PCC e CV rompem 'trégua' anunciada em fevereiro devido a 'rixas regionais', diz MP
Os "informes" teriam sido comunicados nessa segunda-feira (28) aos integrantes das facções
O Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) romperam a aliança anunciada no último mês de fevereiro, que buscava cessar as mortes entre os grupos e reduzir os custos com a guerra entre as facções criminosas. A informação é do O Globo, confirmada pelo Ministério Público de São Paulo.
Segundo o órgão fiscalizador, o principal motivo para a ruptura do cessar-fogo foram "rixas regionais", que acabam inviabilizando o acordo feito entre os líderes presos. Os últimos "informes" dos criminosos datam dessa segunda-feira (28) e seriam "individuais".
O PCC alega que, a partir desta data, encerra a aliança com o grupo rival, e alega que a "trégua" estava atrapalhando os negócios. O comunicado expõe ainda que o acordo foi rompido por razões que "ferem a ética do crime".
O CV, por sua vez, criticou as recentes mortes de jovens que fizeram sinais atribuídos à facção com as mãos.
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Fim do acordo 'era esperado', diz promotor de Justiça
Em entrevista ao jornal O Globo, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de Presidente Prudente, no interior de São Paulo, afirmou que as autoridades que investigam os grupos criminosos já esperavam a ruptura da "trégua".
"Acho que isso era até esperado. Não imaginava que fosse perdurar. A informação que tive conhecimento, já há algum tempo, é de que o Marcinho VP [maior líder do CV] não teria dado aval para essa trégua. E o aval dele seria indispensável. Isso pode ter levado a esse rompimento", comentou o promotor.
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Gakiya também acredita que o rompimento se deu devido à dificuldade de implementação do cessar-fogo em facções com perfis organizacionais diferentes. Enquanto o PCC tem direção única, o CV atua em esquema de "franquias" nos estados, com lideranças locais que têm mais autonomia. "Interesses territoriais de disputa por tráfico levam a esse rompimento. Porque ninguém quer abrir mão do seu espaço", observou o investigador.