Com Aline Bei, MV Bill e Caio Blat, projeto traz conversas abertas entre artistas para Fortaleza

Culturaê - Papo de Artista promove encontros entre nomes do Ceará e do País na Caixa Cultural Fortaleza

Escrito por
João Gabriel Tréz joao.gabriel@svm.com.br
(Atualizado às 11:05)
Projeto Culturaê - Papo de Artista ocorre de 8 a 10 de agosto na Caixa Cultural Fortaleza
Legenda: Projeto Culturaê - Papo de Artista ocorre de 8 a 10 de agosto na Caixa Cultural Fortaleza
Foto: Isadora Arruda / Divulgação; Allan França / Divulgação; Ivan Stamato-Baptista / Divulgação

A partir desta sexta-feira (8), a Caixa Cultural Fortaleza vai ser palco de encontros especiais entre artistas e público. Ao invés de apresentações de música, desfiles ou leituras coletivas, porém, o foco será no compartilhamento de ideias e reflexões sobre temas como tradição, cidade e reconhecimento. 

É essa a proposta do projeto gratuito Culturaê - Papo de Artista, que faz estreia em Fortaleza com quatro conversas abertas ao público entre artistas de linguagens distintas. 

Participam da programação o cantor MV Bill e o estilista David Lee; o ator Caio Blat e a atriz e dançarina Circe Macena; a humorista Dinah Moraes e o ator Francis Wilker; e a escritora Aline Bei e a empresária Neuma Figueirêdo.

Além desses conversas abertas, o evento conta com duas atividades que têm limitação de público. Na sexta-feira (8), alunos da rede público de ensino de Fortaleza participarão da oficina “Brincar e Criar Fortalezas”, com a escritora e tradutora Nina Rizzi. Já no domingo (10), haverá uma mesa especial de Dia dos Pais para clientes Caixa com o músico e humorista Falcão e o filho dele, o também músico Pedro Maia.

Veja também

Projeto propõe conexão entre linguagens

A possibilidade de ter encontros diretos com o público é “fundamental” na avaliação da paulistana Aline Bei, que conversou por telefone com o Verso na quarta-feira (6) sobre a expectativa para o projeto.

“Acredito que deveriam ter mais ações nesse sentido, de juntar a arte, a cultura, vários lugares e saberes no mesmo evento e, mais do que isso, numa mesma mesa, para trazer esse debate, essa complexidade”, avança. 

Ela é autora do recém-lançado “Uma delicada coleção de ausências” (2025), que forma uma “trilogia involuntária” com “O Peso do Pássaro Morto” (2017) e “Pequena coreografia do adeus” (2021).

Livros de Aline Bei formam 'trilogia involuntária'
Legenda: Livros de Aline Bei formam "trilogia involuntária"
Foto: Companhia das Letras / Reprodução

Apesar do reconhecimento literário, a artista ressalta que a própria formação dela é marcada por “um elemento de fronteira”: antes de ser escritora, Aline se formou em artes cênicas. “Além de tudo, eu sou uma artista muito curiosa pelas outras artes”, acrescenta. Essa relação, inclusive, guiou as obras literárias da paulistana. 

Para “Pequena coreografia do adeus”, ela se aprofundou na dança para usá-la como “espécie de nervo central do trabalho”. Já em “Uma delicada coleção de ausências”, primeiro livro dela em terceira pessoa, o pensamento criativo se deu inspirado pelo cinema de diretoras como Chantal Akerman e Agnès Varda

Escritora paulistana Aline Bei
Legenda: Escritora paulistana Aline Bei
Foto: Renato Parada / Divulgação

“Eu tenho esse pé na fronteira sempre na minha produção e acho que esse festival vai iluminar muito isso”, ressalta.

Aline aponta, ainda, a importância de uma proposta multilinguagem, em especial, para a produção de literatura, “que acaba sendo muitas vezes uma arte de nicho”. “Às vezes quando a gente está num evento que fala de música, arquitetura, artes plásticas, teatro, a gente consegue entrar em contato com pessoas que não conheciam o trabalho”, ressalta.

“É uma espécie de possibilidade de furar nossas bolhas. Além do diálogo profundo que se estabelece com outras artes e outros saberes, ainda tem essa questão de atingir um novo público, essa oportunidade de conversar com pessoas que vão descobrir o trabalho ali, então isso é muito estimulante”
Aline Bei
escritora

Cidade e intimidade em pauta

A mesa que Aline dividirá com a cearense Neuma Figueirêdo, diretora da Casacor CEARÁ e promotora de eventos ligados à arquitetura, terá como tema “Junto à sombra dos muros do forte [Cidade e intimidade]”.

Entre os ruídos coletivos da paisagem urbana e os barulhos e silêncios íntimos da paisagem interior, Aline aponta a importância de encontrar pontos de contato entre esses dois “polos” propostos pelo debate.

Neuma Figueirêdo compõe mesa do projeto Culturaê - Papo de Artista ao lado da escritora Aline Bei
Legenda: Neuma Figueirêdo compõe mesa do projeto Culturaê - Papo de Artista ao lado da escritora Aline Bei
Foto: Divulgação

“Eu comecei a escrever na universidade de Letras. Sempre morei fora da cidade de São Paulo, tinha um deslocamento grande pra eu chegar nos meus estudos. Lá na faculdade, também havia um movimento de colocar a escrita debaixo do braço e caminhar com ela”, relembra.

