Mel Lisboa volta a Fortaleza no papel de Rita Lee em novo musical: 'A peça é um fenômeno'

Espetáculo “Rita Lee, uma autobiografia musical” terá cinco sessões com ingressos já esgotados na capital cearense

Escrito por
João Gabriel Tréz joao.gabriel@svm.com.br
(Atualizado às 09:20)
Espetáculo 'Rita Lee uma autobiografia musical', com Mel Lisboa, terá cinco sessões em Fortaleza
Legenda: Espetáculo 'Rita Lee uma autobiografia musical', com Mel Lisboa, terá cinco sessões em Fortaleza
Foto: João Caldas / Divulgação

Foi em 2014 que a atriz Mel Lisboa primeiro interpretou a cantora Rita Lee (1947-2023) em um musical. Agora, ela volta a interpretar o ícone da música brasileira em outro espetáculo do gênero: “Rita Lee, uma Autobiografia Musical”, que chega a Fortaleza nesta semana em cinco sessões já esgotadas.

A estreia de Mel como Rita se deu no espetáculo “Rita Lee Mora Ao Lado” (2014), a partir do qual uma aproximação singular entre as duas se estabeleceu. “Embora tenha essa ideia de que a gente tinha muito contato, a Rita era bem reclusa, gostava de ficar lá no cantinho dela, mas a gente foi desenvolvendo uma relação de confiança”, define a atriz em entrevista por telefone ao Verso.

Fã que era, Mel seguiu “consumindo e admirando muito tudo que ela produzia”, além de ter interpretado novamente a cantora numa participação pontual na minissérie “Elis”, exibida em 2016 na TV Globo. 

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"A Rita quer, a gente volta"

Em meio à pandemia, a atriz recupera, recebeu um contato da empresária da cantora com um pedido: que o espetáculo voltasse. “Estava tudo fechado, não sabia como é que ia ser, mas falei: ‘Bom, vou falar com todo mundo, vamos nos mobilizar e a gente vai fazer tudo para voltar. A Rita quer, a gente volta’”, lembra.

Quando as atividades culturais e os encontros presenciais foram liberados, já em 2022, Mel se envolveu com outro projeto: a narração da primeira autobiografia dela para o formato de audiolivro, feita em parceria com Guilherme Samora, jornalista, amigo e editor de Rita Lee.

“A gente se dá conta de que não faria mais sentido fazer a peça antiga, uma vez que havia a autobiografia. Aí ele foi falar para ela e ela fala: ‘Ué, mas não era isso?’”, diverte-se a atriz. 

Espetáculo 'Rita Lee Mora ao Lado' marcou a 'estreia' de Mel Lisboa interpretando a cantora
Legenda: Espetáculo "Rita Lee Mora ao Lado" marcou a "estreia" de Mel Lisboa interpretando a cantora
Foto: Manuela Scarpa / Divulgação

O novo espetáculo, que estreou em São Paulo em 2024, reuniu os responsáveis pela criação de “Rita Lee Mora Ao Lado” (2014), Márcio Macena e Débora Dubois, com Guilherme Samora. Já a direção musical ficou a cargo de Marco França e Marcio Guimarães.

Pelo trabalho, Mel recebeu o Prêmio Shell de Melhor Atriz no ano passado. O retorno ao papel após o falecimento da cantora — que morreu em 8 de maio de 2023 por conta de câncer de pulmão — foi marcado por alguns desafios.

No espetáculo recente, Mel Lisboa interpreta Rita Lee da juventude à velhice
Legenda: No espetáculo recente, Mel Lisboa interpreta Rita Lee da juventude à velhice
Foto: João Caldas / Divulgação

“De construção de personagem, tem os anos em que ela está mais velha, em que ela já está grisalha. Esse foi um estudo novo que eu fiz”, partilha a atriz. Além disso, a paisagem emocional em relação à Rita também mudou. 

“É outro contexto, outro momento, e eu busquei também me aproximar dela de formas não tão pragmáticas, não tão materiais, para poder estar mais próxima dela de outra forma, porque ela já não estava mais aqui”
Mel Lisboa
atriz

Espetáculo é "fenômeno": mais de 100 mil espectadores

Outro ponto destacado por Mel são as diversas formas que o espetáculo tem atingido o público. Depois da estreia na capital paulista, “Rita Lee, uma Autobiografia Musical” passou pelo Rio de Janeiro e por Manaus, somando público de mais de 100 mil pessoas.

“A peça é um fenômeno”, resume. “O público mais velho se emociona porque vê a própria vida representada no palco, com as músicas que foram trilha. Um público mais jovem, que conheceu a Rita quando ela já estava aposentada, também fica emocionado porque sente como se estivesse num show dela”, exemplifica.

Diversas fases da carreira de Rita Lee, d'Os Mutantes à carreira solo, são abordadas no musical
Legenda: Diversas fases da carreira de Rita Lee, d'Os Mutantes à carreira solo, são abordadas no musical
Foto: João Caldas / Divulgação

No repertório, grandes sucessos se mesclam com algumas canções “lado B” da discografia de Rita. Diversas fases, d'Os Mutantes à carreira solo, são abordadas no musical.

Mel explica que a obra “não se apega à cronologia”. “Eles (diretores musicais) foram escolhendo de acordo com o que seria bom como narrativa. A gente muitas vezes desloca a música no tempo para poder usar como uma forma de dramaturgia”, aponta.

O espetáculo se soma a um renovado interesse não somente no teatro musical, mas em projetos do gênero que se debruçam na música popular brasileira. Artistas como Djavan e Clara Nunes também ganharam obras recentemente, e Gal Costa deve ser homenageada com uma em 2026.

Para Mel, o momento é fruto de um entendimento das demandas do público e do crescimento do próprio gênero no País. 

“Musical é um gênero que cresceu muito na última década no Brasil. Antes não tinha tanto, de repente passa a ter. Aí, passa a ter a necessidade de ter musical brasileiro, e nós temos grandessíssimos artistas”, avalia.

Agenda cheia com Rita Lee

O projeto de “Rita Lee, uma Autobiografia Musical”, porém, não é o único no qual a atriz explora a obra da cantora. Com o tributo "Mel Lisboa Canta Rita Lee", que iniciou antes mesmo do espetáculo, a artista já circulou por dezenas de cidades brasileiras.

“Eu, por mim mesma, nunca teria feito um show, não, sabe, porque eu não teria essa cara de pau”, brinca, “mas foi uma demanda”. “Por conta da partida da Rita, as pessoas começaram a querer fazer homenagens e a me chamar nesse lugar não da cantora, mas da atriz que interpreta a Rita”, avança.

“Hoje é uma loucura, estou fazendo um monte de show e tem sido legal, também, porque tem me dado bastante experiência”, celebra. Para 2025, inclusive, a agenda da artista já está tomada pelos dois projetos dedicados à vida e obra de Rita Lee, além da circulação com o monólogo “Madame Blavatsky - Amores Ocultos”.

“Por enquanto é muito difícil conciliar (com outros projetos), porque eu estou com uma agenda muito, muito apertada este ano, mas um filme que eu protagonizei, ‘A Conspiração Condor’, pode ser que estreie nesse ano ainda”, adianta.

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