Ambulatório para pessoas trans é transferido de Messejana para Hospital Universitário do CE a partir desta segunda (24)

O serviço antes funcionava no Hospital de Saúde Mental e agora passa a ser ofertado no novo equipamento. A mudança é uma demanda antiga

(Atualizado às 07:18)
Legenda: A unidade no Itaperi, em Fortaleza, será “porta fechada” e só atenderá pacientes encaminhados por outros serviços de saúde
Foto: Ismael Soares

O Hospital Universitário do Ceará, no Itaperi, em Fortaleza, inaugurado no último dia 19, além de atender especialidades como oncologia, hematologia e urologia, dentre outras, também receberá o Serviço Ambulatorial Transdisciplinar para Pessoas Transgênero (Sertrans) que, desde 2017, funcionava no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), em Messejana.

A mudança de local era uma antiga reivindicação das pessoas atendidas. O Sertrans oferece acompanhamento relacionado ao processo transexualizador. 

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No ambulatório, 204 pacientes são atendidos atualmente, segundo a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa). No serviço especializado, pessoas trans recebem assistência que vai desde o acompanhamento psicológico até questões hormonais. Além disso, são também trabalhadas as demandas sociais. 

Os pacientes são acompanhados por uma equipe multiprofissional formada por  endocrinologista, psiquiatra, psicóloga, assistente social e enfermeira. Na nova unidade, conforme a Sesa, será reforçada com a inclusão de mais um endocrinologista, assistente social e a adição de três clínicos.

No Hospital Universitário, informou a Sesa, os pacientes também poderão realizar exames de imagem, laboratorial e, quando necessário, consultas com outros especialistas. Mas, como o Hospital é porta fechada, para ter acesso a esse serviço ambulatorial é preciso ter vindo encaminhando de alguma outra unidade de saúde, como postos, UPAs e hospitais. 

No novo local, o ambulatório também terá o horário de funcionamento ampliado, pois, em Messejana, operava apenas às segundas, quintas e sextas. Agora, passará a funcionar de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 13h às 17h

Mudança de local

Antes, o serviço era ofertado em uma área do Hospital de Saúde Mental. Mas historicamente a população trans e travesti reivindicava a mudança de local, devido aos estigmas ligados ao espaço anterior. 

Segundo a diretora-geral do novo hospital, a médica Ivelise Brasil, a mudança do ambulatório de local gera uma “situação mais humanizada e com uma estrutura mais ampla do que no próprio hospital psiquiátrico”.

Legenda: A unidade foi inagurauda no dia 19 de março e será o maior hospital do Estado
Foto: Ismael Soares

Além disso, reforça, “tira a coisa do preconceito e dá oportunidade a pessoas que precisam desse tratamento para realizá-lo de forma mais tranquila, sem nenhum tipo de trauma”. 

A titular da Sesa, Tânia Coelho, reitera a importância da mudança e aponta que foi “uma construção foi feita com um diálogo com todos”. 

“Tivemos uma reunião da Secretaria chamando todas as organizações envolvidas e ouvimos cada um deles, se eles achavam bom ir para o Hospital Universitário, e eles concordaram, porque eles vão para o ambulatório de um local que tem tudo, eles não precisam deslocar para fazer nenhum exame, então é um suporte a mais”. 
Tânia Coelho
Secretária Estadual da Saúde

Ela destacou ainda que na mudança, a Sesa tem “seguido rigorosamente o padrão estabelecido pelo Ministério da Saúde” para garantir o aumento de atendimentos no ambulatório. 

Tânia reitera que a mudança de local de atendimento era uma demanda antiga do público, pois o atendimento a pessoas transexuais e travestis não é “não é um problema mental”. E completa: “fizemos todo um diálogo com eles e eles aceitaram, acharam excelente a sugestão, e nós estamos lá abrindo agora segunda-feira esse ambulatório para eles”. 

Histórico do SerTrans

O acompanhamento na área da saúde no processo de transexualização é assegurado pelo SUS conforme previsto na Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (PNSILGBT).

No Ceará, o SerTrans começou a funcionar em 2017, após muitas demandas, e ainda não foi do modo como foi requisitado. A abertura do primeiro ambulatório especializado no atendimento a pessoas trans do Ceará veio após cobranças em uma audiência pública, realizada na Defensoria Pública do Estado, na qual a Sesa firmou o compromisso de inaugurar o serviço. 

A promessa era de abrir completamente em setembro de 2017, mas não foi exatamente assim. Outros dois prazos foram pactuados - outubro de 2018 e maio de 2019 - e descumpridos e em novembro de 2019, o atendimento a novos pacientes começou a ser realizado.

O ambulatório já “funciona” desde 2016, mas atendia apenas pacientes vindos do próprio hospital de saúde mental. 

Durante o processo de reivindicação de abertura do novo ambulatório, à época, nas reuniões e audiências, foi solicitado que o Sertrans não funcionasse no Hospital de Saúde Mental. Outras unidades, como as policlínicas, chegaram a ser cogitadas, mas não se chegou a nenhum consenso na época. 

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