O que é 'pomba suja'? Entenda gíria usada por Vinícius para descrever cearense Renata no BBB 25
Professora da UFC explica que gírias são dinâmicas e que Renata não tinha obrigação de conhecer termo utilizado na Bahia
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Foi durante um Sincerão, no Big Brother Brasil 25, que Vinícius chamou Renata de 'pomba suja'. Dentro e fora da casa mais vigiada do Brasil, surgiu a dúvida: mas afinal, o que é pomba suja? Ao gshow, o ex-BBB Lucas Pizane explicou que gíria é usada para pessoas que não são confiáveis.
"Uma pessoa que, aparentemente, está no caminho errado das coisas, uma pessoa que a gente não se mistura, até porque está sujo e a gente não quer se sujar também. Esse é o significado da expressão que a gente costuma usar lá na minha amada Bahia”, acrescentou.
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Em entrevista ao Diário do Nordeste, a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC), Maria Elias Soares, explicou que as gírias costumam ser utilizadas por determinados grupos sociais, que nem sempre se estendem a uma região brasileira, como o Nordeste. Nesse sentido, defendeu a cearense por não conhecer a gíria, destacando que ela não tinha obrigação de conhecer o termo.
Após o termo ser jogado na roda, no dia 17 de março, alguns internautas pontuaram que era motivo dela, enquanto nordestina, não conhecer o termo. "Como se trata de um vocabulário especial, de uma forma de expressão cultural, manifestada linguisticamente, a gíria não se estende a uma região", afirma Maria, linguista com doutorado em Letras.
"Há um dinamismo na gíria. Certos termos, expressões ou frases podem criados no interior de um grupo podem passar para a linguagem comum ou desaparecer. Isso ocorre também com os bordões usados por humoristas, ou artistas de televisão".
Ilusão de uniformidade da língua
Ao refletir sobre a cobrança dos termos regionais, Maria Elias afirma que existe uma ilusão de que a língua é conhecida de forma uniforme no Brasil. "Falar uma língua envolve uma multiplicidade de fatores que influenciam as habilidades dos falantes, habilidades essas desenvolvidas no seu processo de aquisição da língua, a região onde cresceu e se educou, a escolaridade, o gênero, a situação de comunicação, o interlocutor…"
Devido a tudo isso, surgem as escolhas dos falantes. Para ela, as caracterizações estereotipadas de nordestinos influência na crença de que todos conheçam todas as gírias.
"Mas sabemos que há diferenças que distinguem a fala até de pessoas de um mesmo estado, ou de gerações distintas, ou que participem de grupos distintos", conclui.
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