Nem Labubu, nem ‘Lafufu’: conheça o ‘Tribufu’, boneco dos anos 90 que foi resgatado e viralizou

Boneco da Estrela saiu de linha há décadas e foi ‘rebatizado’ por dono de loja de Fortaleza; conheça história do brinquedo

Escrito por
Ana Beatriz Caldas beatriz.caldas@svm.com.br
Boneco criado pela Estrela para uma campanha da Caixa foi 'rebatizado' neste ano
Legenda: Boneco criado pela Estrela para uma campanha da Caixa foi 'rebatizado' neste ano
Foto: Ismael Soares

Em meio à febre de bonecos colecionáveis – com destaque para o Labubu e suas réplicas, que ganharam o apelido de “Lafufus” –, um brinquedo esquecido nos anos 90 ressurgiu em uma loja de Fortaleza e virou item de desejo.

Apresentado com o bem-humorado título “Tribufu, o primo feio do Labubu”, o monstrinho roxo de um palmo de altura foi “resgatado” em junho pelo analista de telecomunicações Diego Genuino, 33, dono da loja Cantinho do Colecionador, localizada no Shopping Benfica.

Diego Genuino, 33, proprietário do Cantinho do Colecionador
Legenda: Diego Genuino, 33, proprietário do Cantinho do Colecionador
Foto: Ismael Soares

Entusiasta do colecionismo há quase 20 anos, Diego decidiu adquirir um lote com 100 unidades do brinde em junho deste ano, após conhecer a história do brinquedo caricato por meio de um amigo colecionador.

Idealizado pela Caixa Econômica Federal e confeccionado pela megaempresa de brinquedos Estrela, o bichinho na verdade se chama Monstrinho da Anuidade da Caixa e foi criado para servir de brinde para clientes do banco que pagassem a anuidade do banco em dia. 

No entanto, a iniciativa não fez sucesso entre o público adulto e a Estrela acabou recolhendo 50 mil exemplares do boneco, que passaram anos encaixotadas e foram a leilão em 2010, sendo adquiridas por diversos entusiastas de itens nostálgicos. 

“Não tinha nenhum afeto com criança, nenhuma relação, e era um boneco feio pra época, né? Foi um brinquedo feito para adulto, mas não teve relevância”, conta Diego.

Unidades do brinquedo custam R$ 20 e são limitadas
Legenda: Unidades do brinquedo custam R$ 20 e são limitadas
Foto: Ismael Soares

O amigo do empresário foi um dos compradores que garantiu alguns milhares de monstrinhos à época. Anos mais tarde, a tendência de Labubus e outros brinquedos colecionáveis fez com que Diego resolvesse apostar na compra de 100 exemplares para vender na última edição do Sana, em julho.

“Foi quando eu tive a sacada. Uma criança chegou e pediu um Labubu. Aí eu disse ‘não, a gente não tem Labubu, que é um brinquedo novo, porque a gente trabalha com brinquedo antigo. Eu tenho um ‘tribufu’, que é o primo feio do Labubu. Aí mostrei pra ela, ela começou a rir e comprou”, conta Diego.

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Anúncio criativo fez boneco viralizar nas redes

Anúncio criativo foi feito com IA e viralizou na internet
Legenda: Anúncio criativo foi feito com IA e viralizou na internet
Foto: Ismael Soares

No mesmo dia em que realizou a primeira venda, o empresário fez uma foto do boneco e pediu a uma ferramenta de inteligência artificial que fizesse um banner “oficial” com a brincadeira. O anúncio chamou a atenção de clientes e fez com que todos os exemplares fossem vendidos, por R$ 20 cada, em pouco tempo.

Em comparação, um Labubu oficial custa cerca de R$ 223, em média, segundo a AFP.

Mas o sucesso veio mesmo quando uma influenciadora compartilhou um vídeo falando do tribufu no Instagram, conquistando um milhão de visualizações para o monstrinho. Em seguida, outros influenciadores e várias páginas de memes, como Brazilian Version e Fortaleza Ordinária, repostaram imagens do brinquedo e do anúncio criativo, um diferencial da loja.

Para dar conta da demanda, Diego adquiriu mais 250 exemplares – agora, há poucas unidades à venda –, mas conta que mais 2.500 devem chegar nos próximos dias, do último lote restante. “Quem comprar agora vai ter, porque não tem perigo da Estrela relançar isso de novo. Até por conta dos direitos”, alerta.

Após a viralização, o brinquedo tem aparecido em diversos marketplaces, com preços que podem chegar a R$ 100. Mas Diego garante: “tribufu” mesmo, só no Ceará. “A criatividade do ‘tribufu’ foi nossa”, brinca.

Loja nasceu do gosto do cearense pelo colecionismo

Cantinho do Colecionador também comercializa outros brinquedos colecionáveis, além de moedas, discos e mais
Legenda: Cantinho do Colecionador também comercializa outros brinquedos colecionáveis, além de moedas, discos e mais
Foto: Ismael Soares

Apesar de ser paraibano, Diego Genuino mora em Fortaleza há sete anos. Há quatro criou o Cantinho do Colecionador, estimulado não só pela paixão por itens antigos, mas também pelo entendimento de que os moradores de Fortaleza são afeitos a coleções. Ao montar a loja, uniu esse interesse a outra característica bem cearense: o bom humor.

“No espaço do Cantinho do Colecionador, além de ter a nostalgia, a gente gosta de fazer a resenha, né? Brincar com o público, com os clientes”, explica Diego. Por lá, também é possível encontrar, por exemplo, o “bebê reborn de bolso”, um boneco de plástico simples distribuído em festinhas infantis nos anos 90, além de outros brinquedos antigos, discos de vinil, fitas VHS, DVDs, moedas e outros itens colecionáveis.

“É muito forte o colecionismo aqui. Apesar de não ser tão divulgado, é muito forte. Todo fim de semana existe um evento de antigomobilismo em Fortaleza e todo domingo existe um evento de numismática, que é o pessoal gosta de cédula, de moeda”, comenta Diego.

A empreitada, que foi itinerante por quatro anos, ganhou uma loja física no primeiro andar do Shopping Benfica na última terça-feira (19). Há planos de comercializar alguns produtos on-line em breve – especialmente o “tribufu” – mas o foco deve ser no presencial, já que a região tem abraçado o projeto.

Além de ajudar a cultivar um hobby, a loja busca ser ponto de encontro para quem quer “reviver o passado” e compartilhar bons momentos. “Às vezes chega um avô, um pai, um familiar e apresenta para a criança um disquete, uma fita VHS, um vinil, um cartão telefônico – coisas que as crianças não sabem nem o que é hoje”, conclui Diego.

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