Galeria da Liberdade é inaugurada em espaço onde ficavam os restos mortais de Castelo Branco
Solenidade de inauguração ocorreu nesta quarta-feira (18). Restos mortais seguem sob guarda do Governo e têm destino indefinido
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Com a exposição "Negro é um rio que navego em sonhos", o Governo do Ceará inaugurou, na manhã desta quarta-feira (18), a Galeria da Liberdade. Localizado no antigo mausoléu de Castelo Branco e com funcionamento de quarta-feira a sábado, o espaço é vinculado ao Museu da Imagem e do Som (MIS) e pretende ser um "espaço de difusão", com mostras que têm como eixo a luta pelos direitos humanos no Estado, no Brasil e no mundo, evidenciando as tramas políticas, geográficas e afetivas da história.
Participaram da solenidade o governador Elmano de Freitas (PT), a secretária estadual da Cultura, Luisa Cela, a secretária de Igualdade Racial, Zelma Madeira, a secretária de Direitos Humanos do Ceará, Socorro França, e o secretário-chefe da Casa Civil, Chagas Vieira, além de políticos da base governista, artistas e gestores culturais.
Para a coordenadora da galeria, Cícera Barbosa, a exposição de inauguração, composta por mostra fotográfica e de artes visuais, "é um convite para que as pessoas se sintam contempladas e convidadas a estar neste espaço refletindo, pensando sobre as várias possibilidades da palavra 'liberdade'".
A secretária Luisa Cela também acredita que a galeria proporcionará uma sensação de pertencimento. "Espaço de visitação ligado à memória, aos direitos humanos e à história das lutas dos povos que construíram e constroem, até hoje, o nosso Estado. É a sede do Palácio do Governo apresentando um pouco o seu povo, sua história", defende.
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Segundo Luisa, a ideia é que o equipamento tenha "sequências de exposições", sempre conectadas ao universo da memória e da história, com visitas mediadas e projetos de pesquisa. "É uma forma de reativar [o espaço] e assumir compromisso com os direitos humanos. Nós queremos contar a história de todas as pessoas", enfatizou.
A secretária estadual da Igualdade Racial, Zelma Madeira, acrescenta que a galeria também representa uma ação antirracista. "No sentido de ressignificar aqui como um corredor [cultural] que vai contar a história e a memória a partir da escravidão. A linguagem da escravidão ainda é viva. A gente precisa memorar, falar dessa história, para que ela não se repita. Falar de igualdade e de democracia. E não temos igualdade e democracia sem reparação e igualdade racial", discursou.
O espaço que representa o poder político do Ceará tem que ser um espaço que une o povo, não pode ser um espaço que divide. Aqui está a bandeira do País, do Ceará, e se tem uma coisa que eu acho que orgulha muito qualquer cearense, é dizermos, em qualquer canto, que esse Estado, com a coragem de negros e negras, foi o primeiro a libertar o povo negro da escravidão. Foi esse Estado o primeiro a iniciar o processo, que ainda continua, de luta pela superação da escravidão e do preconceito racial".
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Sobre a exposição
A mostra inicial reúne fotos e biografias de dez mulheres negras nascidas entre as décadas de 1960 e 1990 e tem curadoria de Ana Aline Furtado. O título, "Negro é um rio que navego em sonhos", foi inspirado em um poema de Cíntia Guedes e convida a população cearense a se sentir parte determinante da história do Ceará. A exposição conta, ainda, com obras de artistas visuais cearenses.
Escolhidas entre mais de 100 nomes, as dez mulheres retratadas na mostra incluem artistas, pesquisadoras, educadoras, artesãs e lideranças de movimentos sociais, a exemplo de Joelma Gentil, mestre em educação e fundadora do Movimento Negro Unificado do Ceará; Cristina Nascimento, educadora social e artesã; e Dediane Souza, jornalista, mestra em antropologia social, pesquisadora e ativista dos direitos humanos LGBTQIA+.
Restos mortais de Castelo Branco serão realocados
A Galeria da Liberdade integra o conjunto arquitetônico do Palácio da Abolição e funciona onde, antes, era o mausoléu do ex-presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, o primeiro mandatário do País durante a ditadura militar.
O político nasceu em Fortaleza e morreu em julho de 1967, em um acidente aéreo, quando o avião do Exército em que viajava foi atingido pela asa de um jato da Força Aérea Brasileira (FAB) que fazia um voo de instrução nas proximidades da Base Aérea da Capital.
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Com a inauguração do equipamento de cultura, os restos mortais de Castelo Branco, que estavam no mausoléu, foram retirados e devem ser realocados — contudo, não se sabe ainda onde. "O acervo de vestimentas, armas, do presidente, foi devolvido ao Exército. Toda essa documentação está com a família [dele]. [...] Os restos mortais seguem sob responsabilidade do Governo. [...] É aguardar a decisão da família sobre o destino [que terão]", explicou Luisa Cela.
Serviço
Galeria da Liberdade
Endereço: Avenida Barão de Studart, 505 - Meireles, Fortaleza
Horário: Quarta e quinta-feira, das 10h às 18h / Sexta e sábado, das 13h às 20h
Mais informações: @mis_ceara