Festival de Cinema Coreano chega a Fortaleza com exibições gratuitas no Cineteatro São Luiz
KOFF - Festival de Cinema Coreano apresenta filmes coreanos que vão além do k-drama e do cinema de autor
Entre o reconhecimento internacional de obras vencedoras no circuito de festivais e premiações como “Parasita” (2019) e “Oldboy” (2003) e a popularidade de k-dramas como “Além do Direito” e “Se a Vida te Der Tangerinas…”, há uma infinidade de produções sul-coreanas a serem descobertas pelo público brasileiro.
É com a intenção de apresentar esse panorama aos espectadores que o KOFF - Festival de Cinema Coreano chega pela primeira vez a Fortaleza a partir desta terça-feira (26), em uma programação gratuita que ocupa o Cineteatro São Luiz, no Centro.
Esta é a terceira edição do evento, que surgiu em 2023 no estado de São Paulo buscando “tornar acessível a rica e diversa produção audiovisual sul-coreana”, resume Rubens Rewald, professor e diretor de cinema que assina a curadoria do KOFF.
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Interesse na cultura coreana
Segundo ele, o festival se somou a um “movimento crescente de interesse dos brasileiros e do mundo em geral por vários aspectos da cultura coreana”. “Os k-dramas, a culinária, a moda, enfim, o soft power que a Coreia está se tornando praticamente líder mundial”, destaca.
“A ideia era ampliar o acesso do público brasileiro aos filmes coreanos que era muito restrito até então, só aos principais filmes premiados no exterior”, avança Rubens. “Desde o primeiro festival, a ideia era tentar levar para o maior número de cidades possíveis, mas foi uma coisa bem gradual”, rememora.
De partida, o evento era realizado em Piracicaba e em São Paulo. Na atual edição, além das duas cidades paulistas, o KOFF já passou por Goiânia e, depois de Fortaleza, seguirá para Porto Alegre, Curitiba e Belo Horizonte.
“A ideia é a cada ano gradualmente ir ampliando esse número de cidades, porque a gente acredita plenamente que há um interesse geral no país por essa produção sul-coreana, pelo mundo sul-coreano, pela cultura sul-coreana”, defende.
Diversidade de produção
No recorte da curadoria que virá para a capital cearense, serão apresentados 18 filmes sul-coreanos no Cineteatro São Luiz. Deles, 9 são curtas-metragens e os outros 9, longas-metragens.
O foco é acentuado na produção contemporânea. “O KOFF tem um recorte baseado na diversidade e na modernidade. Para a gente, é muito interessante dar uma visão da diversidade principalmente em termos de gêneros”, destaca Rubens.
“Nesse festival a gente tem comédias românticas como ‘You Are the Apple of My Eye’, filmes com uma pegada mais de crítica social como ‘Dream Palace’”, exemplifica.
Além dos curtas e longas recentes, o festival nesta edição também celebra os 50 anos do Korean Film Archive (KOFA), acervo histórico do cinema sul-coreano. Em Fortaleza, haverá exibição do clássico "Madame Liberdade" (1956) em cópia restaurada digitalmente em 4k.
“Essa diversidade é uma das questões mais características dessa produção contemporânea, e também a capacidade da produção sul-coreana de assimilar várias tendências da produção cinematográfica mundial e transformá-las com um ponto de vista, um modo, um olhar coreano. Isso também a gente acha fascinante, essa capacidade de estar falando do mundo e de si ao mesmo tempo”
Não por acaso, a cultura do país asiático tem se popularizado não como moda passageira, mas como algo que veio para ficar — e não só no Brasil, mas mundialmente. Entre os marcos audiovisuais desse movimento, estão a consagração de “Parasita” no Oscar e da série “Round 6”.
O que o Brasil pode aprender com a Coreia do Sul?
Na esteira do primeiro reconhecimento brasileiro no Oscar, ocorrido no início deste ano com “Ainda Estou Aqui”, a pergunta que fica é: o que o cinema nacional pode aprender a partir da experiência sul-coreana?
“A questão principal que o cinema brasileiro pode olhar para o cinema coreano e tentar assimilar é o investimento forte do setor público no audiovisual”, aponta o curador. Por lá, inclusive, a regulação dos streamings já é realidade.
“O governo da Coreia considera o audiovisual um setor estratégico, então tem investimentos muito polpudos, porque cultura é soft power. Você está vendendo o seu país, os seus produtos, o seu modo de vida através da cultura”, sustenta.
Rubens destaca, ainda, o papel central da educação no país asiático não apenas em relação ao cinema, mas ao próprio país.
“Quando teve a guerra da Coreia, que se dividiu, a Coreia do Sul ficou devastada. Para eles se levantarem, chegaram à conclusão que o melhor era investir em educação, era a única forma de, depois de anos, conseguir dar um salto de qualidade”, contextualiza.
Tal investimento, correlaciona Rubens, teve reverberações no atual cenário cultural sul-coreano. “Isso faz diferença na construção cultural do país, na formação de um mercado aberto à própria produção”, avalia.
KOFF - Festival de Cinema Coreano
- Quando: de 26 a 30 de agosto
- Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500, Centro)
- Entrada gratuita, com retirada pelo Sympla ou na bilheteria
- Mais informações: @koffko_ e www.koffko.com.br
Programação do KOFF em Fortaleza
26/8 (terça-feira)
- 18h30 - Exibição do curta “Aloha” e do longa “Notas de Um Amor Secreto”
27/8 (quarta-feira)
- 16h30 - Exibição do curta “See You on the Other Side” e do longa “Dream Palace”
- 19 horas - Exibição do curta “Bruise” e do longa “Summer’s Camera”
28/8 (quinta-feira)
- 16h30 - Exibição do curta “Dancing Grandma” e do longa “Boy In The Pool”
- 19 horas - Exibição do curta “Stand at the Winter Sea” e do longa “Regras do Amor na Cidade Grande”
29/8 (sexta-feira)
- 16h30 - Exibição do curta “Finding Mom” e do longa histórico “Madame Freedom”
- 19 horas - Exibição do curta “Night Fishing” e do longa “Crypto Man”
30/8 (sábado)
- 14h30 - Exibição do curta “Invisible Eyes” e do longa “The Beetle Project”
- 17h30 - Exibição do curta “Fake Lies” e do longa “A Menina dos Meus Olhos”