Atleta marroquino denuncia agressão e ataques xenofóbicos na Beira-Mar, em Fortaleza
Ao Diário do Nordeste, Jamal falou que buscará a Polícia Civil para denunciar formalmente o caso nesta segunda-feira (24)

O maratonista marroquino Jamal Soufane denunciou nas redes sociais ter sido vítima de agressões física e verbal, com ataques de cunho xenofóbico, enquanto corria na Avenida Beira-Mar, em Fortaleza, na manhã deste domingo (23).
Jamal diz que foram dois homens os responsáveis pelas agressões: "Decidiram, do nada, me atacar. Chegou um senhor e pulou em cima de mim, queria bater em mim... Depois, ele e um amigo dele começaram a me xingar", relatou.
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O atleta disse ainda que os homens proferiram "palavras xenofóbicas, muito pesadas, xingando minha mãe e minha família. Eu não entendi nada". Ao Diário do Nordeste, Jamal falou que buscará a Polícia Civil para denunciar formalmente o caso nesta segunda-feira (24).
MARATONISTA MORA NO BRASIL HÁ 11 ANOS
Jamal já correu maratonas nacionais e internacionais e mora no Brasil há 11 anos. Ele corre em Fortaleza há sete anos, sendo esta a primeira vez em que foi atacado, com frases como: "Você chegou ontem aqui, nem era pra você estar correndo aqui", disse ele.
"É claro que tomarei as providências necessárias, porque o que aconteceu é inaceitável. Mesmo tentando dialogar e perguntando diversas vezes quem eu teria “empurrado”, a pessoa simplesmente partiu para a agressão verbal e começou a proferir ofensas, usando palavras de baixo calão"
Em fevereiro, Jamal, que tem cidadania brasileira, recebeu também o título de cidadão cearense na Assembleia Legislativa do Ceará. Ele foi o primeiro estudante marroquino na Universidade Federal do Ceará, conforme ressaltou por ocasião da cerimônia.
A assessoria de corrida à qual o marroquino pertence também se posicionou nas redes sociais. "É inaceitável que, em um ambiente onde deveríamos celebrar o esforço, a dedicação e o espírito coletivo, ainda tenhamos que lidar com atitudes que ferem, desrespeitam e excluem. O esporte é união, é respeito, é superação. Não há espaço para qualquer forma de preconceito", diz a empresa em nota compartilhada nas redes sociais.
"Corro na Beira-mar como qualquer outro cidadão", pontuou Jamal. "O fato de eu ter nascido em outro país ou de ter chegado 'apenas' há 11 anos não dá a ninguém o direito de me proibir de correr na beira-mar por ser 'sua terra', acrescentou.