Homenagem a Mariana Ximenes marca início do Cine Ceará
Abertura oficial do evento ocorreu neste sábado (20), no Cineteatro São Luiz
Cerca de 700 pessoas compareceram ao Cineteatro São Luiz neste sábado (20) para o primeiro dia da 35ª edição do Cine Ceará - Festival Ibero-Americano de Cinema. Além do grande público, a cerimônia de abertura contou com a presença de artistas cearenses e representantes da comunidade acadêmica, do Governo do Estado e do Ministério da Cultura (MinC).
A presença que mais chamou a atenção na noite, porém, foi a da atriz Mariana Ximenes, a homenageada desta edição do Cine Ceará, que distribuiu sorrisos, abraços e fotos na entrada do Cineteatro e destacou a emoção de receber o Troféu Eusélio Oliveira, honraria concedida a personalidades do cinema brasileiro.
Em um discurso emocionado, destacou as raízes cearenses – a família de sua mãe, Fátima, é de Groaíras, na região Norte do Estado –, a empolgação em seguir trabalhando e aprendendo com artistas do cinema brasileiro e chegou a recitar Patativa do Assaré para agradecer ao Ceará por acolhê-la "como filha e como atriz".
Eu sou dessa terra. E para ela, sempre que retorno, eu transbordo de emoção."
Ainda em sua fala, Mariana destacou a torcida por "O Agente Secreto" no Oscar e relembrou que muitos filmes brasileiros já fizeram história na maior premiação de cinema do mundo, a exemplo de "O Pagador de Promessas", "O Quatrilho", "Central do Brasil" e, claro, "Ainda Estou Aqui".
"São tantos filmes nacionais que reviram as nossas entranhas para nos fazer refletir, sonhar, sorrir, chorar. O cinema é uma arte coletiva. Estar em set me faz sentir viva e em comunhão com tudo o que eu acredito. É onde o meu ofício ganha sentido e onde a magia acontece", destacou.
"Essa homenagem é um presente, mas também é um impulso, um estímulo para seguir adiante. Para aprender, trocar e continuar transformando a minha arte e a mim mesma através dela", ressaltou.
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Atriz destacou vontade de filmar no Ceará
Em entrevista ao Verso, Mariana Ximenes destacou que não veio à capital cearense apenas para receber o Troféu Eusélio Oliveira, mas também para se conectar a artistas do Estado.
Com intermédio da organização do festival, a atriz marcou reuniões com realizadores do audiovisual cearense, como Petrus Cariry e Guto Parente, com quem deve se reunir nos próximos dias.
"Eu tô organizando para realmente para sair daqui com um projeto debaixo do braço. Eu adoraria filmar aqui", contou Mariana. A artista ressaltou também ter vontade de filmar em outros estados do Nordeste e do Norte, por acreditar que a produção audiovisual deve ser descentralizada.
"Toda vez que a gente abre essa possibilidade de ter mais cineastas filmando com olhares diferentes, sotaques diferentes, histórias diferentes, a gente vai ver a nossa sociedade refletida nas telas. E isso é fundamental pra gente ter identificação", destacou.
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Ximenes ainda comentou que aceitaria fazer projetos independentes, "mesmo que na guerrilha", mas brincou que ainda não recebeu convites para trabalhar no Ceará.
"Tá faltando convite, fica a dica?", riu. "Já falei pra Margarita [Hernandez], eu falei 'me conecta com as produtoras, com as diretoras'. Consegui falar com a Socorro Acioli, foi super bacana", pontuou.
"Eu tô super empolgada e quero desfrutar desse momento aqui. E que essa homenagem seja também uma porta de entrada minha no cinema cearense", concluiu.
Primeira sessão teve curta feito por crianças e estreia mundial
Além da homenagem à Mariana Ximenes, dois filmes foram exibidos na primeira noite de Cine Ceará. O primeiro deles, o curta de animação "Cada Um na Sua Tomada", é resultado de uma oficina com 20 crianças e adolescentes de escolas públicas da Capital. No palco, os pequenos receberam, com animação, os certificados pelo trabalho.
Para encerrar a noite, o Cineteatro São Luiz recebeu a estreia mundial do longa "Gravidade", do pernambucano Leo Tabosa, primeiro filme exibido pela Mostra Competitiva Ibero-americana de Longa-metragem.
Festival contribui para formação de público e impulsiona talentos
Até o dia 26 de setembro, mais 40 filmes serão exibidos gratuitamente no Cine Ceará. Ao todo, neste ano, 1.639 foram inscritos na seleção, um recorde para o festival. A diretora de programação do evento, Margarita Hernandez, destacou a importância deste marco.
"É um número que não é apenas estatístico: ele mostra a vitalidade da produção audiovisual em nossos países e a confiança que os cineastas do Brasil e do mundo depositam neste festival, e sobretudo neste público cearense caloroso, crítico e acolhedor", destacou.
Já a secretária do Audiovisual do MinC, Joelma Gonzaga, que também esteve presente na abertura do evento, destacou a importância de eventos voltados para o cinema brasileiro para a formação de um público que se interessa pela arte produzida no País.
"A carreira dos filmes no cinema começa nos festivais de cinema, e muitas vezes é o lugar onde a população tem o primeiro acesso à nossa cinematografia", comentou. "O Cine Ceará cumpre isso com muita excelência. É um espaço de formação do olhar, de formação de público e de enriquecimento da nossa cinematografia nacional", concluiu.
Entre os destaques da programação dos próximos dias estão a exibição de "O Agente Secreto", do diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, filme escolhido para representar o Brasil no Oscar 2026, no dia 24, e de "Morte e Vida Madalena", do cearense Guto Parente, no dia 26.
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Serviço
35º Cine Ceará
Quando: de 20 a 26 de setembro
Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 - Centro) e Cinema do Dragão (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)
Entrada gratuita | Veja detalhes de como garantir os ingressos aqui
Mais informações no site cineceara.com ou no Instagram @cineceara