Quem é o cearense que recebeu, junto com Fernanda Torres e Alceu Valença, Ordem do Mérito Cultural

Presidente entregou nesta 3ª feira (20), 126 medalhas para artistas, intelectuais e instituições durante evento no Rio de Janeiro

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Redação producaodiario@svm.com.br
(Atualizado às 19:30)
O Artesão, Mestre Espedito Seleiro e o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de Entrega da Ordem do Mérito Cultural, no Palácio Gustavo Capanema.
Legenda: Mestre Espedito Seleiro com o Presidente Lula durante cerimônia de Entrega da Ordem do Mérito Cultural, no Rio de Janeiro
Foto: ricardo stuckert

O presidente Lula (PT) entregou, nesta terça feira (20), a Ordem do Mérito Cultural (OMC), a maior honraria do setor cultural brasileiro, para 112 artistas e intelectuais e 14 instituições. A homenagem, suspensa desde 2019  que retornou este ano, celebrou nomes como Fernanda TorresWalter Salles, Alceu Valença, Xuxa, Paulo Gustavo, Lázaro Ramos, entre outros. Um cearense estava entre os nomes dos agraciados: o artista e mestre da cultura Espedito Seleiro.

Esta é a segunda vez que o cearense é homenageado com a importante honraria na categoria Comendador. Em 2011, recebeu a Ordem do Mérito Cultural, concedida pela presidente da República  Dilma Rousseff, por suas relevantes contribuições à cultura brasileira. Desta vez, foi a ministra da Cultura, Margareth Menezes, que entregou o prêmio ao mestre da cultura do Ceará.

A ministra da Cultura, Margareth Menezes, celebrou a diversidade dos homenageados em discurso em uma noite marcada por simbologias. "Hoje, homenageamos artistas, mestras e mestres da cultura, trabalhadores e trabalhadoras da arte, representantes dos mais diversos territórios do país. Celebramos a cultura como direito, como cidadania, como identidade e como força viva de transformação social e econômica”, disse.

Quem é Espedito Seleiro

Legenda: A qualquer hora do dia é possível encontrar Espedito Seleiro em sua loja, na cidade de Nova Olinda
Foto: FOTO: THIAGO GADELHA

Espedito Velozo de Carvalho, mais conhecido como Espedito Seleiro, é artista e artesão cearense. Nasceu, em Arneiroz, em 1939 de uma família de artistas do couro. Aos 8 anos, começa a fazer sela, seguindo tradição familiar no ofício, a exemplo do pai, Raimundo Pinto de Carvalho, e do avô Gonçalo Pinto de Carvalho.

Em 1949, chega a Nova Olinda onde exerceu ofício de seleiro. De lá só saiu quando foi tentar a vida em uma fazenda de café em São Paulo para fugir da seca. Mas logo volta para o Cariri e abre sua primeira oficina de sapataria.

Em 1980, a partir de uma encomenda de Alemberg Quindins, idealizador da Casa Grande Memorial do Homem Cariri, cria uma sandália de lampião com sua assinatura criativa. Suas peças em couro se espalharam pelo mundo, ganharam várias parcerias com estilistas e designers e colocou a oficina do mestre cearense nos holofotes.

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O artesanato de Espedito Seleiro já foi parar na Sapucaí à Embaixada do Brasil em Londres. Ele assinou figurino que foi parar no cinema e novelas.

Aos 85 anos, continua a atender os clientes em sua oficina em Nova Olinda e segue como peça principal. Supervisiona o trabalho de todos os filhos, netos e funcionários diariamente. E é raro que um objeto saia para venda sem passar pelo seu crivo.

Legenda: Mestre do artesanato em couro, Espedito Seleiro é referência internacional no seu ofício
Foto: FOTO: THIAGO GADELHA

Por seu trabalho, ganhou o título de Mestre da Cultura Tradicional Popular do Ceará, concedido pelo Governo do Estado do Ceará, em 2008. Em 2011, recebeu a Ordem do Mérito Cultural. Abriu o Museu do Couro e lançou muitas coleções e teve peças em exposições no Brasil e fora dele.

Recebeu o título de notório Saber em Cultura Popular (Artesanato em Couro), concedido pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), em reconhecimento a sua contribuição artística e cultural. Foi agraciado com o Troféu Sereia de Ouro, comenda do Sistema Verdes Mares.

 Ordem do Mérito Cultural

A OMC deste ano teve um diferencial: a consulta pública. Foram mais de 11 mil contribuições populares indicando nomes de todas as regiões, gerações e expressões culturais do país. Entre os premiados, estão nomes que atuam em áreas como música, literatura, teatro, dança, cinema, circo, audiovisual, cultura digital, cultura popular, culturas indígenas, negras e urbanas, além da arquitetura e do patrimônio histórico.

Os homenageados são reconhecidos em 3 diferentes graus:

  •  Grã-Cruz, para as maiores distinções; 
  •  Comendador, para contribuições de destaque; 
  •  Cavaleiro, para contribuições relevantes em suas áreas de atuação

No grau máximo da condecoração, a Grã-Cruz, foram reconhecidos artistas como Alaíde Costa, Alceu Valença, Beth Carvalho (in memoriam), Fernanda Torres, Marcelo Rubens Paiva, Martinho da Vila, Milton Nascimento, Paulo Gustavo (in memoriam) e Walter Salles. Também foram contempladas instituições e movimentos culturais emblemáticos, como o Balé Folclórico da Bahia, o Museu da Diversidade Sexual, a Feira do Livro de Porto Alegre, o Ocupa MinC, o Muquifu e o Festival de Parintins. As escolhas foram feitas por uma comissão técnica e pelo Conselho da Ordem.

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Durante a cerimônia, também foram lançados dois selos postais comemorativos: um em celebração aos 40 anos do Ministério da Cultura e outro em homenagem à Eunice Paiva, ativista dos direitos humanos. Para o escritor Marcelo Rubens Paiva, também agraciado com a Grã-Cruz, o momento foi um marco.

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante a cerimônia de Entrega da Ordem do Mérito Cultural, no Palácio Gustavo Capanema. Rio de Janeiro - RJ.
Legenda: Artistas agraciados pela Ordem do Mérito Cultural com presidente Lula e ministra Margareth Menezes
Foto: Ricardo Stuckert

Palácio Gustavo Capanema

O evento desta terça-feira também marcou a reinauguração do Palácio Gustavo Capanema. Projetado por Lucio Costa e Oscar Niemeyer, com consultoria de Le Corbusier e jardins de Burle Marx, o edifício é considerado um dos marcos da arquitetura modernista mundial.

Fechado há dez anos, o Capanema passou por um minucioso processo de restauração conduzido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Foram investidos R$ 84,3 milhões em obras que incluíram requalificação das instalações elétricas, hidráulicas, sistema de incêndio, mobiliário e climatização, além da recuperação de obras de arte de Portinari e esculturas de Bruno Giorgi.

 

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