Castanhão, Orós e Banabuiú: saiba como serão usadas até junho as águas dos 3 maiores açudes do Ceará

Uma das questões considerada na liberação das vazões nesse momento são as poucas chuvas nas regiões que concentram os grandes reservatórios do Estado

Escrito por
Thatiany Nascimento thatiany.nascimento@svm.com.br
(Atualizado às 18:27)
Legenda: O Castanhão, maior açude do Estado, está com 28% do volume
Foto: Ismael Soares

Representantes da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) se reuniram, nesta sexta-feira (14), com integrantes dos Comitês de Bacias Hidrográficas do Vale do Jaguaribe e Banabuiú (que agrupa instituições públicas, sociedade civil e usuários de água), no Ceará para definir como as águas dos três maiores açudes -  Castanhão, Orós e Banabuiú - serão usadas até junho. Isso porque, nesse momento, o esperado era que essas águas ficassem retidas nas barragens, mas como as chuvas nas regiões que têm as maiores “caixas d'águas” de abastecimento do Estado estão poucas, a liberação emergencial de vazão foi solicitada e será atendida. 

No encontro foram decididas as vazões a serem executadas no momento em que o Ceará vive o segundo mês da quadra chuvosa. Essa liberação deliberada no encontro, reitera o diretor de Operações da Cogerh, Tércio Dantas Tavares, é uma espécie de adicional, já que nesse período - por ser quadra chuvosa - os açudes deveriam estar com as válvulas fechadas para ter somente acúmulo. 

“Em algumas situações específicas como agora, alguns locais do Estado onde não está chovendo bem, os Comitês de Bacia (dizem): seria a hora de fechar as válvulas dos açudes, mas vamos deixar mais um pouquinho porque não tá dando água, não está chovendo e então essa água precisa correr um pouquinho para que os agricultores peguem, para fazer abastecimento humano, sedentação animal”. 
Tércio Dantas Tavares
Diretor de Operações da Cogerh

Atualmente, o Castanhão (barragem em Alto Santo), o Orós e o Banabuiú (localizados nas cidades de mesmo nome) estão, respectivamente, com: 28,06%, 65,59%, 35,39% do volume armazenado, conforme dados do Portal Hidrológico do Ceará. 

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No caso da maior barragem, Tércio destaca “está com 28% de reservação, só que o que choveu de janeiro até agora, foi o pior acumulado dos últimos 5 anos. Ele tá bem, tem uma reserva boa, mas não está pegando água como nós queríamos. Então, os agricultores daquela região que contavam com essa água da chuva pediram: solte mais um pouquinho de água”. 

O representante da Cogerh destaca que no Ceará, quando começa a chover “a gente fecha toda a água dos açudes”. Isso em operação normais, aponta. Mas agora, compelta ele: “as chuvas estão muito concentradas no Centro Norte para cima, só que os principais açudes, nossas grande caixas d’água estão no meio do Ceará, onde não está chovendo bem”. 

No Ceará, a definição das operações dos açudes ocorre em duas etapas:

  • Primeira: ocorre ao término da quadra chuvosa e se tem conhecimento sobre o que acumulou de água dentro dos açudes. Então os ocorre a Reunião de Alocação Negociada de água dos reservatórios monitorados pela Companhia, na qual é definida a vazão liberada para cada setor: agricultura, perenização dos rios, dentre outros. Ocorre no segundo semestre de cada ano. 
  • Segunda: Ocorre no começo do ano seguinte e nessa etapa é avaliada a operação anterior e são considerados fatores como: o que foi pedido de liberação de água, o que foi deliberado pelo Comitê de Bacia. 

Nas reunião desta sexta-feira, as vazões adicionais que seguirão saindo dos três maiores açudes, ficaram definidas da seguinte forma: 

  • Açude Castanhão: vazão média de 9 metros cúbicos por segundo (m³/s)
  • Açude Orós: vazão média de 1,5 m³/s.
  • Açude Banabuiú: vazão média de 0,8 m³/s , sendo que 0,15 m³/s serão destinados ao uso da bacia hidráulica e 0,65 m³/s para a perenização do rio.

Essa liberação das águas atenderá diversos usos como abastecimento humano, agricultura e perenização dos rios. De acordo com Tércio, essa liberação continuará ocorrendo até que “comece a chover bem na região”. Se for feita uma nova avaliação, essa liberação adicional pode ser alterada. 

Como os açudes terminaram 2024

Na avaliação feita na reunião desta sexta, sobre a operação dos açudes no semestre passado, o Castanhão, maior barragem do Brasil, com capacidade para acumular 6,7 bilhões de m³ de água, terminou 2024 com saldo positivo. No período foi aprovada uma vazão de 14 m³ por segundo e realizada uma vazão de 8,5 m³ por segundo. 

Legenda: Comportas do Açude Castanhão
Foto: Ismael Soares

No caso do Orós, segundo maior reservatório do Estado, com capacidade de armazenamento de 1,9 bilhão de m³ de água, o saldo também foi positivo em 2024. A vazão operada foi de 4.442 litros por segundo, enquanto o alocado havia sido de 4.500 litros por segundo.

O terceiro maior açude do Ceará, com capacidade para armazenar 1,5 bilhão de m³, o Banabuiu, encerrou 2024 também de forma positiva, pois tinha mais água no reservatório do que aquilo que foi simulado. 

O que são os Comitês de Bacia?

Os Comitês de Bacias são órgãos colegiados que têm usuários, sociedade civil, representantes das prefeituras e dos órgãos do governo, responsáveis por avaliar as simulações apresentadas pela Cogerh e decidir sobre as vazões dos reservatórios, em um contexto de gestão participativa.

O Ceará, segundo o Plano Estadual dos Recursos Hídricos, está dividido em 12 Bacias Hidrográficas, portanto, têm 12 Comitês de Bacia. 

Esses Comitês integram o Sistema Nacional de Gestão dos Recursos Hídricos. É nesse espaço de discussão e deliberação que representantes da comunidade de uma bacia hidrográfica compartilham responsabilidades de gestão com o poder público na tomada de decisões quanto à gestão dos recursos hídricos. 

 

 

 

 

 

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