Fortaleza não sabe há 3 meses se praias estão próprias ou não para banho; veja por que

O último boletim refere-se à semana do dia 25 de abril ao dia 1º de maio. Na época, dos 32 pontos, só 7 estavam adequados para o uso de banhistas

Escrito por Thatiany Nascimento , thatiany.nascimento@svm.com.br
balneabilidade fortaleza
Legenda: No monitoramento, a orla de Fortaleza é dividida entre três grandes áreas.
Foto: Thiago Gadelha

Quais praias de Fortaleza estão próprias para banho? A informação que, há anos, é divulgada semanalmente pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace), há três meses é desconhecida na Capital. A Semace monitora 32 trechos do mar e indica os adequados para serem usados por banhistas. Mas, devido à espera por um material reagente usado na análise, o trabalho foi paralisado. 

O último boletim refere-se à semana do dia 25 de abril ao dia 1º de maio. Conforme a Semace, o material reagente é importado e o Governo do Estado realizou uma licitação para a compra. 

Em nota, a pasta assegurou que “processo licitatório para a compra de reagentes - material de laboratório necessário para as análises de balneabilidade - teve seu pregão finalizado e o contrato com a empresa vencedora já foi assinado”. 

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No site de compras do Governo do Estado, as informações sobre a licitação indicam que a abertura das propostas ocorreu no dia 10 de maio. A aquisição do material para as análises microbiológicas custou R$ 224.456,00. E o IDEXX Brasil Laboratórios LTDA é o vencedor. 

Balneabilidade 21/03/2022 a 27/03/2022
Infogram

Há previsão de retomada do monitoramento?

O Diário do Nordeste questionou a Semace se há previsão de retorno da análise. A pasta explicou que  ainda aguarda a entrega do material licitado para retomar o processo. 
 
A pasta acrescenta que conforme a Resolução Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) 274/2000, as condições de balneabilidade são obtidas a partir da comparação de resultados de 5 semanas consecutivas. 

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Legenda: O monitoramento serve como alerta para banhistas não utilizarem águas que possam ser prejudiciais.
Foto: Kid Jr

Logo, a Semace diz que quando o material for recebido o monitoramento volta e “a partir da conclusão das 5 semanas consecutivas dessas análises, retornará a divulgar os boletins”.
 
No processo, as amostras recolhidas em cada ponto são coletadas semanalmente, às segundas-feiras, entre 8h e 16h. No monitoramento, a orla é dividida entre 3 grandes trechos: Oeste, Centro e Leste, que vão da Barra do Ceará à foz do Rio Cocó. 

Como estava a balneabilidade?

Conforme o último boletim divulgado pela Semace, na semana referente ao dia 25 de abril ao dia 1º de maio, dos 32 pontos, somente 7 estavam próprios para banho. Os trechos localizados entre a Volta da Jurema até o Poço da Draga eram próprios. 
 
Segundo a Semace, os critérios de balneabilidade utilizados são: 

  • Própria: Quando em 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em cada uma das 5 semanas anteriores, colhidas no mesmo local, houver no máximo 1.000 coliformes termotolerantes por 100 mL da amostra. 
  • Imprópria: Quando o valor obtido na última amostragem for superior a 2.500 coliformes termotolerantes por 100 mL da amostra, ou quando existirem ocorrências que possam ocasionar risco à saúde do banhista, tais como, presença de resíduos sólidos ou animais no entorno da área de banho.

Poluição e falta de análise

“O objetivo de monitorar a água da praia é impedir ou alertar o banhista de se expor a uma contaminação à substâncias e microrganismos potencialmente patogênicos”, reforça o professor e pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC), Michael Barbosa Viana. 
 
Ele ressalta que várias formas de poluição alcançam o mar e o esgoto sanitário é uma grande fonte de contribuição para tornar as praias impróprias para banho.

“Esse esgoto pode chegar de forma direta e indireta. Um exemplo clássico é que algumas casas acabam ligando a tubulação de esgoto na rede de drenagem urbana pela qual deveria passar somente água de chuva e muitas dessas galerias acabam desaguando nas praias”. 
Michael Barbosa Viana
Professor e pesquisador do Instituto de Ciências do Mar (Labomar) da UFC

 
Michael indica que outras fontes poluente como as relacionadas à piscicultura e às indústrias, mas nas grandes cidades, destaca, o problema significativo é a chegada de esgotos sanitários nos oceanos.



 
 
 
 
 

 

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