Enredo da Grande Rio desmistifica Exu na Sapucaí; saiba quem é o orixá

A escola de samba se apresentou na madrugada de domingo (24)

Escrito por Redação ,
Comissão de frente da Grande Rio apresenta Exu, o primeiro dos orixás.
Legenda: Exu chegou ao 'topo do mundo' em alegoria da comissão de frente da Acadêmicos da Grande Rio.
Foto: Reprodução/Globo

A Acadêmicos da Grande Rio se apresentou na Marquês de Sapucaí na madrugada de domingo (24) com um samba-enredo em homenagem a Exu, o primeiro dos orixás. A escola foi, nesta terça-feira (26), escolhida a campeã do Carnaval do Rio de Janeiro.

A proposta dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora foi desmistificar a divindade presente nas religiões de matriz africana, que comumente e erroneamente é associada ao diabo no imaginário cristão. 

“Exu não é diabo”, afirmou, taxativo, o zelador espiritual Danilo de Oxóssi ao g1. “A maioria das pessoas não sabe o que realmente é o Exu, não estudou o Exu (...) É o orixá, o guardião, o primeiro que come na mesa dos orixás. O último é Oxalá, que é o rei de todos os orixás, e Exu come primeiro do que ele”, contou.

O zelador explicou que Exu é a divindade que “abre os caminhos da gente” e “traz a prosperidade, a fartura para a sua casa”. Além disso, disse que, na África, todos cultuam Exu por ser o “guardião de todos os orixás”. “Ele é o guardião da gente”, completou. 

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Combate à demonização da cultura afro

A Grande Rio tentou, com o samba-enredo, combater a demonização da cultura africana. Bora, um dos carnavalescos responsáveis, compreende Exu como “a divindade mais brincalhona, assim como o ser humano”.

Por trazer “essa mistura do que é bom e ruim, pecado e santidade, alegria e tristeza, remédio e veneno”. “Engana-se quem associa Exu a coisas pesadas, sombrias e maléficas. Ao contrário, é uma entidade complexa, cheia de variações e a mais parecida com o homem”, completa. 

Haddad também acredita que Exu seja uma divindade complexa e mais próxima da humanidade. “É energia circular e infinita, movimento, luta, insubmissão, mudança, que se transforma em incontáveis entidades e que tem muito a ver com a nossa ancestralidade. Mas que é visto com restrição por muita gente”, lamentou. 

Segundo o carnavalesco, a ideia, assim como nos anos passados, é desconstruir a visão estereotipada da cultura afro. “O racismo religioso, a intolerância e a demonização de religiões como o candomblé, a umbanda e as macumbas”, citou.

O nome do samba-enredo composto por Haddad e Bora é “Fala, Majeté! Sete chaves de Exu”, para abrir os caminhos do conhecimento sobre o orixá. 

Emerson Dalvaro, ator que fez Exu da Grande Rio, comemorou vitória da Escola

Após o anúncio da vitória da Grande Rio, o ator que interpretou Exu na avenida, Emerson Dalvaro, publicou a comemoração do título. Ele publicou Stories no Instagram com o troféu e com a família, a caminho da quadra da escola.

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