Trajetória de Espedito Seleiro é marcada por desfiles, exposições e comendas
Em 2019, quando comemora 80 anos de vida, o mestre do couro recebeu o Troféu Sereia de Ouro, desfilou na Marquês de Sapucaí e foi homenageado com exposição no Museu de Arte da UFC
Espedito Velozo de Carvalho, conhecido como Espedito Seleiro, é artista e artesão. Em seu ateliê, na pequena Nova Olinda, no Cariri cearense, cria acessórios, vestimentas e mobiliário em couro. Nascido em uma família de seleiros, trabalha com seis filhos e 2 netos. Recebeu, em 2008, o título de Mestre da Cultura Tradicional Popular do Ceará, concedido pelo Governo do Estado e, em 2001, a Ordem do Mérito Cultural, concedida pela Presidência da República do Brasil. No dia 27 de setembro de 2019, conquistou o troféu “Sereia de Ouro”, comenda do Sistema Verdes Mares que há 49 anos exalta o talento de cearenses em diversas áreas de atuação
Em reconhecimento à contribuição artística e cultural, foi agraciado com o Título de Notório Saber em Cultura Popular (Artesanato em Couro), concedido pela Universidade Estadual do Ceará (Uece) em 2016. Na trajetória bem-sucedida, realizou exposições nas cidades de Fortaleza, São Paulo, Rio de Janeiro e Londres.
É protagonista de documentários, teses de mestrado, livros e cordéis. Novelas e filmes incluíram suas peças no figurino e, em parcerias com grifes nacionais, apresentou coleções nas principais passarelas de moda do Brasil: São Paulo Fashion Week e Dragão Fashion Brasil. Seu talento foi reconhecido pelos designers brasileiros, de fama internacional, Fernando e Humberto Campana, que viajaram até Nova Olinda para, juntos ao mestre, desenvolverem a coleção de mobiliário Cangaço, lançada em São Paulo e Miami.
TRAJETÓRIA
1939
• Espedito Velozo de Carvalho, que se tornou conhecido como Espedito Seleiro, nasce em 29 de outubro em Arneiroz, filho de Raimundo Pinto de Carvalho e Maria Pastora Veloso.
1947
• Aos 8 anos, começa a fazer sela, seguindo tradição familiar no ofício, a exemplo do pai, Raimundo Pinto de Carvalho, e do avô Gonçalo Pinto de Carvalho.
1949
• Chega a Nova Olinda, levado pelo pai, que era vaqueiro e trabalhava numa fazenda de nome Iburana que ficava na zona rural do município. Nesse mesmo local, já exercia o ofício de seleiro e trabalhou cerca de cinco anos nesta fazenda.
1958
• A família passou por bastante dificuldade, pois era período de seca, por esse motivo teve que viajar para São Paulo a procura de emprego para ajudar no sustento da família.
1960
• Retornou para Nova Olinda depois de trabalhar por dois anos em um cafezal de São Paulo. No município cearense, comprou uma bodega e montou a primeira oficina de sapataria.
• Conheceu a esposa, Francisca de Brito Carvalho, que tinha 14 anos de idade e Espedito, 21 anos. Logo se casaram. Da união, nasceram nove filhos, desses sobreviveram 6 herdeiros. Tem 5 netos, dois são adultos e já trabalham com no mesmo ofício. As crianças já demonstram talento para seguir a tradição familiar, fazendo algumas costuras manuais.
1980
• Recebeu uma encomenda de Alemberg Quindins, idealizador da Fundação Casa Grande Memorial do Homem Cariri, para fazer uma “sandália de Lampião”. A provocação fez Espedito inovar em seu trabalho, e a produção criativa passou a ser divulgada em diferentes regiões do País por meio das andanças do gestor cultural.
1990
• Por intermédio de Alemberg Quindins, Espedito encontrou a socióloga e ativista Violeta Arraes (1926-2008), uma cearense que morou por muitos anos em Paris. Na época Secretária de Cultura do Ceará, ela encomendou uma bolsa com a estética das selas que o artesão desenvolvia. Esse contato também ajudou na difusão de seus artefatos em couro, que, em virtude da circulação de Violeta Arraes, passaram a ser reconhecidos na cena artística nacional e internacional.
2000
• Teve peças incluídas no figurino do filme “O Auto do Compadecida”, do diretor Guel Arraes.
