Itens com agrotóxicos acima do permitido caíram 10%

Programa rastreia e monitora níveis de resíduos dos produtos químicos em frutas, legumes e verduras

Escrito por Redação ,
Legenda: O caminho da mercadoria até o consumidor fica disponível na internet para consulta pública. Já as análises técnicas são disponibilizadas em um portal para a realização do monitoramento
Foto: FOTO: HELENE SANTOS

Colocado em prática desde 2013, o Programa de Rastreamento e Monitoramento de Agrotóxicos (Rama) - estruturado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) - já conseguiu reduzir em cerca de 10% a quantidade de frutas, legumes e verduras das empresas participantes que ultrapassavam os limites máximos de resíduos de agrotóxicos permitidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

> Seguir caminho dos produtos traz qualidade e custo menor

> Empresa do CE foi 1ª a rastrear frutas

> Modelo auxilia nas escolhas do consumidor

> Pão de Açúcar completa 10 anos de carnes rastreadas

> Carrefour destaca vantagens da ação

> Prazo para adequação à norma da Anvisa é curto

> Isofarma já adota padrão exigido

> Códigos são essenciais no processo

"Basicamente, esse é o grande resultado. Hoje, o produto é recolhido no momento em que ele chega à loja, antes mesmo de ir para a área de vendas, porque ele não pode sofrer contaminação. A empresa que monitora (PariPassu) vai ao supermercado, no momento em que o produto chega, recolhe as amostras e encaminha para o laboratório, que faz a análise", diz o vice-presidente da Abras, Marcio Milan.

Se for detectado que os níveis de resíduos estão acima do permitido, o fornecedor dos itens recebe um plano de correção. Após 30 dias, a PariPassu faz nova coleta para saber se a situação irregular permanece.

O Rama possui dois pilares principais. O primeiro é a rastreabilidade das frutas, legumes e verduras de todos os fornecedores cadastrados pelas empresas participantes. O segundo é o monitoramento do nível de agrotóxico nos produtos. O caminho completo da mercadoria até o consumidor fica disponível na internet para consulta pública. Já as análises técnicas são disponibilizadas em um portal para que produtores ou fornecedores e supermercadistas consigam realizar o monitoramento dos itens de forma contínua.

Balanço

Atualmente, o programa conta com 27 redes de supermercados participantes, presentes em 15 estados. Há uma média de 14 milhões de toneladas de produtos rastreadas por mês e um total de 1.100 amostras já realizadas para a identificação de agrotóxicos desde 2013.

Em Santa Catarina, o Rama teve reconhecimento pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), por meio da Plataforma de Boas Práticas para o Desenvolvimento Sustentável.

Ceará

No Ceará, os Mercadinhos São Luiz e o Carrefour são os únicos participantes do Rama. O GBarbosa, Atacadão e o Supermercado Pinheiro estão em avaliação para implementação do programa em seus estabelecimentos.

Os supermercados são apresentados e convidados a participarem da iniciativa por meio de suas associações regionais. Em encontros, apresenta-se a metodologia de implantação do programa, o cronograma de trabalho, o processo de coleta e monitoramento de resíduos de agrotóxicos e a política de correção para as amostras inconformes de agrotóxicos.

O investimento feito pelo empresário para aderir ao programa "foi construído de forma que o supermercado, o produtor ou distribuidor possam participar sem incorrer em valores que inviabilizem a operação", defende o vice-presidente da Abras.

Desafios

Na avaliação do representante da entidade, o Rama ainda encara o desafio de conscientizar os produtores sobre a importância do controle de qualidade de frutas, legumes e verduras. "Eles têm impacto direto na saúde da população. Precisamos trabalhar para convergir os esforços públicos e privados para um interesse único orientado para a sociedade", defende.

O Rama também tem a meta de aumentar o número de estabelecimentos participantes e melhorar os resultados de conformidade para as análises de resíduos de agrotóxicos.

Opinião por Giampaolo Buso, Diretor Comercial da PariPassu

Iniciativa agrega mais valor ao produto

A rastreabilidade e o monitoramento de alimentos surgiu com a demanda de órgãos externos, como a Anvisa, e do mercado em seguir padrões de qualidade e de segurança alimentar. Hoje, fazer o rastreamento é essencial ao produtor que busca agregar mais valor ao seu produto, sendo considerado um diferencial de mercado e permitindo a maior rapidez na correção de problemas. A sociedade está cada vez mais preocupada com o alimento seguro e de qualidade, e a rastreabilidade desde a origem contribui diretamente para estes fatores.

No mercado brasileiro, tem aumentado a demanda por produtos rastreados e há movimentações ocorrendo, tanto no setor público quanto privado. Desde 2010, a Abras e a PariPassu mantém uma parceria para atuação conjunta no mercado de frutas, legumes e verduras para a rastreabilidade e o monitoramento da qualidade dos alimentos, contribuindo para o desenvolvimento da cadeia de abastecimento. A PariPassu também é associada à GS1, promovendo a rastreabilidade através da codificação padrão definida pela entidade para a comunicação de dados.

Os destaques das últimas 24h resumidos em até 8 minutos de leitura.