À época, Aline buscava “acessar espaços que não são necessariamente vistos como lugares de poesia e trazê-la para o centro, fazer ocupações”. Com dois amigos do curso, montou o Sarau do Caixote, um projeto que levava saraus a espaços públicos de São Paulo e convidava quem passasse a participar também.

“Foram anos de formação fundamentais onde a cidade estava inserida tanto na sua parte ruidosa e também no modo como ela é hostil a certas manifestações líricas, da ordem da delicadeza”, reflete.

Apesar dos “ruídos”, a experiência mostrou a Aline “como esse enfrentamento é importante, como nossa poesia aprende ao ser atravessada pelos ruídos coletivos, ao não ser ouvida ou ao se fazer ser ouvida de um determinado modo, com  uma determinada dicção”.

“Minha escrita sempre nasceu do deslocamento, seja ele interno ou externo. Acho muito legal trabalhar esse contraste entre a intimidade e o público, tensionar esses dois polos e encontrar um lugar, sempre, para a resistência e a ocupação poética”
Aline Bei
escritora

Reencontro de Aline Bei com o público de Fortaleza

Para a escritora, o momento do Culturaê - Papo de Artista ainda será de reencontro com o público leitor de Fortaleza. Essa será a terceira vez da escritora na Cidade só em 2025, depois de participar de uma atividade na Biblioteca Pública do Ceará e da Bienal Internacional do Livro do Ceará. 

O encontro de agora será especial, explica ela, por ser o primeiro desde o lançamento de “Uma delicada coleção de ausências”. “Fico muito feliz de voltar, e com meu (novo) livro publicado. Agora vou poder também falar do terceiro”, celebra.

A relação entre Aline e as leitoras e leitores é marcada por proximidade, muito devido aos temas e formas da obra literária dela. “Como os meus livros cuidam do cotidiano, das relações familiares, é muito comum haver identificação”, considera.

“Há muitos dramas que são compartilhados, mas, porque estamos vivendo eles, temos a impressão de serem extremamente singulares. Quando a gente adentra uma obra literária onde consegue ver refletida alguma coisa que viveu e que é estrutural, coletiva, dá um alívio para elaborar os traumas, os dramas da nossa vida”
Aline Bei
escritora

“Eu tenho uma obra que é de ficção, descolada da minha biografia. Invento, imagino as minhas histórias, mas isso não quer dizer que elas não possam ressoar no mundo real e encontrar seus pares”, reforça.

É por essa relação, também, que a escritora convida o público para o Culturaê - Papo de Artista. “Sou muito aberta a esse diálogo, adoro conversar com as minhas leitores e leitores, seja na internet, seja em eventos como esse”, afirma.

“Convido todo mundo a estar com a gente nessa conversa e prestigiar o festival como um todo. Que a gente possa ter esse momento gostoso de debate e depois esses abraços maravilhosos e a assinatura dos livros”, finaliza.

Culturaê - Papo de Artista

  • Quando: sexta, 8, às 17 e 19 horas; sábado, 9, ás 15 e 17 horas; domingo, 10, às 10 horas (ação exclusiva para Clientes Caixa)
  • Onde: Caixa Cultural Fortaleza (Av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)
  • Gratuito, com ingressos disponíveis para retirada 1 hora antes do evento na bilheteria 
  • Mais informações: @caixaculturalfortaleza 

Sexta-feira, 8 de agosto

Oficina “Brincar e Criar Fortalezas”, com Nina Rizzi (CE/SP)

  • Quando: 9 horas
  • Atividade exclusiva para alunos da rede pública de ensino de Fortaleza

MV Bill (RJ) e David Lee (CE) na mesa “Das ondas que o sol ilumina [Urbanidades litorâneas]”

  • Quando: 17 horas
  • Gratuito, com ingressos disponíveis para retirada 1 hora antes do evento na bilheteria

Caio Blat (SP) e Circe Macena (CE) na mesa “Não se apagam no seu coração [Tradições, reinvenções e permanências]”

  • Quando: 19 horas
  • Gratuito, com ingressos disponíveis para retirada 1 hora antes do evento na bilheteria

Sábado, 9 de agosto

Dinah Moraes (CE) e Francis Wilker (CE) na mesa “Para a glória [Reconhecimentos e lutas]”

  • Quando: 15 horas
  • Gratuito, com ingressos disponíveis para retirada 1 hora antes do evento na bilheteria

Aline Bei (SP) e Neuma Figueirêdo (CE) na mesa “Junto à sombra dos muros do forte [Cidade e intimidade]”

  • Quando: 17 horas
  • Gratuito, com ingressos disponíveis para retirada 1 hora antes do evento na bilheteria

Domingo, 10 de agosto

Falcão (CE) e Pedro Maia (CE) na mesa especial Dia dos Pais “Por uma paternidade catilogente e um amor inoxidável”

  • Quando: 10 horas
  • Gratuito e exclusivo para clientes Caixa
Este conteúdo é útil para você?
Assuntos Relacionados