De noites de oração a vídeos de TikTok, avó e neta compartilham 24h da rotina em meio à pandemia
No Dia dos Avós, Beatriz e Débora relatam que são “uma só” – apesar dos 55 anos que as separam
Quantos anos são suficientes para separar duas existências? Para Beatriz Duboc, 26, e Débora Zoé, 81, a resposta é simples: nenhum. Neste Dia dos Avós, celebrado em 26 de julho, as duas se orgulham ao dizerem que são, na verdade, uma só – apesar dos 55 anos que as separam.
O vínculo “divino”, como a neta define, é concreto desde que ela nasceu, e se fortaleceu ainda mais após a partida de Fabíola, mãe de Beatriz, filha de Débora.
“Deus levou a minha filha, e a Bia ficou de presente pra mim. Ela é maravilhosa, complementa a minha vida”, sorri a avó, para quem a neta é sinônimo de amor, cuidado, respeito e aprendizado.
Na pandemia, então, o apego passou a ser 24 horas, já que neta e avó cumpriram isolamento social rígido. Com passatempos que variam de rezar terços a gravar vídeos de dancinhas para as redes sociais, a rotina é construída assim, em unidade.
Veja também
“Nossa relação é maravilhosa dentro de casa. Almoçamos juntas, trocamos ideias. À noite, às vezes assistimos a um filme ou programa juntas…”, descreve Débora, imediatamente interrompida pela neta. “A vovó é rainha da Netflix, vê tudo de cima a baixo!”, e gargalham.
A cena, aliás, é comum durante toda a conversa: enquanto narra o dia a dia e a cumplicidade visível, a dupla ri de piadas internas, entrega as manias uma da outra, relembra histórias e, acima de tudo, declara amor em cada frase que pode.
É difícil explicar uma conexão tão grande, porque não é simplesmente um laço entre avó e neta, é uma amizade. A gente conversa o dia inteiro! É um gap grande entre duas gerações, mas consigo saltar para o lado dela e ela para o meu.
Os saltos são, na verdade, travessias. Enquanto a experiência de Débora é ponte para Beatriz ir aprender com os 81 anos da avó, a “modernidade” dominada pelos 26 anos da neta transporta e familiariza a mais velha com “as coisas que estão se passando hoje”.
“Minha avó é o cruzamento de muitas coisas boas, inclusive da tradição com a modernidade. Ela é uma combinação muito interessante entre força e sensibilidade, e acho que isso passa muito pra mim”, orgulha-se Beatriz.
Aos avós e netos afetados pela pandemia
A ligação entre as duas, apesar de não ser única, é rara. Débora observa que as diferenças entre as gerações dificultam algumas relações, e pede que “os netinhos tenham paciência com seus avós, que podem ser enjoados e ranzinzas, mas amam sem medidas”.
Veja também
A “vovó de todos os que têm a idade da Beatriz” lamenta, ainda, o fato de que, com a pandemia, muitos laços semelhantes ao delas foram desfeitos, com avós e netos levados sem aviso pelo coronavírus.
Veja também
Desde que começou a Covid, tem um terço que rezo para os netos e para os avós que se foram, que Deus tenha a alma deles e cuide dos netinhos que ficaram.
Enquanto a avó aconselha, a neta faz um pedido à própria geração: “que a gente não só ame, mas cuide. É um clichê essencial na pandemia. Se isolar não é fácil, mas vale a pena demais proteger quem a gente ama. O isolamento também é um ato de amor e total respeito. De devoção.”