Voz criada no Vicente Pinzon, Negocassio busca espaço no mercado trap brasileiro

Ex-integrante do Castelo de Rima, artista já lançou três singles com produção de Erivan Produtos do Morro

Escrito por Antonio Laudenir , laudenir.oliveira@svm.com.br
Negocassio:  voz do Vicente Pinzon cheia de ambição de mostrar esse mundo para outros
Legenda: Negocassio: voz do Vicente Pinzon cheia de ambição de mostrar esse mundo para outros

Negocassio abraçou o universo hip-hop ainda criança. Com o Projeto Enxame conheceu o grafite, o rap, o DJ e o break. A iniciativa atua na área do Grande Mucuripe, promovendo arte-educação para jovens da região. “Me tirou do fundo do poço, me deu novas amizades, que faziam parte desse movimento cultural”, relembra.  

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Percebeu que era possível ser ouvido por meio da música. Ao lado de MC (João Marcos) e Vivais (Tales) formou o Castelo de Rima. Criaram as canções “Pátria Que Pariu” (2016 ) e “Carrossel” (2018). Com o fim das atividades do grupo, Cassio agarrou a opção de continuar na área, agora com o trabalho solo. 

Buscou outros direcionamentos na carreira. Sua versão de “Negro Gato” (sucesso de Roberto Carlos escrito por Getúlio Côrtes) traduz o momento em que firmou a identidade como Negocassio. “Se a polícia me ver, ela vai me parar, a patricinha escondeu o celular. A madame medrosa acelerou o carro, EU SOU O NEGOCASSIO”, canta e se diverte o músico.  

Cria do morro

Nessa nova fase, soltou os singles “Olho Magro” (2019) e “Bate Cabeça” (2020). A mais recente aposta é “Na Boca”. Os três sons demarcam o DNA do selo Produtos do Morro REC, tocado pelo rapper e produtor musical Erivan Produtos do Morro. 

“E aberta tá a conta pra ganhar mandando som. Cansei de ser funcionário. Agora eu quero ser patrão”, letra de “Bate Cabeça”. 

Voz criada no Vicente Pinzon, ele lembra que o cenário da música independente demarca a junção de inúmeras ramificações da cultura rap. “As pessoas estão se organizando. Se voltando para o mercado. Ainda existe uma inocência de não querer se unir e abraçar a ideia do outro. Só por não fazer parte da sua verdade. Rola isso no começo, depois a coisa flui mais tranquila”, descreve. 

Referência

O trap está em evidência no Brasil e o cearense Matuê segue no topo das plataformas digitais. RAPadura fincou bandeira no Grammy Latino (2020). Ver o nome do Ceará em alta é inspirador. As portas começam a se abrir. É preciso união e respeito ao trabalho do próximo. 

“Fico feliz quando eu vejo um rapper cearense no topo das plataformas digitais. Fico pensando se um dia ele vai na minha comunidade, conhecer o meu trabalho. Ou será que um dia eu chegou a esse topo. A cena daqui de Fortaleza ainda está se encaminhado pra estar no mapa. Esse pessoal serve como inspiração. Eles são cearenses e conseguiram”, afirma.  

Negocassio destila superação e a difícil rotina na periferia de Fortaleza. Não foi fácil pro cara, porém, é possível cantar essa batalha e ser referência para os mais jovens do bairro. O futuro reserva um próximo lançamento no formato single e um álbum. Além do trap, a vontade é mergulhar em outras vertentes que ligam do funk ao eletrônico. 

“Quando se trata de arte. O maior recurso que se tem é a imaginação. A cena precisa entender isso”, finaliza Negocassio. 

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