Campanha 'Livro cearense é presente' estimula leitura e economia local
Ação nasceu na Biblioteca Pública do Ceará e pretende ser anual.
Se ainda não considerou dar livros de presente no Natal, chegou a hora. E não poderia ser mais especial para a nossa terrinha. Intitulada “Livro cearense é presente”, uma campanha busca estimular a literatura do Estado não apenas como mimo numa data comemorativa, mas como instrumento de cultura, informação, lazer e, claro, conhecimento.
A ideia é simples: presentear alguém com alguma das mais diversas obras assinadas por nossos escritores e escritoras. O único critério é que a autoria seja cearense. Assim, o campo está aberto para que romances, contos, crônicas, poesias, biografias, entre outros gêneros, possam ganhar novos olhares e fazer alguém feliz no fim de ano.
“Livros de escritores cearenses são presentes duplo”, avalia Liduína Vidal. A professora e escritora é uma das organizadoras do movimento, e diz que nossa literatura deveria estar inclusa na titulação de literatura nacional.
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“Apesar de termos escritores renomados desde sempre, como José de Alencar, Rachel de Queiroz, Jovita Feitosa, dentre outros, nossa literatura ainda caminha a passos lentos quando se fala em reconhecimento e visibilidade. Escreve-se sobre temas diversos, não deixamos a desejar com textos da ‘literatura nacional’. Por que nos faltam espaços?”
A provocação surge no mesmo contexto da perspectiva otimista de abrir caminhos e estreitar distâncias. A campanha “Livro cearense é presente” insere-se nesse contexto. Ela nasceu na Biblioteca Pública do Ceará durante o II Seminário Infâncias. Na ocasião, algumas escritoras sugeriram um movimento de valorização do livro e fomento à leitura.
O próximo passo foi se valer do período natalino – no qual o volume de bens para presentear é aquecido – para lembrar que livro é presente, ainda mais se tratando de obras dos próprios conterrâneos. Apesar da efeméride, a equipe pretende que a campanha seja anual.
Como a campanha acontece?
Liduína explica que será iniciada uma espécie de “burburinho” nas redes sociais de escritoras e escritores ressaltando que livro é presente, no melhor esquema “Dê livros de escritores cearenses”. “Essa é a primeira ação que deve começar logo”, destaca.
O segundo momento diz respeito à ocupação de locais que possam propiciar feiras literárias e, assim, chegar pessoalmente ao público. Uma terceira ação tem como propósito convidar as secretarias da Cultura, tanto estadual como municipal, a se unir aos escritores cearenses e dar apoio à campanha a partir dos equipamentos regidos por ela e as potencialidades.
“O livro traz o texto e as ilustrações do autor e ilustrador. Porém, quando o leitor o abre, inicia-se ali um diálogo entre autor e escritor, e a ‘história’ já não é mais a mesma. As impressões do leitor encontram-se com o que foi registrado nas páginas do objeto livro. A arte envolve a vida, e a cultura une-se, agigantando-as”, poetiza Liduína.
Literatura reconhecida
A força das letras cearenses ganha cada vez mais o Brasil. Prova disso é a presença de nossas escritoras e escritores em honrarias de grande envergadura, a exemplo do Prêmio Jabuti, distinção mais importante do mercado editorial brasileiro.
Neste ano, quatro conterrâneos foram finalistas na competição: Lorena Portela, com “O amor e sua fome”, na categoria Romance de Entretenimento; Nelson Cruz e Stênio Gardel, com “Bento Vento Tempo”, na categoria Ilustração; Tiago Feijó, com “Breve inventário de pequenas solidões”, na categoria Conto; e Vitor Cesar Junior, com “Bonito pra chover”, na categoria Capa do eixo Produção Editorial.
Destes, levaram a estatueta para casa Stênio Gardel e Nelson Cruz devido às ilustrações em “Bento Vento Tempo”, motivo de alegria e orgulho. “Eu disse que ele é gênio! Nelson Cruz vencedor do Jabuti 2025 pela ilustração do Bento Vento Tempo! As graúnas estão muito bem acompanhadas”, publicou Gardel nas redes sociais.
Além disso, na mais recente edição da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), o Ceará também ocupou a dianteira de lançamentos e reflexões. Ana Márcia Diógenes, Diego Gregório, Everton Rocha, Glória Diógenes, Glória Guará Tavares, Lucia Helena Sider, Marco Severo, Maurício Mendes, Monique Cordeiro, Pedro Guerra e Pedro Jucá estiveram lá.
A programação aconteceu de 30 de julho a 3 de agosto, e homenageou o poeta curitibano Paulo Leminski, famoso por obras como “Toda Poesia” e “Distraídos venceremos”.