Sabia que dá para fazer mergulho em Fortaleza? Experiência alia diversão e preservação em alto-mar

É possível ver arraias, corais, peixes e até golfinhos de pertinho; processo envolve curso e visita ao Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, a 18 quilômetros do Porto do Mucuripe

Escrito por
Diego Barbosa diego.barbosa@svm.com.br
(Atualizado às 08:01, em 11 de Agosto de 2025)
Na imagem, mergulhador no mar de Fortaleza por meio do serviço da empresa Atlântida Mergulho Ceará
Legenda: Apesar de ainda pouco conhecido por fortalezenses, mergulho no mar da capital reserva instantes de rara beleza
Foto: Alexandre Custódio/Divulgação

Não, você não precisa sair de Fortaleza para mergulhar. Nosso próprio mar convida a ir mais fundo, com todo o cuidado e expertise que a experiência merece. A chance – valiosa e talvez ainda pouco conhecida pelos próprios cearenses – proporciona aos desbravadores a oportunidade de ficar bem próximo à riqueza subaquática, explorando o oceano como nunca. 

Peixes, corais, tartarugas, arraias e até golfinhos são vistos de perto, com muita segurança e, sobretudo, encantamento. Em meio ao azul e ao silêncio, a sensação é divina. Seja pela manhã ou à tarde – a depender das condições de vento e maré – uma embarcação sai do Porto do Mucuripe e alcança o Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio.

A área fica a cerca de 18 quilômetros da costa, com profundidade entre 15 e 30 metros. Resguarda rara beleza e não apresenta ilhas ou qualquer outra forma de afloramento acima do nível do mar, abrigando populações de lagostas, peixes, tartarugas, golfinhos, corais e algas. 

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Tantos detalhes fez o Verso saber como o mergulho acontece e o que é preciso para aderir ao instante sem deixar de lado o divertimento e a cautela. Uma das empresas especializadas no ramo é a Atlântida Mergulho Ceará. Fundada por Francisco Marcélio – proprietário e instrutor com 20 anos de experiência – a casa oferece duas modalidades.

O chamado Mergulho de Batismo – voltado para quem não busca certificação e quer apenas realizar a vivência de modo informal – inclui uma prática na piscina com profundidade de 1,90 m no dia anterior à ida ao mar.

Com duração de cerca de 50 minutos, serve para conhecimento de técnicas e da aparelhagem necessárias para descer fundo no oceano. Custa a partir de R$ 500 por pessoa.

Na imagem, instrutor de mergulho em Fortaleza explica passo a passo para futuro mergulhador

Na imagem, instrutor de mergulho em Fortaleza dá orientações em piscina para mergulho em alto-mar

Na imagem, instrutor de mergulho em Fortaleza dá orientações a alunos na piscina da empresa
Legenda: Passo a passo para modalidade Mergulho de Batismo envolve prática na piscina no dia anterior ao mergulho
Foto: Fabiane de Paula

Por sua vez, pessoas desejosas de dar o primeiro passo na especialização no ramo, indo além da vivência mais simples, podem fazer o curso básico. O processo garante certificação após aprofundamento teórico e duas práticas anteriores de piscina. O valor é R$ 1.500 por pessoa.

Ambas as modalidades incluem máscara, reguladores, colete equilibrador, cilindro, cinto de elástico, nadadeiras e registros em foto e vídeo da experiência. “Bora mergulhar, que o mar é lindo e é importante a gente aproveitar as belezas do Ceará”, convida Marcélio.

Quem pode fazer o mergulho

A magia do oceano profundo é reservada a todos os tipos de público, dos pequenos aos idosos. Para se ter ideia, crianças a partir de 10 anos já podem realizar mergulhos autônomos – embora haja diferença nos níveis de profundidade. Para participar tanto dos batismos quanto dos cursos básicos, é necessário preencher um formulário sobre condições de saúde.

