Nana, a mulher que decora pratos com comida e recados de afeto no centro de Fortaleza
Quem frequenta o Centro de Turismo do Ceará há de conhecer Nana, sua famosa playlist de música brasileira e o cuidado e a atenção que ela coloca em cada prato

No enorme casarão que um dia foi um presídio e hoje abriga um centro de turismo do Ceará, uma mulher de cabelos loiros decora pratos com comida e recados de afeto. Tomar um simples café ou almoçar na “Cafeteria da Nana” traz o conforto de um abraço, ainda que estejamos no pingo do meio dia, em pleno centro de Fortaleza.
Ana Cordeiro tem 44 anos e nasceu numa cidade pesqueira de Pernambuco. Aos 10 anos, começou a se interessar por gastronomia. Decidiu fazer um pudim diferente, de leite em pó com mel de abelha, para preocupação e surpresa da mãe. “O cheiro do mel encheu a cozinha de abelha italiana. Foi um susto nesse dia", recorda.
Veio morar em Fortaleza aos 14 anos. O pai, comerciante, foi trazendo aos poucos os quatro filhos e a esposa, sustentando a família com um box na antiga Emcetur. Ana estudou Administração, Estilismo e Edificações, deixando a gastronomia e o gosto por criar novas receitas como hobby.
Há dez anos, em uma conversa com o pai, considerou pela primeira vez trabalhar com comida. A ideia ficou guardada na cabeça para ser colocada em prática depois da pandemia do coronavírus. Em casa, começou a vender pratinho. Depois, montou um bar. Nenhuma das opções deram certo, e ela decidiu montar um café no centro de turismo.
A “Cafeteria da Nana” abriu em 2024. “Tive todo o apoio para que, na minha própria loja, eu conseguisse abrir um café”, conta Nana, que tinha uma loja de camisetas no centro de turismo. Em poucos meses, a comida afetiva que oferecia tomou todo o espaço e as camisetas saíram de circulação.
Quem frequenta o lugar conhece Nana, a famosa playlist de músicas brasileiras e o cuidado e a atenção que ela coloca em cada prato - dos cafés especiais à panelada, passando pelo famoso filet de abadejo e seu vinagrete de manga.
Quem é turista certamente sente a energia que ela coloca naquele espaço que já foi uma cela e hoje está repleto de comida boa e de adornos que lembram a cultura cearense. “Tenho prazer imenso em todo dia estar aqui no meu local de trabalho, que se tornou um local de divertimento, um lugar acolhedor”, ela diz.
O nome da cafeteria é uma alusão a como seus pais a chamavam - e agora é também como os clientes mais fieis a chamam. Nana coloca afeto na comida e recebe a todos como se fossem antigos conhecidos. Num simples café, uma colher de madeira traz frases desejando “um dia lindo”. Nos pratinhos das terças ou nas massas das quartas, refeições que nos confortam. Mas também tem panelada e feijoada! Nana traz a cearensidade que adotou ao longo da vida no ato de cozinhar com as nossas raízes.
*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião da autora.