Ceará teve 12 picos e 2 ondas de calor no mês de novembro; saiba as cidades mais afetadas
As temperaturas máximas estão mais altas devido a fenômenos como o El Niño que deve prejudicar chuvas de 2024
Motivo antigo de queixa do cearense, a quentura em novembro de 2023 foi superior à média com o registro de 12 picos de temperatura e 2 ondas de calor, conforme o monitoramento da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme). O fenômeno El Niño, que explica a situação, também deve prejudicar a pré-estação chuvosa que inicia em dezembro no Estado.
As informações foram repassadas pelo físico e doutor em meteorologia Francisco Vasconcelos Junior, pesquisador na Funceme, em entrevista ao Diário do Nordeste e à Rádio Verdinha. A Fundação, inclusive, já concluiu que o próximo ano deve ser de seca no Ceará.
Os picos de calor acontecem em dias que a temperatura é superior à média histórica e afetam algumas cidades no Estado (confira no fim desta reportagem a lista completa dos picos e as cidades com temperaturas mais altas).
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"O pico é quando há valores estáveis e observamos a temperatura aumentar de uma forma específica, então conseguimos ver esses picos na série do mês. Esse ano foi tão diferente, porque novembro foi quente quase o mês todo", detalha o pesquisador.
Já as ondas de calor se instalam, geralmente, entre 3 e 5 dias. Em novembro, isso aconteceu, iniciando no dia 8 e depois no dia 23. No mês, as temperaturas mais altas foram notadas em Jaguaribe, Barro e Crateús.
"A onda de calor se concentrou de 8 a 18 e a outra em torno do dia 23 e 24 – são vários dias acima de determinado limiar. Isso é variável, porque o indicador para a região costeira é diferente para lugares em cima da serra. Então, a gente faz essa relatividade", acrescenta Francisco Junior.
Outubro foi o 3º maior (em relação aos focos de calor) e novembro a gente vai avaliar os dados consolidados, mas já sabemos que teve 12 picos. As regiões Jaguaribana e Sertão Central são as regiões que tiveram esses extremos de temperatura
Confira os 12 picos de calor em novembro
8 de novembro
- Jaguaribe: 40,6°C (15h)
- Barro: 39,8°C (15h)
- Crateús: 39,8°C (15h)
- Alto Santo - Castanhão: 39,5°C (16h)
- Viçosa do Ceará: 39,3°C (14h)
- Jaguaribe - Brum: 39,1°C (16h)
- Amontada: 39°C (14h)
- Tejuçuoca: 39°C (15h)
- Varjota: 38,9°C (16h)
- Baturité - Apa: 38,8°C (15h)
- Russas: 38,7°C (15h)
- Ibaretama: 38,7°C (15h)
9 de novembro
- Jaguaribe: 39,7°C (14h)
- Barro: 39,5°C (14h)
- Jaguaribe - Brum: 39,4°C (15h)
- Russas: 38,4°C (15h)
- Piquet Carneiro - Barra do Serrote: 38,2°C (15h)
- Morada Nova: 38,2°C (15h)
- Alto Santo - Castanhão: 38,1°C (16h)
- Crateús: 38,1°C (14h)
- Quixeré: 38,1°C (14h)
- Aiuaba: 38°C (14h)
- Varjota: 38°C (16h)
- Santa Quitéria: 37,9°C (16h)
10 de novembro
- Barro: 39,2°C (15h)
- Jaguaribe - Brum: 39,2°C (14h)
- Jaguaribe: 38,8°C (14h)
- Morada Nova: 38,1°C (15h)
- Santa Quitéria: 38,1°C (15h)
- Piquet Carneiro - Barra do Serrote: 38°C (15h)
- Alto Santo - Castanhão: 37,8°C (14h)
- Russas: 37,8°C (15h)
- Crateús: 37,7°C (15h)
- Varjota: 37,6°C (15h)
- Viçosa do Ceará: 37,5°C (15h)
- Amontada: 37,4°C (13h)
12 de novembro
- Jaguaribe: 40,2°C (14h)
- Barro: 39,7°C (16h)
- Jaguaribe - Brum: 39,5°C (14h)
- Crateús: 38,8°C (15h)
- Viçosa do Ceará: 38,5°C (14h)
- Tejuçuoca: 38,2°C (15h)
- Piquet Carneiro - Barra do Serrote: 38,2°C (16h)
- Varjota: 38,2°C (16h)
- Morada Nova - Fazenda Itaueira: 38,2°C (15h)
- Alto Santo - Castanhão: 38°C (16h)
- Amontada: 38°C (14h)
- Baturité - Apa: 38°C (15h)
13 de novembro
- Jaguaribe - Brum: 40,5°C (14h)
- Barro: 40,4°C (15h)
- Crateús: 40°C (15h)
- Jaguaribe: 39,7°C (15h)
- Amontada: 39,2°C (13h)
- Viçosa do Ceará: 39,1°C (16h)
- Tejuçuoca: 38,8°C (15h)
- Alto Santo - Castanhão: 38,7°C (16h)
- Varjota: 38,5°C (16h)
- Iguatu: 38,4°C (16h)
- Aiuaba: 38,4°C (15h)
- Piquet Carneiro - Barra do Serrote: 38,2°C (14h)
14 de novembro
- Jaguaribe - Brum: 40,9°C (15h)
- Barro: 40,1°C (16h)
- Jaguaribe: 39,9°C (15h)
- Alto Santo - Castanhão: 39,1°C (16h)
- Crateús: 39°C (15h)
- Piquet Carneiro - Barra do Serrote: 38,6°C (15h)
- Iguatu: 38,4°C (16h)
- Varjota: 38,4°C (16h)
