Ave rara encontrada no Ceará é encaminhada para reprodução em cativeiro no Paraná; vídeo

Uru do Nordeste foi descrito cientificamente pela primeira vez após ter sido encontrado na Serra de Baturité

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Ave
Legenda: Animal sofre com caça e desmatamento e aparece cada vez menos nas florestas do Ceará
Foto: Ciro Albano

Cinco aves cearenses, que voam cada vez menos no Estado pelo risco de extinção, foram levadas para o Parque das Aves, no Paraná, em um projeto de reprodução em cativeiro. O Uru do Nordeste, Odontophorus capueira plumbeicollis, pode ser reintroduzido na Serra de Baturité, onde foi encontrado pela primeira vez.

Os esforços para encontrar esses animais, que se estendem por 4 anos, são de ambientalistas da Associação de Pesquisa e Preservação de Ecossistemas Aquáticos (Aquasis). Em dezembro do último ano, 3 machos e 2 fêmeas foram capturados.

“Atualmente só existe, praticamente, na Serra de Baturité. Tem uma evidência recente de que essa ave também está presente numa serra isolada, a Serra da Pedra Talhada, em Alagoas”, explica o biólogo Fábio Nunes.

Os bichos foram encaminhados no dia 1º deste mês em uma operação ambiental para conservação. Foi fretado um avião e parte dos gastos foi financiada por proprietários locais da Serra de Baturité.

Uru
Legenda: Uru do Nordeste foi encontrado pela primeira vez no Ceará
Foto: Aquasis

A instituição em Foz do Iguaçu que recebe os animais possui estrutura ideal para evitar a extinção de aves brasileiras. “Lá é um centro de excelência de reprodução e conservação de aves da mata atlântica”, explica o especialista.

O que a gente está tentando fazer é evitar essa extinção e esperamos que, em alguns anos, tenhamos exemplares suficientes em cativeiro para que essas aves voltem, mas em outra condição
Fábio Nunes
Biólogo

Esse movimento acontece devido à caça para alimentação, desmatamento e interferências ambientais, como a introdução de espécies invasoras. Cães e gatos que chegam à floresta se tornam predadores da ave.

“Uma das áreas que a gente achou essa população pequena foi apontada por um caçador, então, a gente ficou muito preocupado e resolveu capturar esse adultos. A gente passou mais de 4 anos nessa busca”, acrescenta Fábio.

Grupo
Legenda: Ambientalistas buscam manter viva a espécie que está cada vez mais próxima de sumir globalmente
Foto: Aquasis

Possibilidade de sumir da natureza

A mobilização acontece porque está cada vez mais difícil encontrar o animal na natureza. Por exemplo, fotografias feitas por observadores de aves costumavam representar o Uru do Nordeste, entre 2009 e 2016, mas o bicho deixou de aparecer nos registros.

“A gente tem feito buscas contínuas na serra e a gente comprovou o declínio. Hoje, a ave se encontra criticamente ameaçada de extinção na lista brasileira”, ressalta Fábio.

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As aves foram mantidas por cerca de 4 meses em um recinto onde acontece a recuperação do periquito cara-suja. “A Aquasis tem a missão de evitar extinções e essa é a ave que está mais próxima da extinção atualmente na Serra de Baturité”, destaca.

Inclusive, como frisa o biólogo, esse é um risco global, já que a ave aparece atualmente apenas no Ceará e em Alagoas. “A gente sabe que extinção é uma coisa para sempre e depois que acontecer não tem como trazer essa ave de volta”.

Ela presta serviços ambientais nas florestas, faz parte de um ambiente extremamente frágil no Ceará, das florestas úmidas, e essa ave era para estar em todas as serras do Estado, como Ibiapaba e Aratanha
Fábio Nunes
Biólogo

O contexto exige, então, mudanças para ações ambientais que permitam a conservação das espécies no Estado. “Entra no melhoramento ambiental, da gente criar reservas mais restritas, para que essas aves não entrem em extinção”, conclui.

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