Próximo Papa pode ser cardeal que assinou carta de reconciliação do Padre Cícero

Parolin é o atual Secretário de Estado do Vaticano

Escrito por
Paulo Henrique Rodrigues (o PH) producaodiario@svm.com.br
Legenda: Parolin veio ao Brasil recentemente, quando encontrou o presidente Lula
Foto: Ricardo Stuckert / PR

A pronta recuperação da saúde do Papa Francisco é a torcida de todos nós que vivemos numa das terras mais católicas do mundo, o Cariri cearense. Nessa década de pontificado, o papa provou que a sua longevidade é ainda mais necessária porque há coisas que ele faz e diz que o mundo precisa ouvir, ainda mais num momento de crescimento da xenofobia e do esmagamento de minorias. 

Porém, toda vez que um papa fica frágil, surgem nomes que podem substituí-los. Afinal, não há vácuo no poder. E a sucessão é algo que ocorre com naturalidade.

No caso do Papa Francisco, entre os considerados papáveis, há um que nós cearenses precisamos enxergar com mais zelo. É um italiano, que acaba de completar 70 anos em janeiro, e chama-se Pietro Parolin.

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Parolin é o atual Secretário de Estado do Vaticano, por isso, tem trânsito com outras nações (característica considerada importante para um Papa), inclusive veio ao Brasil recentemente, quando encontrou o presidente Lula (foto).

Ele é poliglota (além do italiano, fala inglês e francês), considerado hábil nas palavras e está por dentro da política da Cúria, o que, por vezes, é considerado algo bom, mas que também pode ser algo que afaste os votos dos cardeais, quando, no Conclave, há uma tendência por mudança.

Mas Parolin significa mais do que isso para nós cearenses. Ele conhece a história do Padre Cícero e foi quem assinou a tão esperada carta de reconciliação.

Datada de 20 de outubro de 2015 e apresentada solenemente no dia 13 de dezembro daquele ano, a carta foi a resposta esperada durante anos pelos romeiros, por, finalmente, reconhecer as virtudes que o padre sertanejo tinha e o bem que ele fez ao povo nos seus 90 anos de vida.

No resumo da carta, assinada por Parolin por determinação de Francisco, diz ser “inegável que o Padre Cícero Romão Batista, no arco de sua existência, viveu uma fé simples, em sintonia com o seu povo e, por isso mesmo, desde o início, foi compreendido e amado por este mesmo povo”.

Afirma ainda que “o afeto popular que cerca a figura de padre Cícero pode constituir um alicerce forte para solidificação da fé católica no ânimo do povo nordestino (…). Portanto, é necessário, nesse contexto, dirigir nossa atenção ao Senhor e agradecê-lo por todo o bem que ele suscitou por meio do Padre Cícero”.

Desde então, o processo de beatificação avançou. O Padim já tem status de Servo de Deus. E postuladores trabalham para encontrar o fato não explicado pela ciência que será o milagre para o reconhecimento do Padim entre os veneráveis.

Quem sobe o Horto a pé, quem visita as diversas igrejas de Juazeiro do Norte, quem acompanha a multidão que se reúne todo dia 20 em frente à Capela do Socorro, quem conhece o Cariri sabe: a beatificação é questão de tempo.

O destino, o acaso ou a força dos Céus, cada um só ou por si e reunidos, será Parolin o Papa que finalmente dará ao Padim a honra dos altares?

*Esse texto reflete, exclusivamente, a opinião do autor.

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