Seguir caminho dos produtos traz qualidade e custo menor

A rastreabilidade ganha força no Brasil com exigências regulatórias ou com iniciativas individuais de empresas

Escrito por Murilo Viana/Raone Saraiva - Repórteres ,

Você já parou para pensar de onde vem e há quanto tempo foi colhida a fruta que você comeu hoje no café da manhã? A resposta para perguntas como esta está em um tipo de tecnologia que já é adotada no Brasil e pode trazer benefícios, tanto para empresários como para o consumidor: a rastreabilidade.

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O termo se refere à habilidade de se monitorar todos os passos de itens, desde a produção, passando pela distribuição, até o local em que as mercadorias são colocadas à disposição consumidores, nos pontos de venda.

Dentre os seus benefícios, estão facilitar a identificação dos fatores responsáveis por problemas na produção, redução de custos nos processos de mudanças de embalagens e etiquetas de produtos e o combate a desvios de cargas e falsificações.

"A principal vantagem da rastreabilidade é ter segurança sobre o que uma pessoa está consumindo, seja um alimento ou um medicamento de um paciente. Quando a gente fala de empresas, o principal beneficio é ter controle dos itens para que elas possam oferecer uma qualidade comprovada, que saibam a procedência, ter a segurança de que esses itens são verdadeiros para o consumidor final", resume a assessora de negócios da Associação Brasileira de Automação (GS1 Brasil), Patrícia Amaral Okumura.

O monitoramento dos produtos por todo o caminho do setor produtivo também facilita o processo de recall (recolhimento de produtos com defeito). A adoção da rastreabilidade, por exemplo, facilitaria as compras da aposentada Sireide Barbosa, 67 anos, que vez por outra compra uma fruta no supermercado, aparentemente perfeita, mas quando chega em casa vem a decepção. "A gente compra muito abacaxi assim. A gente vê que é bonito, mas quando abre está todo estragado. Abacate também", lembra a aposentada

Os países da União Europeia, onde a rastreabilidade é obrigatória por lei para todos os produtos alimentares, frutas, legumes e verduras, por exemplo, têm pelo menos seu país de origem. O que impulsionou o uso da tecnologia na União Europeia foi a segurança. Na década de 1990, a chamada "doença da vaca louca" atacou rebanhos e fez com que os mercados locais se tornassem bastante exigentes com a origem e o controle da carne.

No Brasil, a rastreabilidade vem sendo impulsionada, principalmente, em decorrência de exigências regulatórias ou por iniciativas individuais de empresas. Nesse contexto, os segmentos de alimentação e de saúde despontam na implementação de sistemas desse tipo. "A participação de outros setores seria importante, como o segmento de materiais de construção e a parte automobilística. São áreas que poderiam ter uma evolução, mas acho que é só é uma questão de tempo", defende.

Faltam mais iniciativas

Na opinião de Patrícia Okumura, a rastreabilidade no Brasil, no entanto, ainda não é pulverizada porque o mercado não está "contaminado" sobre a importância da tecnologia.

"Às vezes, o parceiro de negócios não fez e o empresário também não faz. Às vezes, a gente não tem regulamentações que exijam, e a empresas não acham necessário. O que eu entendo é que as empresas ainda não têm esse senso de pioneirismo. É difícil. Elas implantam quando um parceiro de negócios pede, por uma regularização ou quando um concorrente adota", diz. Embora sejam exceções, as empresas pioneiras existem, inclusive no Ceará.

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