2005
• Criou calçados e acessórios para o desfile da Cavalera (Verão 2006) na São Paulo Fashion Week (SPFW), marcando, assim, sua estreia na principal vitrine de moda brasileira.
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2007
• Assinou o figurino do personagem do ator Marcos Palmeira, que interpretou um vaqueiro no filme “O homem que desafiou o diabo”, de Moacyr Góes.
2008
• Foi agraciado com o título de Mestre da Cultura Tradicional Popular do Ceará, concedido pelo Governo do Estado do Ceará – Secretaria da Cultura (2/12/2008)
2011
• Recebeu a Ordem do Mérito Cultural, concedida pela presidente da República Federativa do Brasil, Dilma Rousseff, por suas relevantes contribuições à cultura brasileira.
2012
• A exposição “Espedito Seleiro: da sela à passarela” é exibida na Sala do Artista Popular, do Museu de Folclore Edison Carneiro, ro.
• Lançamento do filme “A Sandália de Lampião”, de Adriana Yañez, Antonio Lino e Paula Dib, que intercala traços do ofício de Espedito Seleiro com a estética do vaqueiro e do cangaceiro no sertão nordestino.
2013
• É um dos integrantes da mostra coletiva “Design da Periferia”, no Pavilhão das Culturas Brasileiras, em São Paulo, com curadoria de Adélia Borges.
2014
• Espedito Veloso inaugura em dezembro o Museu do Couro, em Nova Olinda, no qual reúne relíquias como a máquina de costura com brasão, herdada do bisavô, troféus, exibe em quadro os títulos e homenagens recebidos.
2015
• Lançamento e exposição da coleção Cangaço, desenvolvida em parceria com os irmãos Fernando e Humberto Campana, do Estudio Campana, referência mundial que se tornou famoso pelo design de mobiliário e criações de peças intrigantes.
2016
• Título de notório Saber em Cultura Popular (Artesanato em Couro), concedido pela Universidade Estadual do Ceará (Uece), em reconhecimento a sua contribuição artística e cultural.
• É tema de dissertação de Valeska Alecsandra de Sousa Zuim, mestre em Têxtil e Moda pela Universidade de São Paulo (USP), 2016: “Espedito Seleiro: análise dos métodos e processos produtivos artesanais como possibilidades criativas no Design de Moda”.
• É tema da dissertação de mestrado “Espedito Seleiro: tradição e ofício de um artesão cearense”, apresentada por Liana Cristina Vilar Dodt, ao Programa de Pós-Graduação em Comunicação, do Instituto de Cultura e Arte da Universidade Federal do Ceará (UFC).
• Teve criações no figurino da novela “O velho Chico” (Rede Globo) e da novela “A lei do amor” (Rede Globo)
• Lançamento do livro “Meu Coração Coroado, Mestre Espedito Seleiro, de Eduardo Motta, pela Editora Senac, 2016, sobre a vida e a obra do artesão cearense.
2018
• Em Lisboa, tem duas bolsas exibidas entre as 16 peças da exposição “Tanto Mar: fluxos transatlânticos do design”, por iniciativa do Museu da Moda e do Design (MUDE), com curadoria de Adélia Borges e Bárbara Coutinho.
2019
• Na Embaixada do Brasil em Londres, apresentou, de 15 a 22 de fevereiro, suas criações na exposição “Meu Coração Coroado”.
• Na Marquês de Sapucaí, desfilou em um carro alegórico na Escola de Samba União da Ilha do Governador. Foi um dos homenageados no enredo “A peleja poética entre Rachel e Alencar no avarandado do céu”, do carnavalesco Severo Luzardo.
• Suas peças em couro se destacam na Coleção Cariri Visceral, apresentada no Dragão Fashion Brasil, em maio, por alunos dos cursos de Costureiro, Modelista e Figurinista do Senac Crato.
• No dia 13 de agosto, é aberta a “Espedito Seleiro – 80 anos de couro e alma”, no Museu de Arte da Universidade Federal do Ceará (MAUC), em Fortaleza.
• Recebeu o título de notório saber em Cultura popular da Universidade Federal do Ceará – UFC. (23/08)
• É homenageado na São Paulo Fashion Week com a coleção SerTão Cariri, apresentada pela grife Amapô em parceria com alunos do curso de Desenhista de Moda do Senac Crato (17/10)