Peixe-leão é encontrado pela primeira vez em Fortaleza, mas não ameaça banhistas; confira vídeo

Animal foi visto em parque marinho e pode ameaçar espécies nativas do litoral cearense

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Espécie
Legenda: Espécie ameaça a vida marinha à medida que come animais nativos e se reproduz sem nenhum predador natural
Foto: Reprodução

Mergulhadores encontraram a espécie invasora e venenosa conhecida como peixe-leão (lionfish) na Reserva Ecológica do Parque Estadual Marinho da Pedra da Risca do Meio, em Fortaleza, na sexta-feira (4). O animal também foi visto em estruturas para pesca há 5 meses, mas também longe da costa.

O avistamento mais recente foi feito numa profundidade de 22 metros do Parque Marinho, que fica a cerca de 18 km do Porto do Mucuripe. O peixe-leão prefere áreas de rochas e recifes com vida marinha abundante e por isso não há proximidade com a faixa de areia ou risco para banhistas.

Ainda assim, a proliferação do invasor no litoral cearense exige monitoramento e controle, como analisa Marcelo Soares, professor do Instituto de Ciência do Mar (Labomar), da Universidade Federal do Ceará (UFC).

"É o nosso único parque marinho estadual, totalmente submerso, e que tem uma grande biodiversidade com mais de 100 espécies de peixe. Também é uma região importante do ponto de vista do turismo de mergulho", detalha sobre a riqueza ambiental do espaço.

Por isso, o aparecimento do peixe-leão representa um risco para o local considerado um berçário de espécies marinhas, como peixes nativos, tartarugas e lagostas. O parque se estende por 4,7 mil hectares, que é um tamanho 3 vezes maior do que o Parque do Cocó.

"Estávamos percebendo a expansão do peixe-leão em várias regiões, inclusive, em unidades de conservação importantes, como o Parque de Fernando de Noronha, de Jericoacoara e a APA do Delta da Parnaíba", detalha.

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Marcelo também é pesquisador no programa Cientista-Chefe de Meio Ambiente da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap) e Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema).

"Lá tem uma grande vantagem, porque pode ser feita uma ação da Sema junto com os mergulhadores para caçar o animal. Lógico que isso precisa de treinamento, mas como é uma área de mergulho, pode ser positivo para a detecção e controle do animal", completa.

Expansão do invasor no Ceará

Além do Parque Marinho, a espécie invasora havia sido identificada em outro trecho de grande relevância ambiental: o estuário do Rio Timonha, em Barroquinha, na região norte do Ceará.

Espécie invasora
Legenda: Espécie invasora se prolifera pelo litoral cearense e representa risco à saúde em caso de contato direto
Foto: Tommaso Giarrizzo/Arquivo pessoal

Até junho deste ano, o bicho estava presente nas praias de Barroquinha, Bitupitá, Camocim, Cruz, Jijoca de Jericoacoara, Acaraú, Itarema, Icapuí e Aracati. Naquela época, mais de 80 animais foram coletados para pesquisas científicas.

O Labomar faz análises para entender quais espécies o invasor ameaça já que ele come outros tipos de animais marinhos. O peixe-leão, inclusive, consegue se reproduzir com facilidade e não tem nenhum predador natural, o que facilita a sua propagação descontrolada.

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