3ª temporada de Round 6 tem choque e indignação como ingredientes para encerrar sucesso da Netflix

Novos episódios encerram história que chocou público e se tornou uma das mais assistidas da plataforma

Escrito por
Mylena Gadelha mylena.gadelha@svm.com.br
Legenda: Gi-hun, protagonista da série, continua em uma saga sofrida na última temporada
Foto: divulgação/Netflix

Lá em 2021, pouco se sabia sobre o universo de 'Round 6'. Não se tinha conhecimento sobre a violência da obra, dos detalhes sutis da cultura coreana que seriam mostrados neste contexto ou muito menos do sucesso da série na Netflix. Agora, em 2025, com o lançamento dessa 3ª temporada, há ciência sobre tudo isso, mas o conteúdo da série ainda assusta e talvez seja esse, mais uma vez, o objetivo. 

Sem muito suspense para entregar a derradeira leva de episódios, a última temporada da série saiu nesta sexta-feira (27), como uma espécie de continuação da 2ª, que havia terminado em aberto, deixando os espectadores ansiosos por um desfecho. Partindo do mesmo ponto, há quase uma sensação de que tudo estava pausado, aguardando os novos eventos horrendos se concluírem. 

Gi-hun (Lee Jung-jae) continua como o protagonista da história, mas surge cada vez mais quebrado. Esse, inclusive, talvez seja um dos principais trunfos da série.

Quem acompanha, sem dúvidas, torce para que o personagem se livre de todo o sofrimento que o cerca, mas se frustra ao perceber que a tristeza e o choque da violência estão entranhados nele da mesma forma que permanecem em quem acompanha a série.

*Esse texto contém spoilers da nova temporada de 'Round 6'.

Fórmula repetida

Depois de perder o melhor amigo e descobrir a farsa de In-ho (Lee Byung-hun) na 2ª temporda, Gi-hun segue firme no objetivo de acabar com o jogo, mas se vê sem nenhuma saída. A própria série traz o questionamento, nesses novos episódios de forma ainda mais clara e dura: será que a humanidade pode ter esperança diante de uma realidade tão dura? 

Os novos jogos da temporada parecem deixar às claras que a resposta é negativa. Dessa vez, inclusive, eles parecem ainda mais duros, justamente pelo fato de que colocam nas mãos dos jogadores o poder de encerrar uma participação.

Se antes o jogo basicamente ceifava a vida desses jogadores, agora eles lutam ainda mais entre si de forma vertiginosa. A sensação é de ainda mais embrulho para quem vê, já que as cenas continuam gráficas e carregam todo o peso da narrativa.

Personagens de Round 6 na última temporada
Legenda: Personagens de Round 6 continuam como o ponto alto da produção
Foto: divulgação/Netflix

Talvez o ponto negativo é de que a estrutura da série não se altera. Se na primeira temporada a fórmula seguia uma base, chegamos na terceira sem muitas alterações. A série mostra os novos jogos, presenciamos as novas mortes, nos questionamos sobre a humanidade diante de tanta desgraça e, assim, somos levados por cada episódio. Quase nada de mudança, quase nada de frescor no formato.

A força dos personagens, entretanto, permanece. A série gira em torno deles e cumpre bem demais o papel para isso.

Novos jogos incrementam roteiro

Para mim, essa é a principal justificativa para o fim de 'Round 6': muito já foi retirado dessa história e tudo que chega a partir disso pode acabar soando banal, algo que seria completamente prejudicial ao enredo.

Ainda que se repita nas próprias fórmulas, a produção se encontra em um "bom local" e é capaz de tomar as rédeas do que construiu. Destaque claro para as novas "brincadeiras", que são tão impactantes quanto as anteriores, com destaque especial aos novos bonecos gigantes assustadores.

Além disso, a escolha por mostrar mais dos que financiam estes jogos mortais também acrescenta um tom cada vez mais sádico ao roteiro. 

'Round 6' chegou exatamente onde precisava chegar, mesmo que talvez pareça ter se estendido além do necessário.

A trama marcará, sem dúvida, a história das produções do streaming e será lembrada tanto pela qualidade como pela capacidade de mexer nas mais profundas convicções de quem a assiste.

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