Que Nem Tu: Carol Zacarias luta contra gordofobia e falta de representatividade na moda
A cearense usa sua influência no digital para empoderar mulheres, falar sobre diversidade de corpos e desconstruiu a moda para libertar e não aprisionar
A influenciadora digital Carol Zacarias é uma voz ativa na luta contra gordofobia e a falta de representatividade na moda. Já são quase 15 anos de um trabalho que reflete sobre os espaços do corpo gordo e como a roupa pode aprisionar ou libertar. Livre, a cearense faz questão de ver outras mulheres mais confortáveis com suas existências.
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Em entrevista ao Que Nem Tu, podcast do Diário do Nordeste, desta quinta-feira (27), ela relata a emoção que teve durante uma troca com uma seguidora que a marcou profundamente. Carol disse que um dia foi abordada por uma mulher, acompanhada da filha e do marido, em um evento de uma marca parceira. A mulher pegou 4 meios de transporte para encontrá-la, abraçá-la e agradecer.
"[Ela me disse] 1Depois que te conheci tive coragem de viver minha vida e de vestir um maiô e ir pra uma praia com minha filha. Foi a primeira vez que minha filha foi pra uma praia pq eu tive coragem1. EU fico arrepiada toda vez", emociona-se.
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É por esse resultado que a cearense não desiste do trabalho que é também o de educar. Mas ela confessa que não é fácil ser uma voz de desconstrução num terreno tão fértil para padrões como as redes sociais. "Todo dia eu penso em desistir. Todo dia não. Tem dia que eu tô esperançosa achando que vou mudar mundo. Mas umas três vezes no mês eu penso em largar tudo porque meu trabalho é um eterno enxugar gelo", reflete.
Carol tem a consciência de que se colocou numa vitrine por uma causa coletiva, mas o ônus disso é só dela. Para enfrentar os comentários e as violências de uma tentativa de enfraquecimento de sua voz, ela disse que se protege em uma rede de amigos e com terapia.
"Nem todo corpo magro é saudável e nem todo corpo gordo é doente. Isso é o básico, óbvio. Se não, só ia morrer gente gordo e gente magra era imortal. Me dá uma preguiça. Eu amo o que eu faço, eu amo tudo. Mas tem uns comentários, umas pessoas que tiram a nossa paciência", diz.
A influenciadora também reflete que pela qualidade do trabalho, constância e tempo, já deveria ter um número bem maior de seguidores e um impacto ainda maior. Mas, ao mesmo tempo, em que ela afirma que ser uma influencer fora do padrão e que desconstrói paradigmas o crescimento é mais lento, ela também sabe que a construção do público é constante.
"Acontece muito. Eu tenho sorte porque eu tenho um público muito bom. Ao mesmo tempo que eu acho que deveria tá com mais um pouco de seguidores. Mas eu acho que deveria estar com 100 mil seguidores. Eu acredito no meu trabalho. É importante pra várias mulheres. Já recebi vários feedbacks positivos de outras mulheres que conseguiram fazer coisas bestas na vida que nunca imaginariam fazer por influência minha. Mas, ao mesmo tempo, eu acho bom ter meus 58 mil porque eu vou construindo algo muito sólido".