Conheça o robô que ajuda na limpeza de galerias pluviais de Fortaleza e pode reduzir sujeira no mar

Além disso o equipamento deve monitorar a instalação de esgotos clandestinos; 40 toneladas de lixo já foram removidas

Escrito por Lucas Falconery , lucas.falconery@svm.com.br
Robô
Legenda: Robô atua no mapeamento e na análise de resíduos que prejudicam a drenagem de água da chuva
Foto: Marcos Moura/Divulgação

Um pequeno robô, de aparência similar àqueles de exploração astronômica, agora percorre as galerias pluviais de Fortaleza para evitar que resíduos causem alagamentos ou cheguem como poluição ao mar. Desde março, 40 toneladas de material foram removidas em 19 km da rede com auxílio do dispositivo.

São 150 km de canais que devem ser mapeados e limpos com auxílio do dispositivo em Fortaleza até 2025. Além de reduzir os prejuízos para a drenagem de água, a ação deve melhorar a qualidade da água do mar, que recebe os resíduos descartados nas galerias.

Mesmo pequeno, o dispositivo ainda terá a capacidade de identificar a implantação irregular de esgotos sanitários e coibir esse outro tipo de poluição. A iniciativa faz parte do programa Fortaleza Cidade Sustentável (FCS), coordenado pela Secretaria do Urbanismo e Meio Ambiente (Seuma).

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E como isso tudo deve ser feito? Desde janeiro, o robô desempenha uma função básica para o trabalho: o levantamento topográfico. Ou seja, é feita uma espécie de mapeamento das galerias pluviais, que já avaliou 95 km.

Mas o equipamento também atua, de forma mais prática, na limpeza dos canais. Para isso, as equipes partem para a inspeção das galerias - foram 27 km até o momento. O robô funciona, então, com os olhos dos agentes.

O equipamento de vídeo inspeção entra nos canais a partir de pontos de acesso nas ruas e começa a busca por objetos que possam bloquear a passagem de água. Uma câmera Super Zoom, com alcance de até 80 metros de distância, contribui para o trabalho.

As imagens são transmitidas em tempo real para as equipes atuantes nas limpezas das galerias por onde correm a água da chuva. A lavagem e a limpeza foi realizada em 19 km da rede e removeu 40 toneladas de lixo. 

“Tem situações atípicas: a gente já encontrou sofá, colchão, pedra de grande porte, brinquedos, restos de móveis. A quantidade de coisas que a gente encontra é bem surpreendente”, resume a titular da Seuma, Luciana Lobo.

Os recursos para a iniciativa são financiados pelo Banco Mundial e destinados para a área de influência da Bacia Vertente Marítima, entre os Rios Cocó e Ceará. Por isso, esse trabalho será feito em bairros que compreendam essa área.

Esgotos irregulares

O monitoramento feito por imagens deve identificar ligações clandestinas de esgoto e um trabalho conjunto entre Agência de Fiscalização de Fortaleza (Agefis) e a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece) pode coibir esse tipo de infração.

“Quando conseguimos identificar, a Agefis vai com a gente e faz a notificação. A Cagece também é notificada nesses pontos que a gente está encontrando para entrar em contato com os clientes para que façam isso corretamente”, detalha.

A reportagem solicitou dados sobre esse trabalho, mas até o momento não há balanço divulgado de quantos sistemas clandestinos foram identificados em Fortaleza com o auxílio do robô pela empresa responsável.

Análise robô
Legenda: Os agentes de limpeza usam as informações de equipamento para direcionar o trabalho de limpeza das galerias pluviais
Foto: Marcos Moura/Divulgação

De todo modo, com menos lixo e derramamento de esgotos nas galerias onde devia passar apenas água da chuva, a Seuma espera uma melhora da qualidade das águas e menos alagamentos.

“Essa balneabilidade da água é afetada pela qualidade das águas da galeria pluvial, pelo sistema de esgoto - que a gente está tratando pelo Se Liga na Rede”, acrescenta sobre outra iniciativa ligada à redução de danos ambientais.

A rede de drenagem livre tem uma capacidade muito melhor de absorção da água da chuva. Esse ano, tivemos uma quadra chuvosa completamente atípica. A rede está melhorando, mas a gente não pode prejudicar
Luciana Lobo
Secretária do Urbanismo e Meio Ambiente de Fortaleza

Ainda assim, a origem do lixo e dos esgotos clandestinos deve ser reparada por meio da educação ambiental. “Se a gente fizer toda essa limpeza e, logo na sequência, a população continuar jogando lixo nas galerias, esse serviço todo que estamos fazendo - em pouco tempo - vai estar perdido”, conclui.

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