Pesquisadores cearenses lançam aplicativo para monitorar peixe-leão no Brasil; saiba como usar
As informações nacionais podem contribuir para medidas de contenção dos estados com registro da espécie venenosa e invasora
Evitar novos acidentes com peixe-leão, como aconteceu com pescador cearense, depende do monitoramento da espécie, que deve ser vista de perto com o lançamento do aplicativo “Monitoramento Participativo do Peixe-Leão no Brasil”. A iniciativa de pesquisadores cearenses deve formar uma rede colaborativa no País.
A ferramenta virtual foi desenvolvida pelo Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), em parceria com outras instituições, e lançada na sexta-feira (29). Todos os estados com registro da espécie vão poder usar a ferramenta.
A partir da tecnologia, a população pode reportar capturas, avistamentos e acidentes com o peixe-leão no aplicativo já disponível para IOs e Android (veja como instalar e usar abaixo). Também podem ser detalhadas localização geográfica e quantidade de animais.
Veja também
"A partir dos dados coletados vamos poder localizar os ambientes, profundidades e os municípios onde o peixe-leão está: esse é um ponto fundamental. Além disso, monitorar a quantidade, porque a gente tem o desafio da escala continental", contextualiza Marcelo Soares, professor no Labomar.
O cientista explica que a solução também pode ser usada por pescadores, mergulhadores e professores de vários pontos do Brasil. Essa é uma forma de entender melhor a invasão do peixe em espaços diferentes como ilhas e águas profundas.
Os registros serão checados por pesquisadores e, então, devem ser armazenados numa plataforma disponível na internet para monitorar a invasão da espécie no litoral brasileiro. Com essa produção de informações, podem ser definidas estratégias de contenção do animal.
É a estimativa do impacto econômico mundial devido aos prejuízos em setores, como a pesca, causados pelo peixe
Houve colaboração de pesquisadores do Programa Cientista-Chefe em Meio Ambiente, iniciativa da Secretaria do Meio Ambiente do Ceará (Sema), além do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
"Ainda não existe um plano nacional que, ao meu ver, tem que existir. Mas a gente está trocando muitas informações com o Piauí e, com cientistas, estamos com equipes que estão trabalhando com o peixe-leão em Fernando de Noronha e Amazonas", detalha Marcelo.
Entre os participantes dessa mobilização, Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Universidade Federal Fluminense (UFF) e o projeto Conservação Recifal.
Como usar a plataforma
Para instalar a ferramenta, o Labomar disponibiliza uma página na internet. Saiba como usar:
- 1 - Acesse a página principal e clique em "ok": https://monitoramentos.shinyapps.io/Peixe-leao/;
- 2 - Clique em "opções" no símbolo de 3 pontos da tela;
- 3 - Selecione "adicionar à tela de início";
- 4 - Clique em "adicionar".
Essa possibilidade é uma forma de fazer ciência cidadã, como explicou o professor Tommaso Giarrizzo à equipe de comunicação da UFC.
“A população poderá ajudar com informações, o que é um princípio da ciência cidadã e da democracia. Mergulhadores, pescadores e servidores de órgãos públicos podem colaborar inserindo novos registros do peixe-leão em uma plataforma on-line, de acesso livre e rápida", explicou
O que é o peixe-leão?
O primeiro animal da espécie invasora e venenosa, conhecida como peixe-leão, surgiu em março deste ano no Ceará e foi reportada para cientistas do Labomar. No primeiro momento, foi confirmada a presença do bicho em Jericoacoara, Acaraú e Camocim.
Depois disso, também foram encontrados peixes-leão em Itarema e na Praia de Bitupitá. Inclusive, em Bitupitá aconteceu o primeiro acidente envolvendo o animal no País com um pescador cearense, que teve febre e convulsões após pisar no peixe.
Desde os primeiros relatos, pesquisadores cearenses com apoio de estudiosos de outras regiões do país tentam entender os impactos da espécie invasora no Ceará. Para isso, esses animais são capturados e analisados para colher informações sobre reprodução e prejuízo à fauna.
O peixe-leão se propaga com facilidade, ameaça peixes e camarões nativos e apresenta risco à população devido aos espinhos venenosos.