Ex-BBB João Luiz denuncia racismo após crítica a missões na África

Geógrafo questionou exposição de crianças e virou alvo de ofensas.

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Redação producaodiario@svm.com.br
João reforçou que o post não era para atacar ninguém em específico, mas acabou sendo alvo de ofensas racistas.
Legenda: João reforçou que o post não era para atacar ninguém em específico, mas acabou sendo alvo de ofensas racistas.
Foto: Reprodução/Instagram.

O ex-BBB e geógrafo João Luiz Pedrosa foi alvo de ataques racistas nas redes sociais após publicar uma reflexão sobre a forma como crianças africanas são expostas em conteúdos produzidos por influenciadores durante missões voluntárias no continente.

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Na publicação, João criticou a superexposição de crianças em situação de vulnerabilidade e defendeu abordagens mais responsáveis.

“Existem inúmeras maneiras de mostrar uma realidade sem expor o rosto das crianças.  São alternativas mais éticas que focam no contexto social, e não na midiatização do sofrimento”, escreveu.

O ex-BBB também questionou conteúdos que mostram experiências básicas sendo exploradas como entretenimento.

Para ele, “existem formas seguras de as crianças participarem dos vídeos e nenhuma delas é provando biscoito recheado e refrigerante pela primeira vez ou mostrando meninas comendo areia com sal”.

Outro ponto levantado foi o protagonismo dos influenciadores nas ações. “O [doador] se torna mais importante do que quem recebe. Essa narrativa de exposição em troca de ajuda centraliza o doador como herói. Mostre impacto sem expor indivíduos vulneráveis e sempre faça uma reflexão sobre o uso do 'eu'”, afirmou.

João Luiz também destacou a importância do conhecimento histórico antes de realizar ações humanitárias. “Se o Brasil ainda vive as mazelas herdadas do período colonial, imagine países africanos que têm independência de potências europeias recentes na linha histórica da geopolítica mundial”, disse.

Após a repercussão do post, o ex-BBB passou a receber mensagens racistas, que ele próprio tornou públicas. Entre os ataques, foi chamado de “lixo”, “macaco nojento” e “demônio”. João reforçou que sua publicação não tinha como objetivo atacar pessoas específicas.

A discussão ganhou força nos últimos dias após a influenciadora Nathalia Valente compartilhar vídeos de uma viagem voluntária a Angola, nos quais aparecem crianças em situações precárias provando alimentos pela primeira vez, participando de danças e associadas à divulgação de sua marca de biquínis.