- Aiuaba: 38,4°C (16h)
- Viçosa do Ceará: 38,2°C (14h)
- Morada Nova: 38°C (15h)
- Quixeramobim: 37,8°C (15h)
16 de Novembro
- Jaguaribe - Brum: 39,7°C (16h)
- Jaguaribe: 39,4°C (13h)
- Barro: 39,2°C (16h)
- Varjota: 38,5°C (16h)
- Alto Santo - Castanhão: 38,4°C (16h)
- Morada Nova: 38,3°C (15h)
- Santa Quitéria: 38,2°C (14h)
- Viçosa do Ceará: 38,1°C (15h)
- Crateús: 38°C (15h)
- Ibaretama: 37,7°C (14h)
- Russas: 37,7°C (14h)
- Amontada: 37,5°C (14h)
17 de novembro
- Jaguaribe - Brum: 40,2°C (14h)
- Jaguaribe: 40,2°C (14h)
- Barro: 38,9°C (15h)
- Alto Santo - Castanhão: 38,3°C (15h)
- Iguatu: 38,2°C (15h)
- Piquet Carneiro - Barra do Serrote: 38,1°C (15h)
- Crateús: 38,1°C (14h)
- Morada Nova: 38°C (14h)
- Varjota: 37,9°C (15h)
- Aiuaba: 37,8°C (15h)
- Russas: 37,7°C (13h)
- Campos Sales: 37,5°C (16h)
18 de novembro
- Barro: 39,5°C (16h)
- Jaguaribe - Brum: 39,4°C (15h)
- Jaguaribe: 38,9°C (14h)
- Quixadá: 37,7°C (15h)
- Crateús: 37,7°C (14h)
- Piquet Carneiro - Barra do Serrote: 37,5°C (15h)
- Morada Nova: 37,3°C (13h)
- Alto Santo - Castanhão: 37,2°C (16h)
- Iguatu: 37°C (15h)
- Russas: 36,9°C (14h)
- Varjota: 36,8°C (14h)
- Quixeramobim: 36,8°C (16h)
23 de novembro
- Jaguaribe: 39,5°C (15h)
- Jaguaribe - Brum: 39,4°C (16h)
- Barro: 39,2°C (15h)
- Piquet Carneiro - Barra do Serrote: 38°C (16h)
- Iguatu: 37,8°C (16h)
- Crateús: 37,8°C (15h)
- Santa Quitéria: 37,7°C (15h)
- Campos Sales: 37,6°C (14h)
- Alto Santo - Castanhão: 37,6° (16h)
- Sobral: 37,5°C (15h)
- Morada Nova: 37,4°C (15h)
- Tejuçuoca: 37,4°C (14h)
24 de novembro
- Jaguaribe - Brum: 40,6°C (16h)
- Jaguaribe: 40,3°C (14h)
- Barro: 40°C (15h)
- Sobral: 39,7°C (15h)
- Crateús: 39,4°C (15h)
- Varjota: 39,4°C (16h)
- Tejuçuoca: 39,2°C (15h)
- Amontada: 39°C (13h)
- Iguatu: 39°C (16h)
- Piquet Carneiro - Barra do Serrote: 38,8°C (15h)
- Alto Santo - Castanhão: 38,8°C (15h)
- Viçosa do Ceará: 38,6°C (14h)
25 de novembro
- Barro: 41,7°C (16h)
- Jaguaribe - Brum: 41°C (15h)
- Jaguaribe: 40,7°C (14h)
- Crateús: 40,1°C (16h)
- Piquet Carneiro - Barra do Serrote: 39°C (16h)
- Sobral: 38,9°C (16h)
- Campos Sales: 38,9°C (15h)
- Alto Santo - Castanhão: 38,9°C (15h)
- Aiuaba: 38,9°C (16h)
- Missão Velha - Sitio Barreiras: 38,8°C (15h)
- Morada Nova: 38,8°C (16h)
- Iguatu: 38,8°C (15h)
O que explica o calor?
O segundo semestre do ano no Ceará costuma ser mais quente pela ausência de chuvas e a maior incidência solar. Outubro, inclusive, é o mês com maior incidência da radiação solar. Mas neste ano, a formação do El Niño eleva o calor.
"Temos uma baixa nebulosidade, o ar descendo impossibilitando a formação de nuvens e um vento mais fraco -- não temos o transporte de umidade que esfria o ambiente. Ficamos como numa chaleira mesmo", exemplifica o especialista.
Além dessas condições de grande escala, que afetam muitas regiões do mundo, também há um cenário regional.
"Estamos com o Oceano muito mais quente no Hemisfério Norte e os ventos alísios não entram no nosso continente e essa característica se traduz em maiores temperaturas e menores umidades”, acrescenta sobre a situação.
Situação de seca
O Ceará voltou a ter 100% das regiões com áreas de seca relativa após 27 meses, segundo o Monitor de Secas de outubro, elaborado no último dia 20 de novembro. A situação não era vista desde julho de 2021, conforme o levantamento.
O Monitor das Secas é um acompanhamento regular e periódico do cenário de seca, da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA), com a contribuição de outras instituições governamentais, estando disponível para acesso em locais como o site da Funceme.
Em 2021, o Estado vivenciou um baixo regime de chuvas que comprometeu o abastecimento dos açudes. O cenário só veio a melhorar com a pré-estação chuvosa de 2022. Em julho do ano seguinte, a seca atingia 16% do território.
Já em 2023, com uma boa quadra chuvosa alavancada pelo melhor mês de março em 15 anos, o Estado chegou a passar quatro meses sem seca relativa, entre março e junho.
Porém, em julho, a situação se alterou mais uma vez e a seca retornou a 33,7% das áreas. Com o decorrer dos meses, houve piora. Em setembro, apenas 18% do território estava livre do fenômeno, correspondendo a áreas do litoral.