o funcionamento pleno é projetado para dezembro de 2025. 

Outra novidade anunciada na inauguração do equipamento é que a unidade, assim como outras da rede estadual - o HGF e o Hospital Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (do Coração, em Messejana) - também realizará transplantes, ampliando a oferta desse serviço na rede pública.

A implantação do serviço de transplantes deve ocorrer após os primeiros 60 dias de funcionamento da unidade. 

Como ser atendido no Hospital Universitário do Ceará?

A unidade não terá emergência, logo, para ser atendido o paciente precisará ter passado antes por outro serviço/unidade de saúde e ser encaminhado por essa instituição, por meio do serviço de regulação, que é uma “fila” que concentra as demandas e organiza o fluxo dos atendimentos na saúde. A transferência para o novo equipamento ocorrerá conforme a necessidade e disponibilidade de vagas. 

Fachada do prédio do Hospital Universitário do Ceará
Legenda: O Hospital Universitário do Ceará foi anunciado há 6 anos, mas inicia seus atendimentos com 30% da capacidade
Foto: Kid Júnior

“Os pacientes já foram inseridos na regulação com nome de Hospital Universitário do Ceará e agora nossa equipe de regulação vai fazer todos os trâmites legais e a partir daí a gente começa a liberar vaga e os hospitais ou as UPAs, onde o paciente estiver aguardando para ser internado, vão começar a providenciar transporte, ambulância”, declarou a diretora-geral no novo hospital logo após a inauguração. 

O que já está funcionando no hospital?

Com a entrega, os 5 serviços especializados já irão atender: cirurgia vascular, oncologia, hematologia, urologia e cirurgia cabeça e pescoço. A unidade tem 159 leitos, sendo 120 enfermarias cirúrgica e clínica; 10 UTI adulto; 15 da Unidade de Internação Breve (UIB); 2 leitos de Sala Vermelha (UIB); 2 leitos de Intercorrência (Centro de Quimioterapia) e 10 leitos de recuperação pós-anestésica. 

O hospital tem ainda Centro de Imagem para realização de ressonância, tomografia computadorizada, hemodinâmicas, ultrassom, ecocardiograma e eletrocardiograma. 

Quem irá trabalhar no Hospital Universitário?

Sobre os profissionais que irão atuar na nova unidade, uma das cobranças é que fossem os concursados da extinta Funsaúde. Mas, a lotação ficará a cargo do Instituto de Saúde e Gestão Hospitalar (ISGH), Organização Social da Saúde contratada pelo Governo do Estado para fazer a gestão da unidade.  

Conforme a diretora-geral do novo hospital, a cirurgiã Ivelise Brasil, a estimativa é que a quantidade de funcionários chegue a 6 mil. Por enquanto, cerca de 200 profissionais estão de plantão a cada turno no hospital, diz ela.

Recepção do Hospital Universitário do Ceará, com cadeiras verdes e portas de vidro
Legenda: Hospital Universitário do Ceará deve iniciar as atividades com cerca de 200 profissionais se revezando nos plantões
Foto: Ismael Soares

Ela também explicou que a unidade é a mais moderna do Estado em automação.

“Qualquer alteração que aconteça, desde um simples ar-condicionado de uma sala, ele sinaliza dentro da central de automação. Então, tem uma equipe que já está aqui e vai ser fixa até a implantação 100% e tem a equipe que vai crescer, que é predominantemente a equipe assistencial e a equipe administrativa dos setores de internação”.
Ivelise Brasil
Diretora-geral do Hospital Universitário do Ceará

Quem fará a gestão do Hospital Universitário?

Um ponto alvo das maiores críticas ao hospital recém inaugurado é a gestão. A unidade será gerida pelo ISGH, uma Organização Social da Saúde que já gerencia hospitais como o Waldemar Alcântara, os regionais do Cariri, Norte, Sertão Central e Vale do Jaguaribe e o Leonardo da Vinci. 

O contrato, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa), terá duração de 13 meses, com possibilidade de renovação e um valor de R$ 196 milhões por esse período. 

Na inauguração representantes do Sindicato dos Docentes da Universidade Estadual do Ceará (Sinduece); do Sindicato dos Servidores Técnico-Administrativos do Ensino Superior Oficial do Estado do Ceará (SASEC); do Sindicato dos Assistentes Sociais do Estado do Ceará, do Movimento Estudantil da Uece e aprovados no Concurso da Funsaude manifestaram-se contra o modelo de gestão escolhido pelo Governo do Estado. 

A transferência da gestão da unidade para o ISGH, segundo as entidades, “ameaça o caráter público da instituição e o seu vínculo com a Uece”.

Além disso, as críticas apontam que o modelo de gestão via OSS “desconsidera a autonomia universitária e coloca em risco a independência das pesquisas realizadas no hospital”. As queixas também destacam a possibilidade de flexibilização dos vínculos de trabalho e o enfraquecimento da realização de concurso público, visto que a OSS atuará com profissionais cooperados. 

Sobre isso, a secretária estadual da Saúde, Tânia Coelho defende que a escolha pela gestão nesse modelo ocorreu porque o Estado tem “boas experiências” e aponta o Hospital Waldemar e o Leonardo da Vinci como exemplos. 

“Em nenhum momento estamos privatizando. A gente tá dando acesso total a população, qualidade. E a gente escolheu essa Organização Social pela experiência que ela tem na gestão das nossas unidades. Temos certeza que estamos entregando um equipamento com profissionais qualificados, preparados e mesmo assim, poderemos trazer servidores públicos para essa unidade”, diz a secretária.  

 

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