As principais contraindicações vão para os seguintes públicos:

  • Pessoas com problemas frequentes nos ouvidos, no trato respiratório ou nos seios faciais;
  • Gestantes e quem passou por derrame, crise de convulsão ou lesão neurológica dois meses antes da experiência;
  • Diagnóstico de epilepsia

Segundo Marcélio, há outras condições basilares no momento de mergulhar. “O que faz um bom mergulho é a pessoa estar preparada e em segurança. Se estiver insegura e com dúvida de como faz algum exercício, é melhor não fazer”, orienta, explicando ainda que, para a experiência, vão ele, o piloto do barco, um mecânico e um auxiliar. Somente grupos de até oito pessoas são aceitas para o mergulho.

“Um detalhe importante a se destacar é que a gente respira muito pelo nariz. No mergulho, não usamos o nariz, apenas para desalagar a máscara e para a equalização – no sentido de equilibrar a pressão entre o ouvido e o ambiente externo. Respiramos pela boca. Se a pessoa não conseguir fazer isso já na piscina, precisará ter outra aula para mergulhar”.

Como se preparar para a experiência

As instruções de Marcélio são claras tanto para o que vai acontecer no fundo do mar quanto para o que se realiza ainda fora do oceano. Passado os instantes formativos na piscina, antes da saída para o mergulho é importante tomar medicação a fim de evitar enjoos, náuseas e vômitos durante o percurso de barco – uma vez que a estrutura mexe bastante.

Evitar bebidas alcoólicas e refeições pesadas na noite anterior também é medida importante. No dia mesmo do mergulho, Marcélio recomenda não comer muito no café da manhã. Por fim, reforçar a hidratação antes da prática é ideal.

Para o instrutor, muitos fortalezenses desconhecem o serviço, o que faz com que a atividade seja praticada sobretudo entre turistas – principalmente entre os meses de janeiro e junho, quando as condições para mergulho são mais favoráveis. Volver o olhar para as possibilidades de nosso próprio mar, então, está na ordem do imperativo.

“As pessoas sobem do fundo do mar com alegria e empolgação enormes. Elas descobrem um mundo maravilhoso. É inexplicável”, mensura Marcélio. “Lá embaixo você sente apenas o coração e a respiração, é coisa de outro mundo. É uma conexão com a gente mesmo sem igual. Ainda quero formar muita gente nessa área”.

Conhecer para preservar

Nascido em Fortaleza, mas residente em Brasília, Antônio Apiano Júnior estava com a família no mesmo dia em que nossa equipe visitou a Atlântica Mergulho. Os cinco integrantes estavam com boas expectativas para o que viria, e teceram reflexões importantes sobre a prática – capaz de unir diversão e conscientização.

“Pra mim foi uma surpresa saber que existe mergulho em Fortaleza. Apesar de muito bonitas, sinto que as praias da cidade não possuem água com transparência tão grande. Por isso esperava fazer esse tipo de experiência em Maceió, no Recife, mas não aqui”, confessa Antônio, já tendo realizado a prática do mergulho há cinco anos, em Cancún.

Na imagem, tartaruga marinha durante mergulho em Fortaleza promovido pela Atlântida Mergulho Ceará
Legenda: Diversidade e encanto da vida marinha são destaque na vivência no fundo do mar
Foto: Alexandre Custódio/Divulgação

“Nessa experiência anterior, nos surpreendemos porque, mesmo lá, não conseguimos ver tanta diversidade de fauna e flora. Estão cada vez mais atacando esses ecossistemas. Acho muito importante preservarmos essa vida marinha, cuidar dessa beleza natural, e atividades como essa prestam esse papel também”.

Francisco Marcélio corrobora a visão. Desde 1996 dedicado a desbravar o oceano cearense, associa à paixão pelo mar à necessidade de mantê-lo vivo e pulsante, digno de continuar a ser visitado em profundidade. “É inexplicável a sensação, só fazendo para saber”.

 

Serviço
Mergulho em Fortaleza
Experiência pode ser vivenciada pela Atlântida Mergulho Ceará. Valores: a partir de R$ 500 - mergulho de batismo; R$ 1.500 - curso básico. Mais informações pelas redes sociais da empresa

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